Capítulo 10

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Dy certamente tinha algo que despertava o meu lado mais perverso. Quero fazer coisas com ela que nunca, nem nesta vida, imaginei que desejaria fazer com outra pessoa. E só de imaginar, fico em êxtase.

Ela possui uma inocência que eu anseio explorar. Quero arruinar essa sua fase de garota doce e boa, quero que ela se vicie em mim a ponto de não conseguir se controlar.

Eu odeio Cupper, mas também não consigo me afastar dela. É uma situação de merda, eu sei, e porra, eu faria tudo para tirá-la na cabeça, mas não consigo... é como se ela tivesse jogado uma macumba em mim.

Acho que o que ela usou foi mais forte que uma simples macumba, pois nem o melhor feitiço no mundo poderia me prender como ela está fazendo.

— Hoje só vou voltar pra casa depois de pegar todas as mulheres dessa festa — Donovan fala, quase bêbado.

Eram cerca de duas da manhã, e nós estávamos em mais uma daquelas festas de fraternidade. Como sempre, todos estavam bêbados e muito chapados.

Uma garota qualquer estava sentada no meu joelho, se esfregando em mim. Talvez fosse o efeito da bebida ou das drogas, mas eu simplesmente não sentia qualquer desejo por ela.

Minha mente estava em outro lugar, completamente diferente, e talvez fosse isso que estava me enlouquecendo. Não conseguia parar de pensar na pastorinha.

Nem mesmo dois quilos de maconha conseguiu tirar ela da minha mente.

Depois que pedi o beijo, ela hesitou. Claro que ela hesitaria, isso iria contra todas as regras que ela segue. Tenho quase certeza de que fui o único que experimentou o gosto dela.

E isso estava mexendo com a minha cabeça de um jeito delicioso. Foi apenas um selinho, um selinho que não durou nem três segundos, mas que estava me atormentando há horas.

Aquele beijo tinha sido um erro — um delicioso erro que agora me consumia. Eu sabia que isso era loucura, mas eu não esperava que me afetaria tanto. Eu sempre atormenteiestava agora atormentado por um simples toque de lábios.

Suspirei, o fumo do cigarro escapando entre meus dedos enquanto observava Nicolas, que parecia tão perdido em seus pensamentos quanto eu nos meus. O que diabos passava pela cabeça dele?

Era como se o corpo dele estivesse ali, mas a mente em um lugar totalmente diferente.

Ele parecia consumido por seus próprios demônios. Eu podia sentir a raiva borbulhando dentro de mim só de pensar que ele pudesse estar fantasiando sobre Dy. E porra, não sei porque isso me atormenta...

Eu odeio aquela garota e pode parecer estranho, mas a ideia de que, principalmente Nico esteja pensando nele me atormenta de um jeito insuportável.

— Que tal irmos para outro lugar? — a voz melosa da garota tentou invadir meus pensamentos e beija o canto dos meus lábios, mas eu a afastei com um gesto desinteressado e muito entendiado.

— Hoje não estou no clima, Jany — digo, e ela faz uma careta emburrada.

— É Anny  — ela corrige, e eu reviro os olhos.

Quem se importa com os nomes? De qualquer forma, essa é a única vez que vou vê-la novamente.

....

A noite fria me envolve enquanto saio para o ar livre, o som da festa se tornando um zumbido distante atrás de mim. Acendo um cigarro, a chama breve do isqueiro iluminando meu rosto por um instante antes de mergulhar novamente na escuridão. A fumaça sobe, e com ela, a imagem dela — Dy, que eu não consigo tirar da cabeça.

Eu odeio Dy. Odeio o jeito como ela me faz sentir, como se eu fosse um idiota por querer atormentá-la, por querer que ela me dê mais do que aquele maldito beijo. Ela me deixa louco, e eu não consigo entender por quê. Não deveria ser assim. Eu não assim, não sou algum herói de romance barato.

— Por que você não sai da minha cabeça? — murmuro para mim mesmo, a frustração fervendo dentro de mim.

Nicolas apareceu do nada, seu rosto sombrio sob a luz fraca do poste. Ele acendeu um cigarro, e eu sabia, eu sabia que ele pensava nela também. Isso me deixava louco. Não era só o desejo de atormentar Cupper que me consumia, mas também a ideia de que meu amigo  estivesse afim dela.

— Qual o nome da garota que tá te atormentando tanto? — ele pergunta, e eu quase posso ver o canto de sua boca se erguer em um sorriso irônico.

Passo as mãos pelo cabelo, tentando afastar a irritação que cresce dentro de mim. Por que estou bravo?

Eu não sei, simplesmente não entendo o que está acontecendo comigo.

— Eu deveria estar perguntando isso pra você também — respondo com uma voz baixa, forçando um sorriso que não chega aos olhos.

Nicolas ri, um som seco que parece se perder na noite. Ele olha para o alto, jogando a fumaça do cigarro para o céu escuro.

— Por que? — ele murmura, e depois ri balançando a cabeça negativamente.

Eu passo as mãos pelo cabelo, frustrado. Eu deveria estar curtindo a festa, não aqui fora, congelando e me torturando com pensamentos sobre uma garota que eu nem mesmo gosto

— Você estava tão perdido que nem reparou na loira gostosa dando em cima de você — digo, tentando desviar a conversa de Dy, mas a verdade é que eu não consigo parar de pensar nela.

— E você dispensou a sua transa — Nicolas responde dando de ombro.

Eu odeio essa confusão, odeio o que ela está fazendo comigo. Eu quem deveria atormenta-la, mas é ela quem está me atormentando em troca. E eu não sei como parar isso.

O cigarro cai no chão com um gesto descuidado, e eu não posso evitar uma risada rouca.

— Você está enganando. Só dispensei a Lauryn porque não tô afim... só isso.

Nicolas me lança um olhar cético e solta uma risada, jogando também seu cigarro no chão e esmagando-o com a bota.

— Meu amigo, você está precisando relaxar — ele diz, dando algumas tapinhas na minha costas e se vira.

Fico ali parado, o silêncio da noite me engolindo, até que um suspiro pesado escapa dos meus lábios. Volto para a festa, a música alta me recebendo de volta como um abraço sufocante. No meio da multidão, meus olhos encontram uma garota qualquer. Sem uma palavra, eu a puxo para mim e a beijo, tentando esquecer a confusão que estava se formando em minha cabeça.

A garota se inclina para me beijar, e por um momento, eu me deixo levar pela distração. Mas então, a imagem inesperada que se impõe em minha mente — os lábios de Dy, perfeitos e intocados, o símbolo de tudo que ela representa. O jeito certinho dela, que sempre me irritou, agora me atormenta com uma intensidade que eu não quero admitir.

Com um movimento abrupto, me afasto da garota, uma risada amarga escapando dos meus lábios.

— Vamos terminar isso em outro lugar — digo, oferecendo meu braço em um gesto de falso cavalheirismo.







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