- Entregue - Treves fez um gesto de falso cavalheirismo e revirou os olhos.
Eu passei a noite inteira tentando me manter longe do Treves, mas nada funcionava, e eu sempre voltava para ele de um jeito ou de outro. Eu sei que não é sensato dizer que quer se afastar de alguém e, nos próximos minutos, estar em seus braços.
E eu me sinto culpada, mais do que nunca, porque não posso acusar Treves e dizer que a culpa foi simplesmente dele. Porque eu correspondi àquele beijo, eu desejei por mais; cada toque dele era como se fosse uma droga.
Talvez o cansaço não estivesse me ajudando com o raciocínio, mas quem estou enganando? Quando estou perto de Treves, eu não penso; é como se eu esquecesse quem sou, os meus princípios. Tudo.
Agora estávamos parados na porta da minha casa, e eu usando a jaqueta do Treves. Era irônico como eu julgaria qualquer garota que eu visse usando sua jaqueta, e agora eu estava usando e parecia ser a minha roupa favorita do mundo.
Quantas garotas vestiram essa jaqueta?
- Tchau - murmurei, voltando a mim. Eu estava infeliz por mais uma vez ter caído, sem pensar, nos braços do Treves.
Eu sei que não deveria ser assim; o Treves só faz isso porque eu sou uma presa difícil. Para ele, eu sou um passatempo, e assim que as coisas ficarem diferentes, ele vai sumir e procurar outra. Essa ideia não é muito agradável de pensar.
- Você vai me abandonar assim depois de me usar? - fez uma careta. - Deixe-me ficar, Dy - ele pediu, olhando para dentro da casa por trás de mim.
Hoje parece que era meu dia de sorte, pois meu padrasto não estava aqui, e minha mãe deve estar dormindo no quarto. O Henry tinha aqueles protocolos idiotas de sair todas as terças para ir beber e só voltava de madrugada.
E nas manhãs seguintes, ele fazia minha vida um inferno.
- Não estou para brincadeiras. Tchau - tentei me virar, mas ele me segurou.
- Você não pode me deixar assim - ele se aproximou de mim, e pude sentir seu cheiro tóxico de cigarro me envolvendo. - Não tenho para onde dormir. O que Santa Paz acharia disso?
- Boa noite - disse, me virando. - Aposto que você tem muitas candidatas para passar a noite - não pude evitar.
- Está com ciúmes? - perguntou com sarcasmo, o que me deixou irritada.
Ciúmes não seria exatamente a palavra certa para o que estou sentindo. Apenas acho que ele não tem o direito de me incomodar enquanto tem milhares de garotas à sua espera.
- Não seja tão confiante - disse e o empurrei, mas ele nem se mexeu. - Treves, estou com sono.
Ele me ignorou e passou por mim, indo em direção à campainha. Segurei suas mãos antes que ele pudesse tocar a campainha.
- O que está fazendo? - minha voz estava um pouco alterada pelo nervosismo.
- Quero avisar a senhora Cupper que trouxe a filha dela para casa - ele piscou para mim.
- Tudo bem, tudo bem - repeti, pensando em uma solução. - Você pode ficar no meu quarto esta noite e dormir no chão.
- Não aja como se fosse a nossa primeira vez dormindo juntos - ele pegou em meu pulso e me levou para dentro como se a casa fosse dele.
Entramos em silêncio e olhei ao redor; as luzes estavam apagadas, e tudo parecia tão tranquilo, menos meu coração.
Subimos as escadas em silêncio e entramos no meu quarto. Logo, a luz se acendeu, e Treves começou a olhar ao redor.
- Não achei que fosse fã de ursinhos - ele zombou e caminhou até Day.
Day era o nome da minha ursinha de pelúcia; eu sei que sou um pouco grande para isso, e tentei me livrar dela várias vezes. Mas era um dos presentes do meu pai.
