— Daysha Cupper — minha mãe grita, e eu sinto uma vontade súbita de fingir um desmaio.
Eu ainda estava sentada em cima da penteadeira e Treves estava parado entre as minhas pernas, com uma expressão que claramente indicava que ele estava se divertindo com a situação.
Desço rapidamente com a ajuda dele, e me viro para encarar minha mãe, que me olha com um misto de raiva e desaprovação. Sabia que essa conversa ia acontecer mais cedo ou mais tarde, mas ainda me sentia culpada.
Geralmente, as meninas contam tudo para suas mães, especialmente sobre perder a virgindade e como foi a experiência. Eu confio em minha mãe, mas desde que ela se envolveu com Henry, as coisas ficaram um pouco estranhas.
Não queria que ela me olhasse como está me olhando agora.
— Mãe, eu posso explicar — tento me afastar ainda mais de Treves, mas ele me puxa para perto, segurando firme em minha cintura.
— Desculpe por isso, senhora William — ele diz com uma voz educada e baixa. Eu arregalo os olhos surpresa com a forma como ele fala. — A culpa é minha.
Minha mãe o observa por um momento, seus olhos analisando cada um de seus traços, antes de se voltar para mim com uma expressão indecifrável.
— Qual é o seu nome, rapaz? — minha mãe pergunta, dando um sorriso para Treves antes de olhar para mim.
— Treves Campbell, senhora — ele se apresenta com um sorriso que parece ter derretido minha mãe.
Vejo um lampejo de reconhecimento nos olhos dela, seguido por um sorriso gentil, como se ela estivesse lembrando de algo. Talvez ela ainda lembrasse do garotinho fofo que frequentava a nossa igreja.
Acho que não.
— Apenas Keyla — ela diz para ele — já que você está aqui, fique para jantar conosco — ela termina e se vira para mim, seu olhar antes compressiva agora parecia que ela iria me enforcar — mais tarde teremos uma conversa, Daysha.
Revirei os olhos, meio exasperada.
Ela não me dá tempo para falar e sai do quarto, deixando a porta entreaberta. Me viro para Treves, tentando empurrá-lo em direção à janela.
Ele ri com humor e me joga na cama, vindo por cima de mim, seu rosto se aproximando do meu, invadindo todo o meu espaço pessoal.
— A porta está aberta — murmuro nervosa, tentando me levantar, mas ele é mais forte.
— Como eu me saí? — ele pergunta, e se não fosse Treves Campbell, eu pensaria que ele estava nervoso.
— Você não deveria ter conversado com ela. Eu teria resolvido as coisas do meu jeito — murmurei, parte verdade, parte desculpa. Ver Treves um pouco nervoso com minha mãe era algo inusitado.
Ele arqueia as sobrancelhas, fazendo uma careta pensativa.
— Por que você não queria que eu conversasse com a sua mãe? — Ele mordeu o lábio inferior, um gesto que eu sabia que significava que ele estava irritado.
— Eu não usei essas palavras — digo — agora você precisa sair pela janela e vou inventar algo para a mamãe.
— Você realmente gosta da adrenalina de ter um namorado às escondidas, não é, pastorinha ? — um sorriso meio debochado, apenas com um canto da boca levantado.
Sinto meu coração acelerar e forço um sorriso.
— Você não é meu namorado. Você não namora, esqueceu? — aponto com amargura na voz, e ele parece ter percebido.
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Intenções Perversas
RomanceDaysha Cupper, uma jovem evangélica de 17 anos, que enfrenta a mais dolorosa das dores: a perda de seu pai. Envolta em luto e lutando contra a depressão, ela se isola, buscando refúgio em sua própria solidão. Mas o silêncio de sua alma é perturbado...