Os dias se passaram e eu retornei à escola como se nada tivesse acontecido, não havia sinal de Treves por lá. Às vezes, me pegava apenas olhando para a mesa onde ele costumava se sentar, mas só encontrava sua gangue. Nico e eu continuamos conversando normalmente; às vezes ele ia para a lanchonete e depois para a biblioteca.
Em poucos dias, parecia que ficamos mais próximos. O que era bom, eu gostava da companhia de Nico.
— Qual é a novidade? — Shana sentou-se ao meu lado, virada para Beth.
— Me diga você. O que aconteceu com o Treves?
Estava comendo, e foi automático virar para olhar Shana com um sorriso largo no rosto, mostrando todos os dentes.
— Eu sei que vão enlouquecer, mas eu tenho que contar. Eu transei com Treves — ela murmurou animada e Beth ficou estática, sem reação.
Eu não sabia como deveria reagir a essa informação. Isso não me dizia respeito, ele deixou isso bem claro. Eu e Treves não tínhamos absolutamente nada, mas só Deus sabe como ouvir isso machucou.
Não sabia por que doía tanto.
Nem tinha passado uma semana desde o que aconteceu entre nós e ele já estava dormindo com outras pessoas. Eu não me importo, mas tinha que ser justo Shana?
Eu sabia que não tínhamos nada, mas a ideia dele ter ficado com Deus sabe quem não me agradou.
— E como foi? — Beth voltou à realidade e perguntou, com toda a atenção voltada para Shana.
— Você não está brava? — questionou Shana, olhando para Beth, que deu de ombros sem grande preocupação.
— Estava, mas fazer o quê? Ele já te comeu mesmo. Enfim, como foi? Ele é bom como as garotas falam?
— Ele foi perfeito, foi gentil e muito educado comigo — ela respondeu suspirando maravilhada.
Apenas escutava, em silêncio, enquanto mexia o garfo na salada que comia. Estava sem apetite ultimamente.
Tudo que comia me fazia querer vomitar.
— E o tamanho? — Beth perguntou sem rodeios, me fazendo engasgar com a saliva. — Ele é grande?
Olhei para Shana, esperando uma resposta que eu já sabia perfeitamente.
— Ele é grande — ela respondeu animada — muito grande.
— Quantos centímetros? — Beth perguntou novamente.
— Não sei, talvez uns 25? 26?... não sei, mas é grande.
— Você usou proteção, certo? — Beth murmurou pegando uma batata frita.
Proteção? A pergunta era para Shana, mas parecia que eu estava mais preocupada do que ela.
Treves não usou proteção... Ele gozou literalmente dentro de mim.
Minha respiração estava agora acelerada e olhei para Shana, esperando uma resposta.
— Não que me lembre. Mas o que pode acontecer de tão ruim? - ela questionou minha inquietação, e meus olhos se voltaram para Beth.
Beth terminou de beber seu refrigerante e se virou para Shana.
— Na primeira vez de uma garota, há mais possibilidade de engravidar, sem contar as doenças. Todos sabem o quão rodado é o Treves — deu de ombros.
Mordi os lábios com força enquanto passava as mãos no cabelo, sentindo meu coração acelerar. Engravidar de Treves?
Eu só tinha dezessete anos e, além disso, ele é um idiota... O que eu faria? E se eu estivesse grávida?
Não.
Não.
Não.Era só minha imaginação. Eu não estava grávida, que ideia.
— Merda — ela passou as mãos na cabeça — não há algo que possa tomar? Tipo alguma pílula?
— Não sou especialista no assunto, mas acho que deveria tomar a pílula do dia seguinte. Talvez pergunte a alguém que saiba mais sobre isso? — Beth disse parecendo nervosa pela Shana.
— Eu tenho que ir — disse e me levantei, correndo para o banheiro sem esperar por uma resposta.
Entrei no banheiro, joguei água no rosto, tentando recuperar o controle.
Estava sendo difícil raciocinar.
— Com quem foi?
Levantei a cabeça e olhei para Beth no reflexo do espelho atrás de mim.
— Com quem foi o quê? — perguntei com dúvida, me virando pra ela.
— Com quem você perdeu a virgindade?
— Não sei do que está falando — menti, forçando um sorriso — Por quê...
— Eu não estou nem vou te julgar, Dy — ela me interrompeu, se aproximando.
— Não aconteceu nada... Você está pensando demais.
Ela suspirou, afastando-se.
— Achei que fôssemos amigas. E pensei que me conhecesse o suficiente para saber que eu não te julgaria, não importando quem fosse.
Ela terminou e saiu rapidamente do banheiro, sem me dar a chance de falar. Gemi, passando as mãos na cabeça.
...— Você parece frustrada — Nico apareceu ao meu lado e com cuidado removeu o livro que cobria meu rosto.
Depois de encerrar meu turno na lanchonete, segui diretamente para a biblioteca, sabendo que encontraria Nicolas. Ele é a única pessoa que não me cobra nada.
Ele me escuta e sabe o momento perfeito para falar. Tudo nele é simplesmente perfeito e incrível.
Eu sorri e, sem perceber, dei um abraço, envolvendo as mãos ao redor do seu pescoço. Eu precisava daquele abraço mais do que pensava.
Ele não hesitou em me abraçar de volta, envolvendo os braços ao redor da minha cintura e me mantendo firme. Seu cheiro, agora familiar, me envolvia perfeitamente, fazendo-me desejar permanecer em seus braços por séculos.
Sem dizer uma palavra, ele apenas me abraçou de volta. Após um momento, nos separamos, e eu sorri divertida para ele.
— Dia cansativo? — ele perguntou, ajustando-se ao meu lado; seus braços passaram ao redor do meu ombro, puxando-me para perto.
Não reclamei; pelo contrário, a sensação de estar em seus braços era reconfortante.
— Muito — murmurei. — Mas agora estou melhor. Você é realmente o meu ombro amigo.
Ele me olhou seriamente por um momento e depois desviou o olhar, concordando silenciosamente.
— Hoje é sexta-feira, o que pretende fazer no sábado? — ele perguntou, parecendo querer logo desviar o foco do assunto.
— Eu tenho culto. E você? — responde simples.
— Eu estava pensando que você gostaria de ser minha acompanhante em uma daquelas festas de fraternidade — ele disse sorrindo.
— Infelizmente não tem como. É importante. Faz tempo que não participo dos cultos — disse a verdade.
Parece que desde que Treves entrou na minha vida, eu esqueci completamente da igreja.
— Que tal você ir comigo nessa festa e prometo ir na sua igreja? — ele sugeriu.
— Tenho outra proposta — disse, com um sorriso travesseira.
— Hum?
— Se você ficar uma semana sem fumar e prometer que vai todos os sábados no culto comigo, eu vou com você. — disse, levantando o dedo mindinho.
Ele se aproximou, seu rosto quase colado no meu, e sorriu.
— Por que se preocupar se eu fumo ou não? — ele questionou.
— Fumar é um mau hábito e faz mal para a saúde. — dei de ombros.
Ele não disse mais nada e juntou seu dedinho no meu, selando a promessa.
— Fechado, mas só por você. Só pra ter mais tempo com você, Day.
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Intenções Perversas
RomanceDaysha Cupper, uma jovem evangélica de 17 anos, que enfrenta a mais dolorosa das dores: a perda de seu pai. Envolta em luto e lutando contra a depressão, ela se isola, buscando refúgio em sua própria solidão. Mas o silêncio de sua alma é perturbado...