51

5.9K 432 115
                                    

São Paulo | Brasil
23 de Abril.

Quando acordei, a claridade do sol já invadia a sala, filtrando-se pelas cortinas finas e acariciando meu rosto. Meus olhos, ainda pesados pelo sono, demoraram a se ajustar à luz intensa. Sentei no sofá, tentando me livrar da névoa que insistia em nublar minha mente.

Olhei ao redor, buscando por qualquer sinal de vida no apartamento. O silêncio era ensurdecedor, quebrado apenas pelo cantar dos pássaros lá fora. Meu pai, ocupado com seus negócios, já deveria ter partido. Minha mãe, provavelmente estaria no CT ou em alguma reunião importante, se preparando para a viagem para o próximo jogo.

Joaquín também não havia deixado vestígios. Será que minha mãe havia acordado antes de mim e o expulsado do apartamento? A ideia me causou uma pontada de insegurança, misturada com a curiosidade de saber o que realmente havia acontecido.

Peguei meu celular, buscando por pistas nas mensagens. Enviei mensagens para minha mãe e Joaquín, mas ambos pareciam estar fora de alcance. As mensagens nem sequer foram visualizadas. Meus dedos tamborilaram na tela, frustrados com a falta de respostas.

Suspirei, sentindo um aperto no peito. A manhã que prometia ser tranquila se transformou em um enigma a ser desvendado. Decidi deixar o celular de lado por enquanto e me levantei do sofá. Um banho quente era tudo que eu precisava para clarear meus pensamentos.

Enquanto caminhava para o banheiro, meus pensamentos se misturavam, criando um turbilhão de dúvidas e incertezas.

Com o chuveiro aberto, a água quente escorrendo pelo meu corpo, tentei lavar da mente as preocupações. Mas as perguntas continuavam ecoando em meus ouvidos, me impedindo de relaxar completamente.

Saí do banho, envolta em uma toalha felpuda, me sentindo um pouco mais revigorada. Mas a sensação de inquietação ainda persistia. Vesti uma roupa leve e confortável.

O aroma relaxante do sabonete ainda impregnado na pele, meu celular vibrou insistentemente na mesa de cabeceira. Eram mensagens das meninas da faculdade, com alguns conteúdos da aula que eu havia perdido na noite anterior.

Só então me lembrei. Ontem, a minha mente estava tão cheia de pensamentos e preocupações que nem sequer me toquei de abrir o notebook e entrar na aula online. A sensação de culpa me invadiu, misturada com um leve desespero por ter perdido parte do conteúdo.

Deixei de lado a toalha e me sentei à mesa, pegando o celular com avidez. As mensagens das meninas eram um salva-vidas em meio ao mar de dúvidas e incertezas. Rapidamente, baixei os materiais e me dediquei a recuperar o tempo perdido.

Resolvi as pendências da aula com foco e determinação. Li os textos, assisti aos vídeos, respondi os questionários e anotei os pontos importantes que precisava estudar com mais atenção. A cada tarefa concluída, me sentia um pouco mais aliviada e confiante.

Deixando as coisas da faculdade de lado, fui para a cozinha em busca de algo para comer e foi quando avistei Vera na sala, em pé em frente ao sofá, segurando alguns itens de limpeza.

— Bom dia, Verinha.

— Bom dia, mocinha! — ela respondeu, com um sorriso radiante. — E como foi ontem? Sua mãe não matou ninguém? Ofendeu nenhuma minoria?

Comecei a rir, contagiada pela brincadeira de Vera.

— Oi? — questionei, ainda um pouco zonza por causa do sono e da maratona de estudos. — Ela não matou ninguém, eu acho. Agora você me fez pensar, levando em consideração que eu acordei e meu namorado simplesmente sumiu.

Amor em Jogo - PiquerezOnde histórias criam vida. Descubra agora