Dois anos se passaram. Dois malditos e intermináveis anos. Eu tentei de tudo para superar, pensei que seria fácil. Tomei um monte de merda para tentar esquecer, mas nada adianta.Ela continua presa na minha mente, coração, corpo e não sei mais o que fazer.
Acordo todos os dias com vontade de acabar com essa merda. Ao olhar para as fotos dela sorrindo, me pergunto por que ela, justo ela?
Por que infernos ele tinha que tirá-la de mim? Eu me ajoelhei suplicando que me desse uma única chance de ter Dy de volta. Por que Deus tinha que me castigar assim?
A culpa está me matando.
- Com licença? - uma voz sussurra atrás de mim. Me viro e vejo uma garota me entregando uma rosa branca. Encaro-a sem expressão. - Eu sei que deve ser difícil perder alguém... deve estar se culpando, se questionando... mas não é sua culpa - ela sorri, dando mais um passo. - Ela era sua namorada? - pergunta, olhando a placa com o nome da Dy. Seu sorriso é doce.
- Ela gostaria que você não ficasse tão triste.
Observo seus traços, incrivelmente parecida com a Dy, até mesmo o sorriso. Doce e ingênuo.
Seus cabelos balançando no ombro, a cor viva dos fios.
Os grandes olhos castanhos...
- Não deveria ficar falando com estranhos em um cemitério - digo, colocando as mãos nos bolsos da jaqueta, começando a me afastar.
Ela ri, uma risada viva.
- Acredite, você é tudo, menos um estranho - sua voz transborda alegria.
Vejo seus passos se aproximarem de novo.
- Quando se sentir triste, olhe para essa rosa... vai te ajudar a se sentir melhor. Você é jovem, mesmo amando essa garota, ela é passado. Então, por favor, viva sua vida - ela dá um passo rápido à frente, envolvendo meus ombros num abraço.
Seu cheiro, igual ao da minha garota, ao da Daysha. Não sei o que está acontecendo, parece que meu corpo está atraindo essa garota, e meus braços a envolvem, apertando-a contra o meu peito.
Se for um sonho, por favor, não me acorde. Deus, nunca pedi nada, só me deixe ficar com Dy.
- Você é forte... - ela começa, sua voz um pouco trêmula - Não fique triste, por favor. Sua namorada não gostaria disso... ela também ficaria triste - termina, tentando se afastar, mas a seguro com força, enterrando minha cabeça na curva de seu pescoço.
- Não vá embora. Fique comigo... - murmuro, os olhos marejados.
Ela suspira, afastando-se. Estende as mãos para tocar meu rosto, mas hesita.
- Tenho que ir - baixa as mãos, rindo, olhando para o túmulo com tristeza. Os olhos úmidos, prestes a chorar. - Prometa que não vai ficar triste...te ver chorando me destrói de uma forma dolorosa e eu não sei o porquê.
- Dy... - murmuro, olhando para ela, aproximando os dedos de seu rosto, memorizando cada detalhe.
- Treves... - ela chama baixinho - Você precisa ir. Esqueça de mim, por favor. - se afasta, dando passos para trás - Você vai ser um ótimo médico, marido, pai. Terá tudo o que sempre quis, não se prenda a essas lembranças - a cada passo que dá, parece que fica mais distante, já não a vejo, nem sinto mais seu cheiro. Sua presença se esvai.
- Dy...
- Você precisa ir e deixá-la ir também. - ela diz, baixo. - Se ficar triste, ela também ficará, você é quem ela mais ama.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Intenções Perversas
RomanceDaysha Cupper, uma jovem evangélica de 17 anos, que enfrenta a mais dolorosa das dores: a perda de seu pai. Envolta em luto e lutando contra a depressão, ela se isola, buscando refúgio em sua própria solidão. Mas o silêncio de sua alma é perturbado...