Capítulo 19

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- Onde você quer ir? - Nico perguntou enquanto caminhávamos lado a lado.

Olhei para ele discretamente. Esta noite foi uma das raras ocasiões em que consegui sorrir e esquecer meus problemas.

Eu tentava compreender por que eles eram tão diferentes, mas nada em Nico se assemelhava a Treves.

Passei a noite toda tentando entender o comportamento de Treves. Sua impulsividade, a maneira como ele age quando não consegue o que deseja. Tudo nele gritava ser uma criança mimada e problemática que não sabe o que quer.

- Não há nenhum lugar no mundo onde eu preferiria estar - respondi simplesmente, e ele parou, fixando seus olhos nos meus.

- Às vezes, você não precisa de um lugar para chamar de lar, mas sim de uma pessoa. Não carregue o mundo nas costas, Dy.

Pela primeira vez em anos, alguém me fez recordar como é ter um momento genuinamente bom, pela primeira vez senti que estava verdadeiramente feliz na presença de alguém.

Era uma sensação maravilhosa.

Mas então, por que eu estava comparando-o com Treves? Até a pessoa mais desequilibrada poderia ver, de longe, que Treves não era uma opção.

Qualquer um poderia perceber que Treves não era o certo, mas por que, de alguma forma, meus pensamentos sempre voltavam para ele?

Talvez o ódio que sinto por ele esteja me fazendo questionar?

Balancei a cabeça várias vezes e suspirei, afastando alguns fios de cabelo da minha testa.

- Eu gosto de estar com você - confessei de repente, e ele riu, aparentemente surpreso com minha declaração.

- Obrigado? - ele brincou, erguendo as sobrancelhas, e eu sorri, assentindo com a cabeça.

- Por quê? - perguntei. - Quero dizer, uma semana atrás, se alguém me dissesse que eu estaria aqui com Nicolas LeBlanc, eu provavelmente riria e diria qualquer coisa. Você concorda, não é?

Ele soltou uma risada abafada e olhou para a rua vazia, depois para mim, com hesitação em seus olhos.

- Não sei, talvez seja porque há algo em seus olhos que me faz querer estar com você - ele suspirou profundamente e deu um passo em minha direção, analisando cada um dos meus movimentos - Viu? Porra , sou péssimo com palavras - murmurou frustrado, passando a mão na cabeça como se isso pudesse aliviar sua frustração - o que estou tentando dizer é...

Dei um passo em sua direção e segurei suas mãos.

- Obrigada - disse e o puxei para um abraço, inalando seu aroma amadeirado misturado com seu perfume masculino.

A princípio, vi hesitação em seus olhos, mas segundos depois suas mãos estavam firmes em minha cintura e seu rosto encostado no meu pescoço.

Me afastei e sorri.

- Para encerrar a noite, vou te mostrar um lugar...

Antes que ele pudesse terminar, senti meu celular vibrar na bolsa.

Peguei-o e vi um número desconhecido na tela.

Atendi e ouvi uma risada fraca do outro lado da linha. Era automático, como se meu corpo já estivesse acostumado com ele.

Mas por que diabos Treves tinha meu número? E por que ele estava me ligando?

- Pastorinha - sua voz rouca soou baixa do outro lado da linha - você está há uma hora com ele. O que você está fazendo comigo deveria ser considerado um crime, Dy.

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