Capítulo 81

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Treves Campbell.

Ele gosta de carros, tem uma péssima reputação e é viciado em cigarros ou qualquer substância que podem levá-lo à morte antes dos 20 anos. Ele é o tipo de cara que vive sem arrependimentos. Tudo nele grita perigo e problemas, mas, de alguma forma assustadora, ele me prende. Um dia eu o odeio, e no outro me vejo gritando o seu nome. É um amor insensato, uma loucura que às vezes duvido ser amor, mas tenho absoluta certeza disso. Treves Campbell é instável, e ele só quer uma coisa, sexo. Eu também quero apenas uma coisa, seu coração... uma coisa que eu pensei que ele não podesse me oferecer, mas agora eu sei que Treves Campbell tem um coração.

E me pertence.

Como o meu pertence a ele desde o primeiro dia que o vi naquela igreja, perdido e mesmo que fosse apenas uma criança o seu olhar era tão quebrado que me fazia querer consertá-lo.

Ele me faz sentir estranha e muito louca, quando estou com ele parece que não sou a mesma pessoa, tudo com ele é tão intenso e droga, é muito bom.

Por exemplo, eu nunca, jamais pensaria em transar no túmulo do meu pai... é estranho e muito louco como eu simplesmente esqueci o local onde estava e apenas quis estar em seus braços e senti os seus beijos.

É pecado ter feito aquilo, eu sei e tenho plena consciência disso, mas não consigo me controlar quando estou com Treves, não consigo estar nos braços dele pensar nas coisas com clareza.

Ele me deixou completamente viciada no corpo dele.

- Eu te machuquei? - ele pergunta realmente parecendo estar preocupado com o estado que me deixou.

Tão fofo...nem parece o cara de agora, aquele que estava quase implorando para que o deixasse me foder em cima do túmulo do meu pai.

Ainda estávamos sentados no cemitério, eu sentada em cima do colo de Treves enquanto suas mãos rodeavam minha cintura e sua cabeça no vão do meu pescoço de vez em quando depositando beijos por lá.

É menos estranho do que parece estarmos em um cemitério do que certamente estão pensando.

Bom, é realmente estranho foder em um cemitério cheio de mortos.

- Treves - chamo por ele, e ele abaixa o olhar para os meus, um sorriso suave se formando em seus lábios carnudos.

- Hum?

- Você gostaria de ter filhos? - pergunto, minha voz tremendo levemente, sem saber se realmente queria ouvir a resposta.

Treves não parece o tipo de cara que pensa em ter filhos, mesmo que tenhamos finalmente conseguido nos estabelecer. Tenho medo da sua reação ao que estou prestes a contar.

Ele para por um momento, me olhando em silêncio. Seus olhos descem lentamente até minha barriga, e ele sorri.

- O que foi? - pergunto, erguendo as sobrancelhas, sentindo a raiva crescer. Entendo que talvez ele não queira ser pai agora, mas não precisava rir de mim.

- Podemos tentar fazer um bebê agora, se você quiser - diz safado, e eu reviro os olhos.

- Estou grávida.

Treves simplesmente congela, como se esperasse e ao mesmo tempo não esperasse por essa notícia. Seus olhos voltam para minha barriga pela segunda vez, e depois ele me olha novamente.

Não sei exatamente quantos segundos ou minutos se passaram com ele apenas olhando para minha barriga. Foi uma péssima ideia contar para Treves.

Em que eu estava pensando? Não é como se ele fosse ficar feliz por eu estar grávida e fazê-lo pai tão jovem.

Queria dizer muitas coisas, mas me sinto travada.

Crio coragem e me levanto para ir embora.

Por que pensei que algo seria diferente?

- Porra - ele finalmente murmura, passando as mãos com força pelos cabelos. Um sorriso hesitante aparece em seus lábios. - Porra - ele parece só conseguir formular isso.

Eu olhei para ele com as sobrancelhas erguidas e as mãos na cintura. Ele ainda estava sentado no chão, enquanto eu permanecia de pé.

- Treves... Diz alguma coisa, por favor.

Ele levantou o olhar para mim, depois para minha barriga. Hesitante, levantou as mãos e começou a fazer uma massagem. Seus dedos tremiam levemente.

- Então, quando fizemos aquilo, o bebê...?

- Não, claro que não. - murmurei com vergonha.

- Quantos meses, Dy? - sua voz estava firme, quase fria. Eu ousaria dizer que ele estava bravo.

- Eu não sei... Acho que tem quase três meses ou mais...

Treves se levantou de um salto, passando as mãos pelos cabelos de forma nervosa. Ele me puxou para perto, sua mão envolvendo meu rosto. Seus olhos estavam fixos nos meus, intensos e cheios de raiva e animado?

- E por que caralhos não me contou? - ele tentou controlar o tom da voz, mas não adiantou muito. Dava pra ver de longe que o mesmo estava surtando.

- Você queria que eu contasse o quê? Nós passamos metade do nosso tempo brigando e, convenhamos, você não é um cara muito estável.

- E mesmo assim você está esperando um filho meu, curioso, não é? - um sorrisinho sarcástico apareceu nos seus lábios enquanto ele passava a língua pelo lado de dentro da boca, me fazendo sentir raiva.

- Olha, eu não preciso de nada de você, tá legal? Eu só te contei porque achei que era o certo, mas você pode seguir com a sua vida... - murmurei, sentindo meus lábios tremerem e meus olhos se encherem de lágrimas.

Nesses dias, pensei em muitas coisas. Pensei que tirar o bebê poderia apagar a história que vivi com Treves, mas, lá no fundo, eu sabia que nada mudaria. Eu continuaria apaixonada por Treves e lamentaria pelo resto da minha vida por tirar um ser inocente que não tem culpa dos pais serem completos cretinos.

Faltam apenas alguns meses para o ano letivo acabar e eu terminar o ensino médio. Acredito que, com uma criança, as coisas vão ser mais difíceis, mas acho que consigo.

Depois de me formar, planejo me mudar para outro país e começar minha vida por lá. Não sei como vão ser as coisas ainda, mas tenho certeza de que vou conseguir dar tudo que meu bebê precisa.

Planejo falar com minha mãe nesses dias, mas do jeito que as coisas estão indo, acho muito difícil ela ter um tempinho para mim.

Muitas coisas aconteceram em muito pouco tempo.

Muitas coisas que não estou tendo o controle.

- Eu não disse que não quero fazer parte disso... Eu talvez, lá no fundo, já sabia dessa merda toda. Algo dentro de mim sabia que as coisas seriam assim e, porra, eu curto isso, Dy. Eu quero ter uma vida com você e o meu filho. Por mais estranho que isso possa parecer, eu sei que não vou abrir mão de você, Dy, não vou mesmo.

- Treves...

- Olha para mim, diabinha - ele pegou em meu queixo e beijou minha testa. - Eu nunca pensei que gostaria da sensação de ser pai e, caralho, não sei como as coisas vão ser... Eu não sei porra nenhuma sobre como ser um bom pai, mas eu sei que, com você por perto, eu vou ser o melhor... Eu vou ser o melhor pai, o melhor marido, amigo, amante... Eu quero tudo isso, Dy, e muito mais.

- Está me pedindo em casamento, senhor Campbell? - tentei brincar, mas minha voz saiu trêmula.

- E se eu estivesse?

- Eu diria que você é louco - olhei para ele - mas depois, certamente, eu diria sim.

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