96

1.3K 163 65
                                    

Durante o passeio de barco, mergulhamos nas águas cristalinas, e a sensação de estar ali era uma mistura de liberdade e paz que parecia impossível de descrever. A água era incrivelmente azul, quase translúcida, e ao mergulhar, senti o frescor envolvendo meu corpo como um abraço da própria natureza. Lucas, sempre atento, aproveitou para tirar algumas fotos espontâneas minhas, capturando minha felicidade em cada clique. As fotos saíram tão bonitinhas que eu as publiquei no Instagram quase que instantaneamente, empolgada para compartilhar aquele momento mágico.

À medida que o dia avançava e o sol começava a se despedir no horizonte, voltamos para o hotel, com a leve exaustão de um dia bem aproveitado. Durante o caminho, peguei o celular para ver como estavam as reações da postagem. Os comentários começaram a aparecer rapidamente: alguns amigos e colegas, brincalhões, deixavam comentários engraçados e elogios, e meus pais, amorosos como sempre, deixaram emojis de coração e mensagens carinhosas. Mas então, meu coração deu uma leve batida mais forte ao notar que muitos outros comentários estavam citando o Joaquín. Alguns eram apenas menções discretas, enquanto outros chegavam a marcar diretamente o perfil dele, fazendo piadinhas ou questionando sobre ele.

Um misto de vergonha e desconforto tomou conta de mim. Parecia que todos estavam invadindo um espaço que eu queria manter reservado, e, de repente, me senti exposta de uma forma que não era nada agradável. Sem pensar muito, fui até a foto em que Joaquín e eu havíamos assumido nosso relacionamento e a arquivei. Apagar definitivamente talvez fosse mais radical, mas naquele momento, eu simplesmente não tive coragem.

No caminho de volta para o hotel, fiquei quieta, absorvendo aquela mistura de sentimentos. Por mais que tentasse, não conseguia deixar de pensar nos comentários. Era como se, ao verem o Joaquín mencionado, as pessoas lembrassem de uma parte da minha vida que eu ainda não estava pronta para confrontar. Cada menção parecia puxar uma corda invisível, trazendo memórias que eu havia tentado guardar para mim mesma. Era confuso, porque, ao mesmo tempo que uma parte de mim queria esquecer, outra parte ainda sentia um resquício de carinho por tudo que vivemos juntos.

Quando chegamos ao hotel, Lucas percebeu minha mudança de humor. Ele me conhecia bem o suficiente para saber que algo estava me incomodando, mas, ao mesmo tempo, era sensível o bastante para não forçar uma conversa. Apenas me lançou um olhar compreensivo e sugeriu que descêssemos para jantar, na esperança de que isso me ajudasse a distrair a mente.

Durante o jantar, tentei manter a conversa leve, falando sobre o passeio de barco, sobre as fotos que tiramos e sobre como o dia havia sido incrível. Mas, inevitavelmente, minha mente voltava para os comentários. Enquanto mexia distraidamente na comida, percebi que talvez essa situação fosse um sinal de que ainda tinha algumas questões mal resolvidas.

Lucas me olhou com uma expressão que misturava compreensão e preocupação enquanto eu me acomodava na cadeira. Ele conhecia bem o que passava na minha cabeça e, depois de um tempo em silêncio, comentou:

— Presumo que esteja assim pelos comentários na sua foto, né? Sei que talvez você não queira falar sobre isso, mas, Clara, às vezes é preciso se abrir um pouco. Guardar tudo para si mesma pode acabar te machucando mais.

Suspirei, escolhendo as palavras com cuidado, sem querer trazer à tona todo o incômodo que aquilo me causava.

— Fechei os comentários e arquivei a foto onde a gente assumiu o relacionamento. — disse, tentando soar resoluta. — Espero que a galera entenda sem que eu precise me explicar.

Ele soltou um meio sorriso, mas os olhos mantinham um toque de preocupação.

— Mas você sabe que, até ouvirem de você ou dele que tudo acabou, esses comentários provavelmente vão continuar, né? Essa galera da internet é persistente.

Amor em Jogo - PiquerezOnde histórias criam vida. Descubra agora