Ele pegou a ursinha e sorriu, olhando para ela de um jeito estranho. Ele parecia tão lindo e tranquilo que, por um segundo, esqueci do verdadeiro Treves.
- Me dá isso - pedi, caminhando para perto dele, mas assim que cheguei perto, suas mãos agarraram minha cintura, e ele me jogou na cama.
- Isso não era para estar acontecendo - ele murmurou, e fiquei surpresa com o tom sério de sua voz. Desde a manhã, ele parecia estar brincando comigo.
Mas acho que prefiro brincando do que sério. Eu não sei como agir com sua seriedade e temo que ele vai dizer algo que vai me deixar magoada.
- O que? - resolve perguntar, mesmo temendo sua resposta.
- Caralho - ele suspirou fundo e seus olhos escuros como a noite vagaram lentamente pelo meu rosto e pararam nos meus lábios - Eu preciso de você, Dy.
Olhei para o seu rosto e sua respiração ofegante. Não sei como agir com essa informação.
- T-Treves....- suas mãos desceram lentamente até a barra do meu vestido e ele me olhou, procurando uma confirmação.
Eu não deveria desejar ele como estou desejando agora. Cada parte do meu corpo está gritando por ele em um nível que está me deixando louca. Mas eu não posso fazer isso.
- Treves.... - eu tentei dizer não, mas é como se a palavra não estivesse querendo sair.
Suas mãos levantaram o meu vestido e ofeguei, sentindo a respiração falha.
- Eu... Treves - eu finalmente volto a mim e seguro seu braço. Ele me olhou, raiva e irritação passaram pelo seu rosto e, por fim, se levantou por cima de mim.
Eu não sei o que era pior: eu por querer Treves tão desesperadamente ou Treves por tentar fazer isso comigo. Afinal, ele não me odeia?
- Eu... - achei que deveria dizer algo.
- Vai dormir - ele se levantou furiosamente na cama e tentou se afastar, mas agarrei seu braço. Eu ainda estava sentada na cama e ele em pé.
Era um pouco intimidador.
- Pare de fazer o que está fazendo comigo, Treves - digo sem controle das minhas próprias palavras.
- E o que estou fazendo, pastorinha? - ele levantou as sobrancelhas, parecendo se divertir.
- Pare de brincar comigo - confesso baixinho.
Ele não diz nada e me olha sério por alguns segundos que parecem ser séculos. E se abaixa, sentando na beira da cama e me puxando para si.
- Eu não estou brincando, Cupper, pelo menos não desta vez - ele garante com uma voz rouca e séria.
- Me deixa ir, por favor Treves - supliquei baixinho, sem coragem de olhar para ele.
- Eu sei que estou ferrado, mas não consigo. Eu não posso, Dy - sinto um beijo no meu pescoço e estremeço, e em um ato sem pensar, tiro os cabelos do meu pescoço, dando a ele uma passagem livre - Amor, que caralhos você está fazendo comigo?
- Eu não estou fazendo nada - respondo e fecho os olhos, sentindo ele suga a minha pele com força. Isso não é o suficiente, eu preciso muito mais dele.
Ele volta a me deitar na cama, ficando por cima de mim. Suas mãos acariciaram o meu rosto e um sorriso escapou de seus lábios, ele se aproximou do meu rosto.
Parecia que meu coração ia pular do peito. Eu nunca estive assim com alguém, é a minha primeira vez.
Ele parou perto dos meus lábios e fecho os olhos com força, esperando o toque dos seus lábios nos meus, mas não sente nada. Eu abre os olhos vendo-o ri.
"Você está pingando por mim, pastorinha - ele disse com a voz rouca e baixa - Me diz o que você quer que eu faça.
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Intenções Perversas
RomanceDaysha Cupper, uma jovem evangélica de 17 anos, que enfrenta a mais dolorosa das dores: a perda de seu pai. Envolta em luto e lutando contra a depressão, ela se isola, buscando refúgio em sua própria solidão. Mas o silêncio de sua alma é perturbado...