NÃO REVISADO.
Quando entrei no carro, a única coisa que conseguia pensar era na pastorinha. Nada mais fazia sentido. Ela não deveria estar aqui, neste antro de loucos e drogados.
Caralho, por que justo aqui? Entre todos os lugares dessa cidade de merda, ela tinha que escolher aqui ?
Porra.
Minha mão passou pelo cabelo, num gesto brusco e frustrado. Era quase impossível desviar o olhar dela, especialmente com ela usando aquela roupa que gritava em silêncio, tão vulgar, tão gostosa. Era um pecado tecido em forma de roupa, destacando cada curva com uma promessa de perdição. Não posso negar que o vestido me agradou, mas maldição, ela não deveria estar usando isso, não aqui, não com todos esses olhares devorando o que é meu.
A raiva fervia em minhas veias. Estava puto, principalmente comigo mesmo. Pensamentos turbulentos me assolavam, e um deles era sair desse maldito carro e arrastá-la para longe do Nico.
Ele estava grudado nela a noite toda, e eu não conseguia fazer porra nenhuma para evitar. Ele até deixou de correr para ficar com ela, idiota.
A multidão estava em delírio, seus gritos formando uma sinfonia caótica que se perdia no estrondo dos motores. Garotas chamavam meu nome, mas porra, era inútil. Só uma estava conseguindo chamar minha atenção.
A cada olhar que ela roubava dos outros, eu sentia meu controle escorregar. Ela queria arruinar minha noite, e estava conseguindo. Eu não conseguia manter o foco, não com ela ali, gostosa pra caramba, sorrindo pra aqueles idiotas que só estavam procurando uma chance de fode-la.
Pisei no acelerador, sentindo o carro ganhar vida sob mim. O vento bagunçava meus cabelos, e eu olhei pelo retrovisor, vendo Jack rindo como um maníaco.
— Eu estou confiante que vou ganhar essa merda hoje, Campbell — ele gritou, mas eu ignorei, acelerando ainda mais, deixando apenas a fumaça para trás.
Meus olhos encontraram Cupper na multidão, e um sorriso involuntário surgiu em meus lábios ao vê-la sorrindo tão animadamente. Mas o sorriso desapareceu tão rápido quanto veio quando vi Nico deslizar as mãos ao redor dela, puxando-a para perto.
Um gemido baixo escapou de mim, e sem perceber, meu pé pressionou o acelerador, apertando o volante com força suficiente para deixar marcas na pele e o carro disparando para frente com uma velocidade surreal.
— Qual é, cara? — Jack gritou do carro ao lado, também acelerado. — Você quer morrer?
A adrenalina da corrida ainda pulsava em minhas veias quando o carro cruzou a linha de chegada, o rugido do motor ecoando como um trovão triunfante. Eu era o primeiro, como sempre...sou o vencedor, e enquanto saía do carro, os elogios começaram a chover sobre mim.
— Caralho, você arrasou cara. Vai participar da próxima corrida? — perguntou um dos caras, mas minha atenção já havia se desviado.
Meus olhos estavam fixos em Dy, parada perto de Nico, ela rindo docilmente para ele enquanto bebia algo. Uma onda de irritação me atingiu, quase tangível, como se uma corda estivesse sendo puxada apertada dentro de mim.
— Campbell? — Alguém gritou meu nome, mas eu já estava em movimento, ignorando a multidão e empurrando as garotas seminuas que se aproximavam.
Por que diabos eu estava me importando com aquilo? Se ela queria ficar com Nico, foda-se, era problema dela.
Cheguei ao lado de Dy e, sem hesitar, agarrei sua cintura com força, puxando-a para longe de Nico. Ele me encarou com raiva, uma sobrancelha franzida, enquanto Dy me olhava em questionamento.
— O que diabos você está fazendo? - ela questionou, e eu tive vontade de arrastá-la.
A raiva pulsava em minhas veias, prestes a explodir. Eu perco a cabeça só de imaginar aquele idiota tocando nela.
