Capítulo 58

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— Qual faculdade você quer fazer? — Treves pergunta de repente enquanto fazia cafuné nos meus cabelos.

Depois de termos dormido juntos, Treves pediu comida para nós. Eu queria cozinhar, achava um desperdício de dinheiro pedir coisas, e também descobri que Treves raramente comia em casa. Infelizmente, não havia nada na geladeira além de sorvetes, bebidas e algumas frutas.

Olhando para o tipo de comida que ele escolheu, me pergunto como ele consegue manter seu corpo daquela forma.

Optamos por pedir a comida. Eu estava um pouco cansado para sair e comprar ingredientes para cozinhar o que eu tinha em mente.

— Psicologia... - respondo em dúvida, me aconchegando mais em seus braços.

Quem diria que eu poderia estar assim nos braços de Treves Campbell e me sente tão relaxada?

— Por que as pessoas com as mentes mais fodidos sempre querem ser psicólogas? — pergunta parecendo se divertir.

— Minha mente está em perfeito estado. - eu digo, levantando a cabeça de seu peito nu e olhando para ele.

— Não parece. - solto um soco brincalhão em seu braço e ele geme de forma dramática. — Mas eu gosto disso em você.

— Você gosta que eu seja uma pessoa quebrada? - pergunto, erguendo uma sobrancelha.

Ele ignora minha pergunta e acaricia meu rosto, seu olhar percorrendo cada centímetro do meu corpo como se estivesse observando uma obra de arte.

Gostava da forma como Treves me olhava, como se eu fosse a coisa mais importante para ele, mesmo sabendo que não era, mas seu olhar dizia outra coisa.

É uma tolice estar apaixonado por alguém que não sente o mesmo, mas simplesmente não consigo ordenar que meu coração pare de bater tão forte por ele.

Seria fácil amar e parar de amar alguém apenas por saber que ele não é a pessoa certa. Durante toda a minha vida, esperei alguém como meu pai: educado, gentil, esforçado, com bons hábitos.

E agora, de repente, me vejo aqui... Apaixonado por alguém completamente diferente do que eu imaginava.

— Você é diferente, Dy e eu gosto disso - ele murmurou, parecendo surpreso consigo mesmo, e depois sorriu, depositando um beijo lento em minha testa.

— Isso parece algo que Treves Campbell diria para levar uma garota para a cama — brinco, desviando o olhar.

— Eu já te come - ele beija meu rosto — eu não preciso mais mentir.

— Você poderia escolher palavras mais adequadas para descrever o que tivemos — não gostava quando ele usava essas palavras, soava como se eu fosse apenas mais uma das garotas com quem ele se envolvia.

E eu era.

Treves faz uma careta, como se entendesse o motivo, e reviro os olhos.

— Tivemos uma noite de amor - ele murmurou e ri. Essas palavras pareciam desconfortáveis para ele.

— Viu? - cutuco seu braço — Não é tão ruim falar dessa forma.

Ele revira os olhos e me puxa para deitar sobre seu corpo, com as pernas envoltas em sua cintura.

— E você? O que deseja fazer após a escola? — pergunto, tentando me acostumar com a proximidade.

— Não sei — ele responde simplesmente.

Penso por um momento, tentando encontrar algo que Treves poderia gostar de fazer.

— O que você gosta de fazer? — pergunto.

— Sexo — ele responde naturalmente, e mais uma vez reviro os olhos.

— Uma profissão — esclareço.

Ele me olha nos olhos com um sorriso malicioso, e seus olhos brilham.

— Sexologia — tento me afastar de seu colo, mas ele me puxa, rindo.

— Treves... — ameaço.

— Tudo bem — ele retira as mãos de minha cintura e as coloca atrás da cabeça, pensativo — Eu nunca pensei nisso. Talvez medicina.

Olho para ele deitado, com as mãos atrás da cabeça, observando seu cabelo bagunçado e suas tatuagens quase cobrindo seu pescoço. Nunca imaginei que alguém como Treves poderia se interessar por medicina.

— Eu não imaginava que você gostasse dessa profissão — revelo meus pensamentos, mas ele parece não se importar.

— Bem, nem eu — ele para por um instante — Apenas acho interessante. Sei lá.

Fico o avaliando por mais alguns segundos.

— Você sabe que não poderá fumar em ambiente hospitalar, certo?

— De qualquer forma, parei de fumar — ele olha para mim — Certa garota não gosta do cheiro.

— Então, finalmente, o Senhor Campbell está admitindo que se importa com essa garota?

— Continuo não me importando — faço uma careta — Mas preciso dos meus momentos de sexo com ela.

— Você é um idiota, sabia?

Desvio o olhar para o relógio perto da cama. Estava ficando tarde e eu precisava ir para casa ou para qualquer outro lugar. Não acreditava que havia passado quase um dia inteiro com Treves.

Com cuidado, me levanto de seu colo e Treves faz o mesmo, vestindo sua camisa.

— Eu te levo para casa — ele diz, calçando suas botas.

— Não precisa. Posso pegar um ônibus.

— Para você se encontrar "acidentalmente" com o idiota do Nico? Não, obrigado.

— Não vamos começar com isso de novo — digo tentando manter a calma — apenas estávamos conversando.

— Sabe que agora estou curioso para saber sobre o que era a conversa?

— Sabe que eu também estou curiosa para saber sobre o que você conversou com Shana antes de dormir com ela? — forcei o meu melhor sorriso.

— Que porra de obsessão você tem com aquela garota? Eu transei com ela uma vez, mas toda vez que conversamos você volta a falar dela! — ele rosna com raiva.

— E qual a sua obsessão com o Nicolas? Nós dois sabemos que eu não faço metade das coisas que você fez com Shana — gritei para ele.

Eu sabia. Tinha que ter uma discussão, não importava o quanto eu tentasse evitar. Ele era assim.

Ele passa as mãos na cabeça, mas não diz nada.

— Não tente me cobrar nada. Eu só não tenho nada com Nico porque não quero. Não ache que você tem algum direito sobre mim ou sobre meu corpo por termos transado algumas vezes.

Eu estava tão brava que nem pensei antes de dizer aquelas palavras. Procurei pelo meu celular e, assim que o encontrei, virei para ir embora.

— Olha, não foi o que eu quis dizer — ele murmura nervoso — É verdade, transei com a garota. Não vou negar, mas juro pela minha vida que não era o que eu queria. Eu errei, merda, eu sei perfeitamente disso, mas eu... — ele parecia perdido, tentando procurar uma resposta.

— Pelo amor de Deus. Pare de se explicar para mim.

Digo e saio da casa, fechando a porta na sua cara antes que ele podesse se aproxima de mim.

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