Capítulo 70

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Eu estava cansado e muito irritado, de uma forma que está me enlouquecendo.

Eu poderia continuar fingindo que não estou prestes a surtar e fingir ao menos um pouquinho que estou excitado com a Sammy rebolando pra mim, mas porra, não estou... não poderia estar com os meus olhos acompanhando cada maldito movimento da pastorinha, não quando eu estava a vendo sorrir como se eu não estivesse ali para Nico.

Apenas quero que ela pare de rir, droga.

— Podemos ir para o quarto. James deixou — Sam murmura perto do meu ouvido, seus dedos brincando levemente no meu ponto adão.

Desvio os olhos dela, fixando em Daysha.

Para de dar atenção para outros caras.

— Te ligo outra hora — respondo e afasto suas mãos do meu pescoço, tirando-a de cima de mim.

Eu poderia ficar aqui e foder Sammy na frente de todos. Não seria a primeira vez, mas não consigo ficar sentado enquanto outros caras comem a minha garota com os olhos.

Daysha quer brincar de um jogo que ela sabe que vou perder.

Ela quer que eu vá à loucura?
Ela quer que eu seja do tipo louco?

Que diabos ela quer?

Eu me levanto e começo a andar em sua direção sem tirar os olhos dela por um segundo. Ela sabe qual é a minha intenção, mas finge que não me vê.

Todos estão me olhando como se eu fosse o maldito palhaço dessa merda, e isso me irrita ainda mais.

Quero acabar com aquela desgraçada por estar me deixando tão perturbado que nem sequer consigo vê-la sorrir para outros homens.

Quando chego perto dela, não dou explicações e simplesmente a puxo para cima com força. Não dou tempo para que ninguém reaja e começo a caminhar em direção à saída.

— Minha bolsa — é a única coisa que a escuto murmurar.

A ignoro e continuo andando até estarmos fora daquele lugar maldito. Para começar, nenhum de nós deveria estar ali.

Abro a porta do carro e a empurro para dentro, entrando em seguida e jogando a cabeça para trás. Estou furioso, não entendo por que estou com tanta raiva.

É como se estivesse queimando por dentro, e odeio essa sensação. Odeio como ela me faz sentir.

Fecho os olhos, como se isso pudesse me ajudar. Não quero gritar com ela, porque sei que também estou errado.

— Estou esperando que você diga alguma coisa para começarmos uma briga como duas malditas crianças e eu acabar com isso — ouço sua voz tentando ser calma, mas sabia que ela estava prestes a explodir.

Não tão diferente de mim.

— Eu não fiz nada. Estava bebendo, e aí Sammy chegou e saí para ir embora, então ela veio atrás e tentou me beijar, juro que estava prestes a afastá-la quando você chegou — explico rapidamente, quase desesperado.

Se essa coisa é tão tóxica, por que me sinto tão viciado? Por que toda vez que tento ir embora, algo me puxa de volta?

Por que infernos pedir desculpas quando poderia estar aproveitando para terminar essa coisa que nem deveria ter começado?

Eu não sou esse cara, não quero ser esse cara. Droga, eu quero o meu velho eu de volta, não quero este maldito relacionamento.

Sinto-me preso, e isso está me deixando louco.

Não quero estar apenas com uma garota.

Nunca me envolvi com alguém como estou me envolvendo com Daysha... não é só uma questão de termos algo "sério", estou falando que ela é diferente de tudo que já experimentei, é doce, é incrível e porra, estou acostumado com garotas que apenas querem curtir o momento..

— Eu já sabia disso — ela diz e abro os olhos imediatamente — não estava brava por isso, porque diferente de você, tenho maturidade para entender aquela situação... estou com raiva por ter deixado aquela garota no seu colo e deixá-la te beijar, tocar em você — ela fecha os olhos com força, passa as mãos na cabeça e os abre novamente, olhando para mim — essa coisa não vai dar certo.

Em um movimento rápido, a puxo para perto de mim. Ela não se afasta.

— Você sabe perfeitamente que isso não cabe a você — murmuro rouco.

— E cabe a quem? — ela pergunta com ironia — Você? Você se acha alguém que pode tomar decisões sensatas?

Queria negar, mas no fundo, sei que é a pura verdade.

Porra, estou tentando, mas é difícil agir como um bom moço fiel quando passei quase toda a minha vida fodendo com várias pessoas diferentes em diversos quartos de hotéis baratos e não me importando com nada.

Sei que poderia dizer milhares de palavras e terminar em mais uma discussão, mas, em vez disso, a puxo para um beijo. No início, ela hesita, tenta se afastar, mas a cada tentativa, mais o seu corpo a trai.

Preciso dela, de alguma forma. Mesmo que seja para me enlouquecer.

— Eu quero tanto te bater agora — ela murmurou baixo contra os meus lábios.

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