— Que caralhos você acha que tô fazendo? Não devia nem estar nesse lugar de putaria e agora tá se esfregando desse jeito nesse idiota — rosnei, meus dentes cerrados, os músculos do pescoço e dos braços tensos, as veias saltando feito cordas sob minha pele.
O desespero de sentir Dy se afastar de mim me fez segurar com mais força os cotovelos dela, impedindo-a de escapar.
— Que merda, Campbell. Você parece o pai da garota, estamos apenas conversando — disse Nicolas, intrometendo-se mais uma vez. Eu revirei os olhos, passando os dedos com força nos cabelos.
Olhei para Dy vendo a jaqueta dele enrolada nela. Por que caralhos ela usava a porra da jaqueta dele? Isso fazia parecer como se ela fosse algo dele, mas inferno. Ela não é nada dele. Peguei a jaqueta que Nico tinha emprestado a ela e joguei-a de volta para ele com força.
— Vai se foder, Nico! Fica longe dela, porra. Por que não entende logo essa merda? — disse com a voz baixa e rouca, arrastando Dy sem deixar que ela dissesse uma palavra.
Nico me olhou por alguns segundos com raiva, mas se afastou, sabendo perfeitamente do que eu era capaz quando mexessem com algo que me pertencia. Dy tentou se soltar dos meus braços, mas eu não permiti e a puxei de volta para os meus braços.
— Você tá tentando me enlouquecer? Quer que eu perca a cabeça? - grunhi, apertando-a mais forte contra o meu corpo.
— Não, essa não é a minha intenção. Não sei qual é o seu problema, para de se comportar como se fosse meu dono, porque não é e nunca será! - ela respondeu irritada, tentando se libertar.
— Você precisa respirar um pouco, eu tô indo embora — ela disse e tentou passar por mim, mas voltei a segurar seus cotovelos, fazendo-a se virar para mim.
— Onde pensa que vai? Pretende voltar lá com o Nico? — perguntei com mais raiva, e ela jogou a cabeça para trás, como se tentasse me ignorar.
— Você sabe a resposta, não é? - ela respondeu irritada, mas com sarcasmo claro na voz.
— E você acha que vou te deixar ir lá? — rio com humor — Nem fodendo eu vou te deixar chegar perto daquele idiota.
— Então agora você vai me vigiar? - ela perguntou, olhando para mim com raiva. Não a responde, apenas dei aquele sorrisinho que sabia que iria deixá-la irritada — Vem cá, você não vai correr? — ela voltou a perguntar.
— Claro que vou correr - respondi, começando a andar, puxando-a atrás de mim. Ela tentou empurrar as minhas mãos, se debatendo como uma criança mimada.
— Treves...o... que você está fazendo? - egaguejou quando soltei-a, agora estávamos em um dos boxes que ficava ali. Ela se virou para olhar ao redor e depois para mim.
— Seja uma boa menina e fique aqui - disse, me afastando para trancar a porta, ela foi mais rápida segurando o meu braço com força.
— Você não vai me prender aqui, vai? - ela perguntou, incrédula. Abaixei a cabeça e dei um sorriso cínico para ela.
— É exatamente o que estou fazendo.
— Você não pode simplesmente me trancar em um quartinho qualquer. Você ficou louco? - ela perguntou, parecendo estar ficando nervosa.
Ignorei e fiz ela soltar os meus braços, indo em direção à porta e com rapidez trancando-a lá. Escutei-a batendo na porta com desespero.
— Treves, você não pode me deixar aqui...- ela gritou com a sua voz falhando.
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Intenções Perversas
RomanceDaysha Cupper, uma jovem evangélica de 17 anos, que enfrenta a mais dolorosa das dores: a perda de seu pai. Envolta em luto e lutando contra a depressão, ela se isola, buscando refúgio em sua própria solidão. Mas o silêncio de sua alma é perturbado...