Capítulo 72

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Eu acordo ao lado de Dy e passo as mãos apressadamente no cabelo.

"Eu te amo."

Eu não quero que ela diga isso, droga, não quero que ela tenha esse sentimento por mim. Eu não mereço.

Eu quero que seja apenas sexo , inferno, não posso dizer as palavras que ela quer ouvir de volta.

Dayha estava dormindo ainda ao meu lado como um anjo, apenas usando uma camisa minha. Estava virando rotina ela dormir na minha cama quase todas as noites e usar todas as minhas coisas como se fossem dela, e eu gosto disso, gosto quando vejo suas coisas espalhadas pela casa.

Como se fosse um ímã, meus olhos vão para sua barriga. Eu não sei por quê, mas é como se tivesse algo ali que me atraísse e, antes que eu pudesse controlar meus próprios movimentos, me vejo acariciando sua barriga.

Dy se mexe, mas não acorda.

Que droga eu estou fazendo?

Olho para pastorinha dormindo e, cuidadosamente, levanto sua camisa, sorrindo. Não sei por que estou fazendo isso, mas a ideia de Dy estar grávida não sai da minha cabeça.

Depois que ela vomitou mais de três vezes ontem a noite, tive esse pensamento louco. Mas ela não esconderia algo assim, não é?

Quer dizer, sei que não sou o melhor cara do mundo para ser considerado o futuro pai do seu filho. E, por mais escroto que seja dizer isso, se fosse qualquer outra garota, eu não me importaria e seguiria em frente.

Mas... inferno, gosto mais da ideia de Dy ter um filho meu do que sei que eu deveria.

O que estou pensando?

Levanto-me apressado da cama e visto a calça que estava jogada no meio do quarto. Não me dou ao trabalho de procurar uma camisa e saio do quarto.

Assim que cheguei na varanda, puxei um maço de cigarros e acendi um. Era loucura como essa merda toda estava me deixando louco.

Me joguei no chão e olhei para o céu nublado.

— Você disse que não iria mais fumar — escutei a voz dela e automaticamente sorri, me virando para a minha pastorinha.

Ela caminhou em minha direção e me ajeitei melhor para que ela se sentasse no meu colo, mesmo que eu estivesse no chão.

Abracei sua cintura com força, aproveitando para fazer um leve carinho em sua barriga. Primeiro, ela pareceu estar nervosa, mas depois apenas sorriu, ficando relaxada.

Com a mão livre, joguei o cigarro para longe e afastei o cabelo de Dy do seu pescoço.

— Sobre o que você disse ontem... — não sabia por onde começar.

Ela suspirou fundo e se virou para mim, seus dedos traçando uma linha pela cicatriz perto dos meus lábios.

Ela gosta de fazer isso e eu gosto disso.

— Eu estava mentindo... talvez eu estivesse delirando, sei lá — ela deu de ombros.

Eu não queria que ela se apaixonasse por mim, mas então por que infernos doía tanto ouvir ela dizer que era mentira?

Fechei a cara e olhei para longe.

— O quê? — ela perguntou, includula — Queria que eu estivesse apaixonada por você?

Sim.
Não.

Eu não sei a merda que eu quero, apenas sei que quero que você seja apenas minha.

Não respondi e ela suspirou.

— Eu gosto dessa tatuagem — seus dedos foram para uma tatuagem no meu peito. Ela queria desviar do assunto.

— Foi para alguém em especial?

Olhei para a tatuagem. Era uma frase específica: "pra sempre não é pra sempre".

Voltei a olhar para Dy e vi sua careta. Ela pensou mesmo que eu fiz essa tatuagem para alguma mulher?

— Foi para minha avó — responde. — Ela foi uma das poucas pessoas legais que eu pensei que estaria comigo para sempre e, você sabe, pra sempre não é possível — expliquei sem importância.

— E se eu morresse? Você faria qual tatuagem pra mim?

Ela quer que eu faça uma tatuagem pra ela também?

— Minha primeira namorada, Dayha Cupper — não precisei pensar.

Ela mordeu os lábios.

— Eu não sou sua primeira namorada — sua voz era acusadora.

— Você é sim — pensei um pouco  — não é segredo que você não é a primeira que eu transei, mas é a primeira garota que eu decidi namorar e ter algo sério... com as outras era só sexo. — beijei a dobla do seu pescoço.

— Oh — ela murmurou baixo, ficando em silêncio, ainda distraída com a minha tatuagem.

— Posso te fazer uma pergunta? — depois de alguns segundos em silêncio, ela perguntou, e eu concordei com a cabeça. — Por que você odeia tanto o seu pai?

— porque sim — respondi, sem querer continuar com esse assunto.

Ela fez um biquinho, e eu apertei sua bochecha antes de beijá-la rapidamente.

— Eu vou te contar em outra hora — prometi. — Agora estou com fome, e como minha esposa, é seu dever me alimentar — brinquei, e ela revirou os olhos, saindo do meu colo.

Dayha olhou ao redor e depois suspirou, fazendo um coque bagunçado no alto da cabeça.

Tão linda e gostosa.

— Que tal fazermos compras, maridão? — ela brincou de volta, rindo enquanto eu me levantava.

Cheguei perto dela e a joguei por cima dos ombros, entrando de volta na casa. Ela gargalhou alto como uma criança enquanto eu a colocava sentada no balcão da cozinha, ficando entre suas pernas.

— Eu não estava falando desse tipo de comida, diabinha — me inclinei sobre ela, colocando as mãos ao redor dela.

— Mas eu sim  — fez uma careta — estou com fome e preciso comer.

...

Como não tinha quase nada aqui além de verduras e sorvetes eu e a Dy fomos fazer compras. Finalmente estávamos de volta com tudo que precisávamos.

Agora eu estava parado na cozinha, olhando Dy preparar espaguete com camarão.

Eu sempre odiei o gosto dessa coisa, e por mais que eu tentasse, nunca consegui gostar, mas por algum motivo, Cupper adorava.

Então acho que não seria tão ruim voltar a experimentar, e mesmo não gostando, eu só precisava fingir que gostava.

— Abre a boca, maridão — ela mandou, aproximando a colher da minha boca.

Sorri e abri a boca.

— Está gostoso?

Puxei-a para um beijo e joguei o pedaço de camarão que estava na minha boca para a dela. Ela se afastou às pressas, fazendo uma careta.

— Que nojo, Treves — ela berrou.

— Você já fez coisas piores com a boca — lembrei, e ela me deu uma colherada na cabeça.

— Sai daqui — ela ordenou, apontando para a porta — idiota.

Ignorei e me aproximei, abraçando com força sua cintura e colocando a cabeça no vão do seu pescoço.

— Você é impossível, Treves — ela murmurou, mas havia um sorriso em sua voz.

— Eu sei — respondi, beijando suavemente seu pescoço. —  É isso que você tanto gosta em mim.

Ela riu, um som suave e melodioso que sempre me fazia sorrir também.

— Convencido demais.

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