Sábado, 4 horas da tarde, e eu ainda estou trabalhando. Para ser mais exata, fazendo horas extras para ganhar um dinheiro a mais.
Tudo estava indo bem. Bom, estaria perfeito se Treves não tivesse passado quase dois dias sem me mandar mensagem ou falar comigo.
Eu sei que eu poderia tomar a iniciativa de mandar mensagens primeiro, mas eu meio que não queria parecer desesperada.
E também, se ele não ligou, é porque talvez estivesse ocupado e tivesse algo importante para fazer.
- Deu cem dólares - eu sorri para a mulher que vem todos os dias. Quando ela me dá o dinheiro, se certifica de deixar uma boa gorjeta para mim - obrigada e uma boa noite.
Eu a observei ir embora e voltei para o balcão, colocando a plaquinha de anotações no balcão e olhando para Lori, que como sempre estava ocupada no celular.
Isso realmente me faz pensar que ela não faz nada por aqui.
- Planeta Lori - eu chamei enquanto tirava o avental, e ela ergueu a cabeça sorrindo para mim.
- Já deu o seu horário? - ela perguntou, olhando ao redor só para se deparar com a lanchonete quase vazia. - Bom, então pode ir.
- Vê se para de ficar nesse celular e vá apreciar o mundo ao seu redor - brinquei um pouco com ela e peguei a minha jaqueta, vestindo-a para ir embora.
Ela tirou o celular da cara por alguns segundos, fingiu olhar ao redor e fez uma careta que me fez querer rir.
- Não, obrigada, tô bem assim.
- Tá bom então, tchau.
...
Eu estava na parada de ônibus. A lanchonete não fica muito longe da minha casa e eu poderia simplesmente ir andando, mas ao invés disso, preferi pegar um ônibus.
Olhei ao redor e peguei meu celular, entrando no perfil do Treves. Ele ainda não havia mandado nenhuma mensagem para mim.
"Você está disponível?"
Não sabia exatamente o que estava fazendo ao mandar essa mensagem para Nico, mas já que estava indo para o culto, pensei que ele gostaria de ir comigo e também tínhamos aquele combinado.
Demorou alguns segundos para que ele respondesse, e um sorrisinho apareceu nos meus lábios.
"Eu estou perto da sua casa, posso te encontrar em 10 minutos."
"Estou na parada de ônibus mais próximo da minha casa" mandei o meu endereço.
Eu pensei que ele iria demorar muito para chegar, mas não deu nem dez minutos e ele já estava estacionando o carro.
- Está com frio? - foi a primeira coisa que ele me perguntou, ajeitando melhor a jaqueta ao redor de mim.
Balancei a cabeça e sorri.
- Não, não estou com frio... e você? - notei que ele não estava usando nada além de uma camisa azul de manga curta.
Um sorrisinho apareceu nos seus lábios e ele negou com a cabeça.
- Por que me mandou mensagem?
- Hoje é sábado. Esqueceu que temos que ir ao culto juntos? - fingi estar ofendida por ele ter esquecido.
- Oh - ele murmurou como se finalmente tivesse lembrado - vamos agora? Eu não deveria usar algo mais apropriado?
Seu nervosismo o deixava fofo.
- Você está perfeito assim - murmurei e o puxei para o carro.
Depois disso, nenhum de nós falou mais nada. Talvez não tivéssemos assunto ou apenas gostássemos do silêncio confortável. No fundo, eu queria perguntar sobre Treves, mas apenas olhei para a janela e fiquei em silêncio.
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Intenções Perversas
RomanceDaysha Cupper, uma jovem evangélica de 17 anos, que enfrenta a mais dolorosa das dores: a perda de seu pai. Envolta em luto e lutando contra a depressão, ela se isola, buscando refúgio em sua própria solidão. Mas o silêncio de sua alma é perturbado...