Capítulo 18

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— Como nos velhos tempos — dei uma tapinha no ombro de Nico e me sento ao seu lado. Ele me lançou um olhar desconfiado e eu dei de ombro, sem muito importância.

Hoje, depois da aula, fiquei obcecado por LeBlanc o dia todo, sem entender o motivo dessa fixação e, acredite, estou à beira da loucura.

Insisti com meu melhor amigo para que evitasse encontrar-se com a garota que odeio. Pode parecer sensato, ou talvez irracional, mas a ideia de vê-los juntos me aterrorizava.

Forcei a pastorinha a jurar que não se encontraria mais com ele. Ela estava tão desesperada para escapar dos meus braços que concordou e isso se tornou mais um motivo para manter Nicolas longe de suas artimanhas.

Cupper pode não querer admitir, mas ela está tão perdido quanto eu nesse inferno. Isso é egoísmo? Talvez, mas não vou dar o prazer a Dy de ter Nico para ela.

Ela é uma maldita bruxa, e mesmo sem entender como, ela bagunçou minha mente de um jeito estranho e perturbador.

Ela mexe comigo de uma maneira assustadora, e é loucura como, nesse exato momento, eu queria tê-la nos meus braços e, maldição, como seria beijá-la novamente?

— Aqui, experimenta isso. É uma das boas — Donovan me tira dos pensamentos com uma sacola voando em minha direção. Eu a pego no ar, mas não sinto a menor vontade de me entregar a isso hoje.

Não quero ficar chapado e acabar perdendo de vista o que realmente importa.

— Não estou no clima pra isso — respondo, jogando a sacola de volta para ele com um movimento descuidado. — Prefiro manter minha cabeça clara hoje a noite.

Quando ela entrou na minha vida, era um desafio. Doce, com aquele jeito difícil de lidar, sempre tentando me afastar de uma forma inexplicável. Eu me via querendo atormentá-la. No começo, achei que fosse um truque dela para se aproximar de mim, como as outras, mas não. Ela simplesmente se afastava para evitar problemas.

E esse foi o maior erro dela. Esse jeito dela me deixa louco. Ninguém consegue mexer comigo como Cupper está fazendo.

O seu jeito de ser, o jeito que seus olhos brilham com coisas simples, o jeito como ela tenta fugir de mim. Tudo isso só me faz querer atormentá-la mais.

Gostava do seu jeito difícil, de toda vez que ela se afastava, de como ela me odiava, mas agora as coisas estão tomando um rumo diferente. Não era para eu desejar ela tanto assim.

— E você, LeBlanc? — Donavam me lança um olhar interrogativo enquanto sacode a sacola na direção de Nico. Ele balança a cabeça negativamente e se levanta, suas mãos passando rapidamente sobre o tecido da camisa, nervoso.

— Caramba, desde quando vocês pararam de usar essas coisas? — Jack pergunta com uma falsa decepção.

— Tenho uma coisa para resolver hoje — ele diz e olha para mim — tenho que ir.

Mas antes que ele possa seguir com seus passos, fico de pé, ficando na sua frente. Ele me questiona com a cabeça e um falso sorriso.

— Posso saber o que tem de tão importante para resolver a essa hora? — questiono com as sobrancelhas levantadas, e ele ri, me olhando com atenção.

— Agora você fica questionando onde eu vou?

— Só preocupação. Sabe como é — digo, dando de ombros e sorrindo sem mostrar os dentes.

— Tá bom. Vou me encontrar com uma garota. - diz e se vira, começando a andar.

Pego um cigarro, acende-o e solto uma risada rouca antes que Nico possa sair.

— Você realmente acha que ela vai estar lá? Não seja patético, Nico — zombo, lançando a fumaça para o ar e avançando em sua direção. Ele para bruscamente e se vira para mim.

Maldição, não sei o que me deu. Nico é meu amigo e eu não deveria ser tão egoísta a ponto de fazer essa merda. Mas é ele ou eu, e não preciso pensar duas vezes. Eu estaria bem se ele se encontrasse com ela? Não, não estaria. Não posso imaginar ele tocando nela, não posso imaginar ela sorrindo para ele.

Céus, faça isso parar. O que estou pensando? Odeio tanto a Dy que o fato dela se encontrar com Nico me atormenta mais que o inferno.

— Qual é a sua, hein? — ele pergunta, avançando também em minha direção — seja homem pelo menos e abra o jogo.

— Sou homem suficiente para ter a pastorinha onde e quando eu quiser. Inclusive, ela prometeu que não te encontraria, mas claro, chegou a época dela fazer caridade — digo,e ele congela, e algo na maneira como ele me encara me diz que eu o atingi onde dói.

Eu deveria estar satisfeito, mas não estou. A ideia de Dy e Nico juntos me corrói por dentro, como ácido. Eu odeio ela, odeio cada pedaço daquela santinha fingida. Mas a ideia dela com ele… isso me deixa louco.

— Você é melhor do que isso, irmão — provoco, e ele reage com um soco rápido e duro. O gosto metálico de sangue enche minha boca, mas eu mal posso sentir a dor sobre a raiva fervendo em meu peito, e antes que eu possa revidar, Jack e Donovan estão entre nós, suas risadas nervosas ecoando estranhamente no ar.

— O que deu em vocês agora? — Jack pergunta, mas eu o empurro de lado com força, minha atenção voltada para Nico.

— Qual é LeBlanc, você bate que nem uma mulherzinha - zombo, minha risada soando mais quebrada do que eu pretendia — Tenta de novo, e eu te mostro como se faz.

— Eu poderia fazer isso, mas estou ocupado demais com a pastorinha — rebate , e algo dentro de mim se incendeia. Sem entender o porquê, sinto uma raiva borbulhando, uma fúria que não consigo explicar.

Acerto-lhe um soco com força no rosto, e seus lábios quase sangram. Não sei por que estou fazendo isso, mas escutar ele chamando Dy assim me deixava perturbando de uma forma insano.

Ele tenta avançar em minha direção, mas Donovan o segura com firmeza.

— Me solta, porra! — ele gritou e se afasta lentamente, ainda mantendo uma proximidade que ele pensar ser intimidadora. — Eu não vou me rebaixar a isso, Campbell — ele esfrega as mãos com força e se vira. — Eu tenho uma noite incrível,  com uma garota incrível que está me esperando.

Eu rio, mas o som é vazio, sem vida. Porque, no fundo, eu sei que ele está certo. E isso me deixa ainda mais louco. A ideia de que ele possa ter algo que eu quero, algo que eu não posso ter... isso me corrói. E eu odeio isso, e odeio ainda mais ela por me fazer sentir assim.

Droga, Nico, por que você escolheu justo ela?

— Qual é, cara, você tá ficando louco? — Jack fala, me empurrando de leve.

Ele lança um olhar, sua expressão misturando preocupação e incredulidade.

— Quer saber? Já deu. Tô fora. — Dou um empurrão e passo por eles, pegando minha jaqueta no chão ao sair.


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