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Era tarde, quase madrugada, quando fui abruptamente despertada por batidas insistentes na porta. Ainda meio zonza e desorientada, levantei da cama e me arrastei até a entrada do apartamento. Ao abrir a porta, me deparei com ele.

Seu rosto estava cansado, mas um sorriso estampava seus lábios. Ele vestia uma roupa casual: shorts, tênis e uma camisa preta e carregava uma bolsa nas costas.

A bolsa com estampa de ursinho.

— Você veio direto pra cá? — perguntei, um pouco surpresa.

— Não. — ele respondeu. — O voo chegou por volta de meia-noite e agora são... — ele parou para olhar no relógio — Quase duas da manhã. Dei uma passada em casa antes.

— Como você subiu? Ninguém me ligou nem nada. — questionei desconfiada.

— Aparentemente, seu pai liberou meu acesso na portaria. A moça apenas perguntou meu nome e quando eu disse, ela liberou minha entrada.

— Por que pra você as coisas parecem ser tão fáceis?— respondi, desconfiada.

Ele entrou no apartamento e eu fechei a porta atrás dele. Em seguida, ele largou a bolsa no sofá e eu me joguei em seus braços, pulando em seu colo como uma criança.

— Você tá com cheirinho de bebê. — comentei, sentindo o cheiro emanando de seu corpo.

— Acho que é o sabão de lavar roupa. — ele disse sorrindo para mim. — Eu senti sua falta lá. Sua mãe foi e levou aquela sua amiga, e eu queria tanto que você estivesse lá.

— Então você conheceu a Bruna? — perguntei, tentando manter o tom casual na conversa.

— Ela se apresentou. — ele respondeu. — Antes eu só sabia que ela existia.

— E o que ela disse?

— Que eu sou uma gracinha. — ele riu, parando por um momento para pensar. — Acho que mais um pouco e ela apertaria minhas bochechas.

— Acho que quase todo mundo pensa isso de você. — respondi, sorrindo. — Ela tem razão, você é realmente uma graça.

— A sua mãe estava me olhando meio feio e eu não sei se fiz algo. Eu fiz?

— Além de pegar a filha dela? Não. Acho que não. — falei brincando, mas sentindo uma pontada de nervosismo.

— Será que ela nunca vai gostar de mim? — Ele perguntou preocupado e eu escondi meu rosto em seu pescoço, sentindo o calor reconfortante do seu corpo.

— Ela não tem que gostar de você. Eu tenho. — suspirei, sentindo um misto de tristeza e frustração. — Sinceramente? Ela já não me importa mais.

— Ela ainda é a sua mãe.

— Às vezes parece que não. — neguei, desviando o olhar para o teto. — Mas não quero falar disso. — bocejei, sentindo o cansaço me dominar.

Ele percebeu meu sono me dominando, segurou meu corpo e me levou para o quarto, seguindo as minhas instruções. Eu me sentia um filhote de urso panda ou uma preguiça, completamente exausta.

— Você vai ficar? — perguntei, sentindo o conforto de sua presença enquanto ele me colocava na cama.— Não é pra ir embora, Joaquín.

— Amanhã eu não tenho treino, vou poder ficar com você. — ele respondeu, com sua voz suave.

Ele desviou seu olhar para o meu celular, que vibrava encima do móvel ao lado da cama, e o pegou. Seus dedos deslizaram pela tela enquanto verificava as mensagens e ligações não atendidas.

Amor em Jogo - PiquerezOnde histórias criam vida. Descubra agora