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O relógio marcava impiedosamente 17h36 quando a frustração de ter que sair antes do fim da partida se misturava com a adrenalina da corrida contra o tempo que se iniciava. Era dia de prova, e eu não podia me dar ao luxo de perder sequer um minuto.

Com passos apressados, deixei o estádio para trás e me dirigi em disparada para casa. A mente borbulhava com as jogadas que presenciei e com a ansiedade que me consumia. Era preciso me concentrar, focar na prova que me aguardava.

Ao chegar em casa, o tempo era escasso. Um banho rápido, uma troca de roupa frenética.

Finalmente, cheguei à faculdade. O burburinho dos alunos se misturava ao som dos passos apressados pelos corredores. Encontrei as meninas, o rosto delas também marcado pela tensão pré-prova. Uma breve conversa, recheada de palavras de incentivo e um pouco de humor para descontrair, foi interrompida pela chegada do professor.

Com um semblante sério, ele deu as instruções para a prova. O tempo era limitado, as regras rígidas. A sala se silenciou completamente, a única coisa audível era o do ponteiro do relógio. A tensão era palpável, o nervosismo tomava conta de todos.

Embora já estivéssemos habituados à rotina de provas, a cada semestre a sensação era a mesma: como se estivéssemos prestando vestibular pela primeira vez. O suor frio escorria pelas minhas costas, as mãos tremiam levemente. Mas respirei fundo, me concentrando na tarefa e me determinei a dar o meu melhor.

Eu havia desligado meu celular horas antes, não queria correr o risco de uma notificação inoportuna me tirar do foco naquele momento crucial.

Meus olhos se encontraram com os de Ster, Pietra e Laura, minhas colegas de estudo. A apreensão era evidente em seus olhares, um reflexo do nervosismo que dominava a todos nós. Já havíamos passado por diversas provas juntos, mas essa parecia diferente. Uma aura de incerteza pairava sobre a sala, como se algo estivesse fora do lugar.

Com um misto de expectativa e receio, acessamos o site da faculdade e clicamos na aba de provas disponíveis. A página carregou lentamente, cada segundo parecendo uma eternidade. Finalmente, as provas foram liberadas, e um frio percorreu minha espinha quando abri o arquivo.

Meus olhos percorreram rapidamente o conteúdo, e a descrença tomou conta de mim. Era como se estivesse olhando para uma língua estrangeira. Não havia nada, absolutamente nada, que se relacionasse com o que tínhamos estudado durante o mês inteiro. Um aperto no peito me sufocou enquanto a ficha caía: a prova não era sobre o material que havíamos revisado.

Olhei para o outro lado da sala, buscando apoio no olhar de Ster. Ela também estava paralisada, a boca entreaberta em um silencioso grito de incompreensão. Mas, ao contrário dela, eu não tinha margem para erro. Havia perdido a apresentação anterior por causa daquela maldita queda de luz, e essa prova era minha última chance de evitar a reprovação na matéria.

Um turbilhão de emoções me invadiu: raiva, frustração, desespero. Fechei os olhos com força, tentando conter as lágrimas que ameaçavam escorrer pelo meu rosto. Respirei fundo, tentando acalmar meu coração acelerado. Abri os olhos novamente, determinada a enfrentar o desafio que me aguardava.

Com um misto de fé e resignação, comecei a ler os textos, imagens e questões da prova. Era como se estivesse me deparando com um exame de uma disciplina completamente diferente, algo para o qual eu não tinha tido qualquer tipo de preparação. Cada página virada me aproximava da reprovação, cada questão não respondida aumentava a sensação de impotência.

A cada minuto que passava, a angústia aumentava. A imagem do email com a reprovação martelava em minha mente, a voz da minha mãe ecoando em meus ouvidos. Respirei fundo, tentando conter as lágrimas que ameaçavam brotar. Uma dezena de vezes, repetindo o mesmo movimento, buscando desesperadamente um sopro de calma.

Amor em Jogo - PiquerezOnde histórias criam vida. Descubra agora