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Assim que o elevador chegou ao térreo, uma pontada de tristeza me atingiu. Era hora de me despedir dele, e eu não queria. Ficar ali, "presos" um ao outro, olhando nos olhos, havia se tornado o meu momento favorito da noite.

— Hm... Obrigada pela ajudinha — murmurei, dando os primeiros passos para fora do elevador, relutante em deixar aquele momento para trás. — Boa noite, Joaquín.

Ele me encarou por alguns segundos, como se quisesse gravar cada detalhe daquele instante em sua memória antes de abrir a boca para responder.

— Boa noite, Clara. — disse ele suavemente, seu sorriso transmitindo uma certa tranquilidade.

Peguei meu celular na bolsa, hesitando antes de abrir o aplicativo da Uber. Era inevitável a sensação de que algo especial tinha acabado ali, mas ainda assim, eu precisava seguir em frente. Bruna tinha desaparecido, me deixando sem escolha a não ser encontrar outro meio de voltar para casa.

— Você vai voltar sozinha? — ele perguntou, sua voz expressando uma genuína preocupação.

— Sim, mas já tô resolvendo isso. — respondi, balançando o celular para mostrar que estava resolvendo.

— Não é perigoso? Você ir sozinha assim? — ele insistiu, sua voz carregada de preocupação sincera.

— Morando na cidade que moramos, é claro que é. — respondi, tentando manter um tom leve apesar da tensão subjacente. Um leve sorriso se formou em seus lábios, mas seu olhar continuava preocupado. — Eu vou ficar bem.

Houve um breve silêncio, durante o qual o peso da preocupação pairava no ar.

— Eu espero. — murmurei para mim mesma, mais como um lembrete do que uma resposta para ele.

— Posso te levar em casa.

— Você sabe onde eu moro? São uns 30 km daqui — ri nervosamente.

Ele apenas encolheu os ombros, mantendo um olhar determinado.

— Eu não ligo. — respondeu, suas palavras transmitindo uma determinação firme enquanto colocava as mãos nos bolsos.

Seus olhos transmitiam uma gentileza e calma reconfortantes, enquanto seu sorriso irradiava bondade e compreensão.

Ele era simplesmente a pessoa mais doce que eu já conheci na vida.

(Bia, não fique com ciúmes.)

— Você não vai demorar pra voltar pra casa? Na real eu nem posso voltar agora pra minha, a minha mãe vai me ouvir chegando e...

Ele pareceu surpreso com minha situação.

— Você saiu escondido da sua mãe? Quantos anos você tem? — Agora, sua expressão era de preocupação.

— Eu tenho 22. Relaxa, não sou menor de idade — ri, tentando tranquilizá-lo.

Ele pareceu aliviar um pouco, e eu segurei o riso.

— E sim, saí escondido dela. O meu dia ontem não foi muito bom e a nossa relação de mãe e filha não é tão fácil quanto parece — suspirei, recordando os acontecimentos.

— Então, você quer ir pra outro lugar? Tem alguma ideia? — sugeriu ele, e eu concordei.

— Você não vai desistir né?— cruzei os braços e ele negou com a cabeça.— Eu estou morrendo de fome. Poderíamos passar em algum McDonald's perto da Av. Paulista ou Faria Lima — sugeri, e ele concordou.

Amor em Jogo - PiquerezOnde histórias criam vida. Descubra agora