Capítulo 45

5.6K 359 26
                                    


— Amor, o que aconteceu? — minha mãe correu até a porta, oferecendo suporte para Henry se manter de pé.

Ao vê-lo, cobri a boca com as mãos em choque. Ele estava em um estado lastimável, como se tivesse sido atropelado por uma frota de ônibus. Seu rosto estava ensanguentado, adornado com curativos ineficazes, e seu pé esquerdo estava visivelmente deformado.

— Abre logo essa merda! —  ele gritou para minha mãe, que estava tão atônita quanto eu. Ela abriu a porta e ele entrou, lançando um olhar fulminante em minha direção.

Mesmo ferido, ele avançou sobre mim com uma força surpreendente, agarrando meus braços de forma que eu sabia que deixaria marcas.

— Sua puta! — ele berrou, erguendo a mão para me bater, mas minha mãe foi mais rápida e segurou seu pulso. Com ele machucado, ela não teve dificuldade em contê-lo.

— O que você...— minha mãe começou a perguntar, mas foi interrompida por um empurrão violento que a fez cair e bater a cabeça com força.

De alguma forma, consegui me desvencilhar e corri até ela.

Henry me encarou com ódio nos olhos. Parecia me culpar pelo seu estado lastimável.

— Eu amaldiçoo o dia em que conheci você e essa puta —  ele rosnou com raiva.

Agachei-me ao lado da minha mãe, examinando cuidadosamente sua cabeça para verificar se ela havia se ferido gravemente. Por sorte, a queda não tinha sido tão forte quanto parecia.

— Do que está falando? O que minha filha tem a ver com o que aconteceu? — ela questionou, tão confusa quanto eu.

Eu detestava Henry, mas não tinha culpa no que aconteceu com ele. Nunca nem mencionei nada a ninguém; eu mal conhecia alguém neste mundo além de Beth e agora Shana... E Treves.

Mas eu sabia que Treves não teria feito isso; ele não se importava o suficiente para isso. Não era da sua conta.

— Essa vadiazinha fez com que os seus homens fizessem isso, — acusou Henry.

Minha mãe me lançou um olhar inquisitivo. Era estranho; ela é minha mãe e sabe que eu não seria capaz de tal ato.

As palavras de Henry eram absurdas, mas ver minha mãe duvidar de mim me fez questionar se ela realmente merecia ser chamada de mãe.

— Você... — ela começou a dizer algo, mas eu me levantei rapidamente.

— Não, eu não sei do que ele está falando.

— Sua vadia mentirosa!

Peguei minha bolsa e celular para ir embora. Henry tentou agarrar meu braço para me puxar de volta, mas estava muito fraco para me seguir como antes.

Corri até a porta e a fechei com força atrás de mim. Fiquei parada por alguns segundos olhando para a rua deserta.

Como seria se meu pai ainda estivesse aqui? Com ele vivo, nunca me senti sozinha ou perdida. Agora, onde quer que eu fosse ou o que quer que fizesse, não conseguia escapar da sensação de ser indesejada.

Não era uma sensação boa; pelo contrário, era a pior sensação do mundo.

...

— Está aqui o seu suco de morango e um mishik para a linda senhora — disse com um sorriso ao servir o casal na mesa. Eles retribuíram o sorriso e eu me afastei para pegar mais pedidos.

Era sábado e o dia parecia arrastar-se mais lentamente do que deveria. Após o incidente, vim direto para a lanchonete e comecei a atender algumas mesas na esperança de que meu turno passasse rápido. Mas parecia que eu estava apenas começando.

Intenções Perversas Onde histórias criam vida. Descubra agora