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Enquanto espalhava a argila no rosto dele, pude sentir sua expressão de quem estava estranhando a textura fria e pegajosa.

— Isso parece lama. — ele disse, e sua voz carregava uma mistura de surpresa.

— É assim mesmo, Sherek. — expliquei, tentando manter uma expressão séria, mas não pude conter um sorriso enquanto via sua reação. Ele resmungou, mas seu tom de voz era acompanhado por um leve riso, indicando que ele também estava se divertindo com a situação.

— Estou me sentindo em um spa. — comentou de forma irônica, e seus olhos brilharam com diversão. Seus lábios não formaram um sorriso por causa do aviso de não mexer o rosto, mas seus olhos sorriram para mim, e aquilo foi simplesmente perfeito.

— Pronto. — declarei após finalizar a aplicação da argila, apontando para o espelho. Ele se olhou e conteve o riso ao ver sua aparência.

— Estou realmente parecendo o Sherek. — ele comentou, segurando a vontade de rir.

— E eu a Fiona. — brinquei, olhando minha própria imagem no espelho. Peguei meu celular e tirei uma foto nossa em frente ao espelho, os dois fazendo biquinho por não podermos sorrir devido à máscara de argila.

Depois de guardar a foto como lembrança em minha galeria de celular, voltei a me sentar na cama, aguardando pacientemente que a argila secasse completamente em nosso rosto.

— Me fala três coisas que você gosta de fazer. — pedi, olhando para ele, que pensou por alguns segundos antes de responder.

— Ficar com minha família, ouvir música e estar com o pessoal do Palmeiras. — sua resposta foi sincera, e pude notar a importância que ele atribuía aos momentos com a família e colegas de time.

— E o Berlin? — perguntei, curiosa sobre seu animal de estimação.

— Ficar com minha família. — ele enfatizou, destacando a conexão especial que tinha com seu animal de estimação.

— E você? — ele questionou, sua curiosidade evidente.

— Ficar no meu quarto, ouvir música também e ir para a praia. — respondi, pensando nas atividades que mais me traziam conforto e felicidade. — E de comer?

— Gosto de tomar chimarrão. — seu sorriso revelou um lado mais descontraído, mas logo ele lembrou da argila em seu rosto e sua expressão se tornou mais contida.

— E você? — indagou, interessado em minha resposta.

— Mousse de maracujá trufado. — mencionei, percebendo sua confusão. — O que foi? Você nunca comeu?

— Mousse de maracujá sim, trufado não. — ele explicou.

— É praticamente a mesma coisa, só que com chocolate. — expliquei, tentando esclarecer sua dúvida. — Qualquer dia tento fazer para você, apesar de não ser muito boa na cozinha.

— Sério?— ele segurou o sorriso.— A minha irmã também não é muito boa.

— Você tem irmã? — perguntei, curiosa para saber mais sobre sua família.

— Sim, a Camila. Você não tem irmãos, né? — ele indagou.

— Não. Sou filha única dos meus pais. — suspirei, refletindo sobre as vantagens e desvantagens dessa condição. — Às vezes, sinto uma solidão, mas também vejo o lado bom.

— Eu não sei o que seria de mim sem a minha irmã. — ele revelou, exibindo orgulho em sua voz. — E nem a minha mãe, obviamente.

Agora, compreendia melhor a origem de suas qualidades gentis e amáveis; ele foi criado e influenciado por mulheres que provavelmente o tratavam da forma mais amável possível.

Amor em Jogo - PiquerezOnde histórias criam vida. Descubra agora