Capítulo 8

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Por que as boas meninas gostam de caras maus?
Venho me perguntado isso há um bom tempo
Tenho sido um cara mau e é fácil perceber
Então, por que as boas meninas se apaixonam por mim?

O diário de Dy pesava em minhas mãos, sua capa de couro gasta e manchada. As páginas, eu tinha quase certeza, estavam marcadas com o meu nome, cada palavra um testemunho do quanto ela me detestava. Treves Campbell, o idiota. Treves Campbell, o viciado. Em resumo, Dy odiava tudo em mim.

E eu estava entediado.

Talvez eu devesse lê-lo. Talvez houvesse algo sobre seu pai morto ou sobre como ela me odiava. Previsível, como tudo nela.

Mas havia algo mais, algo roendo minhas entranhas. Não conseguia, por algum motivo que escapava ao meu entendimento, não conseguia. Parecia até que tinha medo de ela ficar magoada comigo, o que não mudaria nada, já que ela parecia me odiar... Mas o medo da dor dela, da vulnerabilidade, era inebriante.

Ela me odiava, e eu me deleitava nisso. O jeito que ela me encarava, o jeito que seus olhos cuspiam fogo quando encontravam os meus. O ódio dela me vicia.

Igual a uma droga, essa obsessão que me consumia mais do que qualquer substância que eu pudesse inalar.

Cheguei ao colégio, e todos eram um porre. As garotas me causavam náuseas, e eu só queria que Samantha entendesse que não haveria mais repetições. Ela estava m irritante com aquele papinho de ser minha namorada.

Mas não era apenas Sam. Era Dy. Sempre Dy. A maldita garota que estava conseguindo me deixar louco. Parecia que ela estava usando seus malditos truques contra mim. Eu estava perdendo minha sanidade por causa de uma garotinha idiota que eu odiava.

Enquanto caminhava pelo corredor, notei a pequena garota de olhos castanhos correndo. Que mania dela de ficar correndo por aí.

A garota corria como se o próprio diabo a perseguisse. De quem ela estava fugindo agora?

— Aonde pensa que vai? — perguntei, agarrando seu antebraço enquanto ela passava por mim.

Ela parou e me olhou, ofegante. A respiração dela vinha em arquejos irregulares, o peito dela subindo e descendo. Ela era linda — linda demais para o próprio bem. E eu queria quebrá-la.

— Solta, estou atrasada — ela mentiu.

Puxei-a de volta para os meus braços, olhando ao redor. Não era uma boa ideia estar em um lugar tão lotado com Cupper.

— Seja uma boa menina e venha comigo — ordenei, arrastando-a para o telhado.

Lá em cima, a empurrei contra a parede.

— De quem está fugindo e por quê? — perguntei.

Ela tentou se libertar mais uma vez e suspirou fundo, me afastando e tentando escapar do meu alcance.

— Para onde você pensa que está indo? — minha voz era um rosnado baixo, dedos cavando em seu antebraço enquanto eu bloqueava sua fuga.

— Agora não. Estou realmente atrasada.

Atrasada para quê? Atrasada para quem? Puxei-a para mais perto, o cheiro da pele dela se misturando com o fumo do cigarro.

Intenções Perversas Onde histórias criam vida. Descubra agora