Meu coração, antes leve e cheio de esperança, agora se sentia como um quebra-cabeça com peças faltando. Nunca imaginei que um dia precisaria tomar essa decisão, mas a dor do incômodo que sentíamos era insuportável. A ideia de perdê-la me dilacerava por dentro, mas a ausência de reciprocidade e a crescente distância entre nós me fizeram entender que era hora de seguirmos caminhos diferentes.
Para preservar as nossas lembranças, optei por um fim mais tranquilo. Pedi um tempo, sabendo que poderia ser o fim, mas a esperança de que um dia pudéssemos nos reencontrar me mantinha vivo. Naquele momento, a dor da separação se misturava com o arrependimento por não termos conseguido construir um futuro juntos.
Em noites solitárias, deitado no sofá, meus pensamentos vagavam por aqueles primeiros momentos. A imagem dela, naquele dia, naquele lugar, com aquele sorriso que me fez perder o fôlego, ainda era vívida em minha mente. Parecia que o tempo havia parado e que o mundo se resumisse a ela.
A intensidade do meu amor por ela é algo que jamais poderei explicar. Um sentimento tão profundo e verdadeiro que transcende qualquer explicação. Mesmo diante de toda a dor e sofrimento, o amor que sinto por ela permanece intacto. Nunca imaginei que fosse possível amar alguém tanto quanto minha própria família.
Por alguns instantes do meu dia, eu ainda olhava para a aliança na minha mão, não conseguia me desfazer dela, era um lembrete constante de tudo o que fomos e o que poderíamos ter sido. Então eu ainda a carregava comigo, como se ainda significasse algum vínculo de relacionamento.
Naquela manhã, eu sabia que tinha treino. Mesmo que minha mente estivesse distante, perdida em um turbilhão de sentimentos, a obrigação me chamava. Então, arrastei meu corpo até o campo, mas minha alma parecia ter ficado em casa, mergulhada na confusão e na tristeza. Cada passo que dava era um esforço monumental; sentia como se estivesse carregando um peso invisível que me esgotava. Acordei sem memória do que tinha comido; talvez um lanche apressado no dia anterior, antes de ir até o apartamento dela, onde as risadas e os sonhos ainda ecoavam na minha mente, mas agora pareciam tão distantes. Meu estômago roncava, mas a falta de apetite era apenas mais um reflexo do vazio que me consumia.
Ao entrar no centro de treinamento, a algazarrada dos meninos me atingiu como um soco no estômago. Forcei um sorriso e cumprimentei eles, mas a minha voz saiu mais fraca do que o habitual. Rapha, me olhou com preocupação.
— Tá tudo bem, cara? Você tá meio apagado hoje. — balancei a cabeça negativamente, mas antes que ele pudesse perguntar algo, mudei de assunto.
— E aí, como foi o treino ontem? — a pergunta saiu mais como um pedido desesperado por um assunto qualquer que não fosse a minha vida.
Troquei de roupa, vestindo o uniforme de treino, e fui para o campo. O sol parecia ter se escondido, e o dia estava envolto em nuvens pesadas, uma manta cinza que refletia o estado tumultuado da minha mente. Cada pensamento que passava pela minha cabeça era como uma sombra, obscurecendo tudo ao meu redor.
— Piquerez, aquecimento junto com o Ríos — disse Abel, sua voz firme quebrando um pouco o silêncio que me envolvia. Apenas concordei com um aceno, movendo-me lentamente em direção à outra parte do campo, como se estivesse atravessando um mar de incertezas e desânimo.
Começamos a aquecer, correndo em volta do campo, o ritmo automático de sempre, mas hoje cada passo parecia um esforço monumental. O cheiro da grama molhada e do chão recém-cortado me trazia uma leve nostalgia, mas não conseguia me concentrar. Após algumas voltas, paramos para pegar água, o eco de nossas respirações pesadas preenchendo o ar.
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Amor em Jogo - Piquerez
FanfictionO que fazer quando o seu coração entra em uma partida sem avisar? Clara sempre preferiu viver longe dos holofotes que envolvem a fama de sua mãe, Leila Pereira, presidente do Palmeiras. Enquanto se dedica aos estudos de publicidade e tenta encontra...