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Enquanto eu caminhava para o embarque, avistei Joaquín conversando animadamente com os outros meninos. Ele parecia genuinamente feliz, seu rosto iluminado por sorrisos e risadas enquanto gesticulava e brincava com os colegas. Seus olhos brilhavam, refletindo a alegria do momento, e por um instante, eu senti uma pontada de tristeza ao perceber como ele parecia bem sem mim.

De repente, nossos olhares se encontraram. Por alguns segundos, seu sorriso se desfez, e seus olhos assumiram uma expressão de tristeza que espelhou a minha. Aquele breve instante, carregado de coisas não ditas, bateu em mim como um soco no estômago, tirando o ar dos meus pulmões.

Minha mãe estava ao meu lado, falando sobre algo que parecia importante, mas suas palavras eram apenas um zumbido distante nos meus ouvidos. Minha mente estava longe, mergulhada em pensamentos sobre Joaquín e o que havia acontecido entre nós.

Ao entrar no avião, o burburinho das pessoas se acomodando enchia o ambiente. Eu segurava um papel onde minha mãe havia anotado o número do meu assento, mas meus pensamentos ainda estavam dispersos. Caminhei lentamente pelo corredor, checando a numeração de cada poltrona, tentando me concentrar na tarefa simples de encontrar meu lugar. O peso da melancolia tornava cada passo mais difícil, e o som abafado das conversas ao meu redor só aumentava a sensação de solidão.

Até que finalmente encontrei meu assento e parei no exato momento em que percebi que meu lugar estava localizado ao lado de Richard. Ele estava com fones de ouvido e parecia absorvido em algo no celular, sem notar minha presença. Com um misto de alívio e apreensão, me aproximei, e foi só então que ele levantou os olhos e percebeu que eu estava ali.

Richard ficou me olhando, desviando toda a sua atenção do celular para mim. Seus olhos me analisaram minuciosamente, percorrendo cada detalhe da minha roupa e ao ver que eu estava calçando meus vans, um sorriso se abriu em seus lábios. Havia algo intrigante em seu olhar, que inicialmente parecia apenas simpático, mas rapidamente se transformou em um sorriso com segundas intenções.

— Serei sua companhia no voo. — falei enquanto guardava minha necessaire no bagageiro de teto. — Espero que não ronque e nem me atrapalhe dormir, ou eu te mato.

Richard soltou uma risada, levantando uma sobrancelha com um ar de desafio divertido. Antes de me sentar, passei meus olhos pelo avião, observando as poltronas ocupadas. Foi então que nossos olhares se encontraram novamente. Joaquín estava sentado entre Gomez e Endrick. O mais novo, ao me ver, acenou com entusiasmo e mandou um beijinho, me arrancando um sorriso sincero e uma risada leve.

A expressão de Joaquín era indecifrável, um misto de emoções que me fez sentir uma pontada no coração. Gomez estava distraído, conversando com alguém mais ao fundo, e Endrick parecia estar animado.

Quando Joaquín desviou o olhar, senti tudo dentro de mim revirar. Fiquei meio desnorteada enquanto me sentava, tentando processar as emoções conflitantes que surgiam. O perfume de Ríos invadiu minhas narinas, trazendo uma sensação momentânea de conforto e distração.

— Tá ouvindo o que? — perguntei, curiosa, olhando para o celular dele.

— Tupac. — respondeu com a voz rouca e um brilho nos olhos. — Já ouviu?

— Não. — neguei com a cabeça.

Antes que eu pudesse dizer algo mais, ele pegou um de seus fones e colocou na minha orelha. A batida da música começou a pulsar e a letra, embora pesada, era cativante. O ritmo conseguia mascarar a seriedade da mensagem, me convencendo a gostar da melodia.

— Já esteve no Uruguai antes? — ele perguntou, quebrando o silêncio, e eu balancei a cabeça em negação.

— Acho que você vai gostar. — disse ele, com um sorriso confiante.

Amor em Jogo - PiquerezOnde histórias criam vida. Descubra agora