- Temos mesmo que estar aqui? - Beth perguntou pela enésima vez, com um tom de voz que misturava tédio e frustração. Será que era tão chato assim passar um sábado à tarde comigo na igreja?Parei de varrer e me virei para ela, lançando um olhar irônico. Beth fez uma careta em resposta.
- Já estamos quase no fim do ano letivo. Não acha que é um bom motivo para agradecer a Deus por ter passado em quase todas as matérias? - provoquei.
Beth atirou a toalha que estava usando para limpar na minha direção, mas desviei a tempo e mostrei a língua para ela.
- Fala sério - resmungou, voltando à limpeza. - Aposto que todo mundo está curtindo uma daquelas festas de fraternidade ou participando de um racha super animado.
- Você não é todo mundo - retruquei, dando alguns passos para trás, pronta para fugir de qualquer retaliação.
Ela me ignorou por um momento, mas logo pegou o celular e virou a tela para mim, mostrando uma festa cheia de adolescentes dançando e se divertindo.
- Legal, né? - disse sarcasticamente.
Olhei para a tela e depois para ela, girando os braços dramaticamente.
- Isso também é legal - declarei, mas não consegui segurar o riso.
Apesar de estar numa igreja ser algo que sempre gostei, limpar por quase duas horas estava começando a parecer uma diversão um tanto esquisita.
- Tão legal que acho que vou desmaiar - disse ela, guardando o celular com um sorriso irônico. - E falando em festas, onde está o babaca do seu namorado?
Eu não fazia ideia de onde Treves poderia estar. Festas, corridas ilegais, muitos lugares onde ele poderia estar, mas que sabia perfeitamente que não deveria.
Eu não curto muito essa coisa de ser uma namorada controladora, mas quando estabelecemos algumas regras, o básico é ele não ir a qualquer festa sem mim.
Sai dos meus pensamentos e dei de ombros para Beth, que me olhava com uma sobrancelha arqueada.
Nós duas seguimos em silêncio, cada uma focada em seu trabalho. Não passou mais de dez minutos e ouvimos o som de carros se aproximando. Saímos para ver o que estava acontecendo.
- Uau, ele não desgruda mais - murmurou Beth, olhando para Treves e depois para Jack e Donovan. - E ainda por cima tinha que trazer os outros idiotas.
Meus olhos vasculharam o entorno, procurando por Nicolas, mas não havia sinal dele.
Eu realmente não sei se eu estava feliz ou triste por ele ter de repente começado a ignorar a minha existência.
Treves tirou os óculos de sol e veio em minha direção, beijando minha testa antes de fazer uma careta ao olhar para Beth. Claramente, Treves também gostava de irritá-la.
- Oi pra você também, Srta. Jones.
- Você poderia me fazer um favor? Esqueça meu nome.
- O que vocês estão fazendo aqui? - perguntei, tentando acabar com a troca de farpas infantil dos dois.
- Eu fiquei com saudades da minha linda cunhadinha - Jack foi o primeiro a responder, como sempre.
Beth ao meu lado fez uma careta, parecendo um pouco surpresa. Acho que ela não considera a ideia de eles serem legais comigo ou qualquer outro ser humano no planeta.
Eu, por outro lado, estava um pouco acostumada, porque ultimamente Jack e Donovan pareciam realmente terem sido substituídos por bons garotos.
Talvez seja pelo bebê que eles sabem que eu estou esperando.
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Intenções Perversas
RomanceDaysha Cupper, uma jovem evangélica de 17 anos, que enfrenta a mais dolorosa das dores: a perda de seu pai. Envolta em luto e lutando contra a depressão, ela se isola, buscando refúgio em sua própria solidão. Mas o silêncio de sua alma é perturbado...