Amor em Jogo - Piquerez

35

— Em cima da hora hein, Clara Maria. — minha mãe me avisou assim que pus os pés naquela grama verdinha.

Seus olhos percorreram minha roupa, e ela deu um sorrisinho ao ver minha camisa do Justin Bieber.

— O trânsito. Foi mal, pelo menos cheguei. — avisei, me aproximando dela. — E como está tudo por aqui? Bem?

— Está tudo bem. — ela respondeu com um sorriso, observando os garotos animados durante o treino. — Os meninos estão sempre empolgados com os treinos. — apontou na direção do campo. — Você tem essa camisa dele desde 2017?

— Sim. Comprei para ir ao show, lembra? — falei, e ela concordou com a cabeça enquanto bebia água. — Ainda serve e está bonita, não vou deixá-la guardada no armário.

Meus olhos vasculharam o campo com ansiedade, buscando por ele em meio aos outros. Cada canto era explorado, cada rosto examinado, até que finalmente o encontrei.

Uma pontada de alegria misturada com apreensão tomou conta de mim. Meu coração batia descompassado enquanto eu o observava de longe.

A luz do sol banhava o campo, realçando o sorriso contagiante de Piquerez e a postura descontraída de Richard. Endrick, por sua vez, gesticulava animadamente, contando piadas que faziam os outros dois rirem.

O trio se destacava no canto do campo, como se estivessem em um mundo só deles. Piquerez, com seus cabelos despenteados e olhos castanhos que brilhavam com humor, era o centro das atenções.

Richard lançava olhares cúmplices para Piquerez enquanto batia nas costas de Endrick.

As risadas ecoavam pelo campo enquanto eles conversavam. Endrick contava uma história engraçada sobre o jogo recente, gesticulando com os braços e imitando os jogadores. Richard ria alto, interrompendo com comentários que pareciam ser sarcásticos. Piquerez escutava com atenção, soltando gargalhadas de vez em quando e fazendo piadas sobre as histórias de Endrick.

O murmúrio animado da conversa se misturava com o som da bola batendo no gramado e os gritos dos outros jogadores. O riso contagiante deles se destacava no meio de tudo, alegrando o ambiente.

Por um momento eu parei pra pensar: será que se Richard soubesse do meu envolvimento com Piquerez, eles ainda se comportariam daquele jeito? A amizade se manteria?

O Centro de Treinamento era um lugar barulhento e movimentado. Jogadores corriam de um lado para o outro, treinadores gritavam instruções, e a bola batia no gramado sem parar.

No entanto, no meu canto favorito do banco de reservas, tudo era diferente. Era um lugar tranquilo e silencioso, onde eu podia me concentrar nos meus estudos e organizar meus pensamentos. A vista do campo era inspiradora, e o cheiro da grama fresca me acalmava.

Eu tentava me concentrar nos tópicos que deveria ter estudado antes, mas meus pensamentos sobre Piquerez e Richard insistiam em voltar.

Haviam alguns módulos, os quais seriam tema da prova do final do mês. Terminei de montar o meu mapa mental de cada tópico, colorindo cada ramificação com destaque para as informações mais importantes, e então me dirigi à parte dos módulos. Era a parte mais chata do estudo, com páginas e mais páginas de texto, seguidas por algumas avaliações básicas.

Os textos eram densos, repletos de termos técnicos e teorias complexas que exigiam total atenção para serem compreendidos. E as avaliações não eram nada fáceis. Eles as colocavam ali não apenas para testar o conhecimento adquirido, mas também para garantir que estávamos realmente lendo cada parágrafo com atenção. Era um desafio constante manter o foco e a disciplina diante daquela montanha de informações.