— Está sendo legal da sua parte - Treves murmurou quando entrei em sua casa.
Sem camisa e usando apenas uma calça moletom larga. Suspirei profundamente, tentando desviar o olhar, mas não consegui; era como se estivesse presa. Como alguém poderia ser tão atraente e, ao mesmo tempo, tão irritante e arrogante?
— E o que estou fazendo? — questionei, tentando me recompor. Olhei para o seu rosto e vi-o sorrindo confiante.
— Está dividindo seu tempo comigo e com Nicolas. Estava com ele? — ele perguntou, parecendo já saber a resposta.
— Eu... Isso é lá da sua conta? — perguntei, estendendo as mãos para colocá-las na sua testa.
Não sei por que fiz isso, mas parte de mim estava preocupada. Ele realmente não parecia bem, e o que poderia deixar Treves Campbell mal, além de uma febre alta?
Ele colocou suas mãos sobre as minhas e sorriu, abaixando-se para ficar mais próximo da minha altura.
— Estou começando a pensar que eu sou o seu favorito - ele brincou, embora seu tom de voz parecesse sério.
Ele tentava parecer feliz, mas tudo nele gritava que não estava bem. Eu conhecia Treves há bastante tempo e, mesmo não gostando disso, eu sabia que ele não estava bem.
— Não fale como se eu fosse uma prostituta - afastei minhas mãos e olhei ao redor da sua casa. Era a segunda vez que eu estava ali.
Ele tinha a mesma idade que eu, então por que vivia sozinho? Quem cozinhava e o ajudava nas tarefas?
— Gostou? — ele perguntou, sentando-se no grande sofá da sala.
Me aproximei e sentei alguns metros de distância.
— É muito bonita - admiti. - Posso te fazer uma pergunta?
Ele não respondeu e continuou olhando para o mesmo canto.
— Por que você está assim? — perguntei, tentando continuar. — Você não parece querer conversar sobre isso, mas já que estou aqui...
Ele jogou a cabeça para trás e suspirou em silêncio.
— Às vezes...
— Você não consegue ficar em silêncio, não é? — ele murmurou.
— Então você me chamou aqui para quê? Para me ignorar e olhar para a parede enquanto eu poderia... — parei, evitando mencionar Nicolas.
— Eu não sabia que você estava tão desesperada por minha atenção - ele brincou, mas seu tom de voz parecia sério.
— Treves - levantei-me, começando a ficar irritada.
— Tudo bem, te chamei aqui para ser minha psicóloga. Você é boa nisso — sorri discretamente.
Se isso me ajudasse a entender um pouco mais sobre Treves, eu ficaria mais do que feliz. Não tinha nada para fazer, voltar para casa não era uma boa opção, e ficar ali com Treves era... aceitável.
Ele também parecia triste demais para fazer suas brincadeiras idiotas, o que era surpreendente. Até esperava que ele dissesse algo terrível sobre mim e me fizesse sair dali com raiva. Não seria a primeira vez e, do jeito que as coisas estavam indo, talvez nem a última
Eu não conseguia me afastar de Treves.
— Tudo bem — concordei. — Então me diga, o que te deixou tão triste?
Seus gestos foram rápidos, suas mãos deslizaram para minha cintura, puxando-me para o seu colo. Surpreendentemente, não reclamei; parecia que meu corpo já estava acostumado com a sensação de estar próximo ao de Treves.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Intenções Perversas
RomanceDaysha Cupper, uma jovem evangélica de 17 anos, que enfrenta a mais dolorosa das dores: a perda de seu pai. Envolta em luto e lutando contra a depressão, ela se isola, buscando refúgio em sua própria solidão. Mas o silêncio de sua alma é perturbado...