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— Você não vai fazer isso. — avisei, meu tom de voz firme e carregado de determinação.

— Eu falei que não aceitava "não" como resposta. — ele rebateu, sua voz tensa e cortante. — Eu tô falando sério, Clara.

Revirei os olhos, um gesto de desdém e frustração. Aquela situação era ridícula, um impasse infantil que me tirava do sério. Mas eu sabia que ele não desistiria facilmente. Ele seria teimoso, persistente, e não se contentaria com um simples "não".

Peguei meu celular, meus dedos deslizando pela tela com movimentos rápidos e precisos. Abri o aplicativo do banco, acessando minha conta corrente. Localizei a fatura em questão, a conta que ele tanto insistia em pagar. O valor não era alto, nada exorbitante, mas ainda assim eu não queria ceder.

Com um suspiro profundo, mostrei a tela do celular para ele. Ele a observou por alguns segundos, seus olhos fixos nos números e letras minúsculas.

— Qual é a sua chave Pix? — ele perguntou, sua voz agora mais calma, quase suplicante.

Hesitei por um instante, debatendo internamente se deveria ceder ou continuar a resistir. A vontade de mandar ele ir pra merda fervilhava dentro de mim mesmo fundo, eu sabia que ele só queria me "ajudar", mesmo que da maneira errada.

Com um aperto no coração, digitei minha chave Pix na tela do celular. Ele pegou rapidamente e, em seguida, iniciou a transferência. Os números piscaram na tela enquanto o dinheiro era transferido da conta dele para a minha.

— Você deveria saber que isso não era necessário, e eu não gostei. — avisei, deixando o celular de lado com um gesto brusco.

— Se você devolver o dinheiro, eu vou embora. — ele disse com a voz firme, seus olhos me encarando com uma intensidade que me deixava desconfortável.

— Ah, e eu quero que você pague a droga do meu cartão de crédito, né? — revirei os olhos, me afastando dele como se estivesse queimada.

— Assim você aprende. — ele apontou para mim com um dedo, como se estivesse me dando uma lição.

— Para de falar comigo como se eu fosse uma criança! — falei, cruzando os braços com força.

Ele sorriu, imitando meu gesto com um ar arrogante. Seus olhos brilhavam com uma mistura de carinho e divertimento, como se estivesse achando graça da minha situação.

— Vai pra merda, Joaquín! — eu mal conseguia continuar séria vendo aquela cena dele.

— Boca suja. — ele retrucou.

Ergui meu dedo médio também, em um ato de rebeldia e frustração.

— Falou o cara que chamou o outro de "filho do caralho", né? — provoquei, lançando um olhar divertido para ele.

Ele ergueu as sobrancelhas, fingindo surpresa.

— Sim. Porque eu nunca chamaria ninguém de "filho da puta", tá de brincadeira? Tenho muito respeito pelas mães, inclusive a minha. — disse, enquanto pegava a taça e a preenchia com vinho.

Observei ele com aquele moletom preto fofo com estampa de ursinho. Nos pés, um par de Air Jordans que me pareceu ser novo. Ele realmente conseguia se vestir bem sem dificuldade nenhuma ou aquilo só ficou bom porque estava nele?

— Tá com calor, né? — perguntei, arqueando uma sobrancelha e virando o resto do vinho na minha taça.

Ele se virou, me encarando com um sorriso inocente.

— Não, lá fora tava frio. — disse, tomando um gole do vinho e encolhendo os ombros.

Revirei os olhos, incrédula.

Amor em Jogo - PiquerezOnde histórias criam vida. Descubra agora