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São Paulo | Brasil
30 de Maio.

O dia 30 de Maio não foi um dos melhores. Logo pela manhã, o clima era bem pesado. Minha mãe estava um pouco cabisbaixa, por mais que quisesse esconder isso de todos. O café da manhã foi silencioso, com olhares furtivos e poucos sorrisos. A tristeza pairava no ar como uma nuvem cinzenta.

Segundo relatos de minha mãe e Joaquín, o clima no CT durante a semana era meio triste e alegre ao mesmo tempo. Ele disse que Endrick não queria ninguém triste, tentando sempre animar a equipe com seu entusiasmo e otimismo inabalável. Mas era quase inevitável sentir o peso da situação. Até eu, que não tinha tanto contato quanto eles, estava bem triste.

No campo, a energia era diferente. Os treinos eram intensos, mas havia uma certa falta de brilho nos olhos de muitos jogadores. Todos se esforçavam para manter a rotina e a disciplina, mas a sombra da tristeza estava sempre presente. Nos intervalos, viam-se abraços mais longos, tapinhas nas costas mais demorados.

Chegando no Allianz Parque, falei com quase todo mundo que eu vi, minha mãe também. Lá, ela parecia estar mais alegre; era como se aquele lugar, aquele estádio, desse vida para ela. Sua postura mudou, e um brilho voltou aos seus olhos. Ela disse que os ingressos daquele dia venderam igual água e isso era bom para o time. Eu dei risada, mesmo quando estava triste, ela não deixava de pensar em qualquer coisa além dos benefícios para o Palmeiras.

O estádio estava lotado, e a energia da torcida era contagiante. Parecia que todos ali estavam unidos por um sentimento maior, algo que transcendia o jogo em si. Minha mãe encontrou conhecidos e amigos, e o sorriso voltou ao seu rosto, mais genuíno do que em qualquer outro momento do dia. Ela conversava animadamente, compartilhando histórias e risadas, como se estivesse recarregando as energias naquele ambiente.

— Vou ver os meninos no vestiário.— minha mãe disse antes de me deixar no camarote. — Preciso ver como tá o ambiente.

— Tudo bem.— concordei.

Enquanto eu encarava a dimensão daquele estádio, fiquei pensando em como todos estavam se sentindo com a saída de Endrick. O estádio lotado, com sua energia vibrante, contrastava com o turbilhão de emoções que se passava dentro de mim. Fui até o espelho e fiquei olhando para a roupa que eu havia escolhido usar: a clássica camisa do Palmeiras, com o número de Joaquín, uma calça de alfaiataria branca para contrastar com o verde da camisa. Meu cabelo estava solto, caindo pelos meus ombros, e nos pés eu calçava um tênis branco da Puma.

Enquanto eu me encarava no espelho, tentando encontrar algum traço de calma em meio à confusão de sentimentos, ouvi a porta abrindo. Rapidamente fui olhar quem era, e minha mente só pensou em uma pessoa: Bruna. Eu estava pronta para expulsá-la, mas, para minha surpresa, vi meu pai entrando com uma expressão curiosa enquanto observava tudo ao redor.

— Tudo tem que ser tão verde? — ele disse, e eu ri.

— Minha mãe sabe que você tá aqui? — falei com um sorriso enquanto cruzava os braços. — Você é rival, papi.

— Eu vim porque ela pediu. — ele disse com um tom suave enquanto encarava as comidinhas que tinham ali. — Que foi? — me olhou ao perceber que eu o encarava.

— Você gosta da minha mãe. — apontei. — Mas ela com o jeitinho dela te assusta. — falei me aproximando dele. — Vocês deveriam conversar.

Amor em Jogo - PiquerezOnde histórias criam vida. Descubra agora