Capítulo 23

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CAPÍTULO NÃO REVISADO.

Eu a arrastei pelo corredor, segurando o braço da pastorinha com uma força que eu sabia que era demais, mas que diabos, eu não me importava. O corredor estava deserto, e isso era perfeito pois eu já estava de saco cheio das risadas dessas pessoas.

- Me solta! - ela gritou, empurrando-me com uma força que eu não esperava dela. Ela realmente pensava que poderia se livrar de mim assim tão fácil?

- Estou cansado dessa nossa brincadeirinha, Dy - eu disse, e sem esperar por um convite, eu a puxei para perto, nossos corpos colidindo. Ela tentou se afastar, mas eu não estava no humor para deixá-la ir. Por que ela parecia tão desesperada para se afastar de mim?

Se até hoje de manhã ela parecia querer estar comigo?

- Ah, você está cansado - ela zombou, o sarcasmo pingando de cada palavra. - Mas o seu nome não está sujo, Treves, ninguém está falando que você tr...

Ela parou, e eu podia ver a frustração em seu rosto.

- O que mais você quer de mim? - ela perguntou, e eu não pude deixar de rir. Era tão típico dela jogar a culpa em mim.

Treves ali, Treves aqui e Treves para lá. Ela age como se tudo que estivesse acontecendo no mundo fosse culpa minha.

- Eu não entendo - eu murmurei, aproximando-me mais e forçando-a a olhar para mim. - Me diz o que eu fiz dessa vez.

Ela riu, e havia algo naquele riso que me dizia que ela não estava feliz e muito pelo contrário, era a primeira vez que eu a via tão brava comigo.

- Agora perdeu a memória e quer que eu te explique? - ela disse, e eu revirei os olhos com o sarcasmo dela. - Tudo bem, vamos jogar desse jeito. Todos estão dizendo que eu dormi com você... e você, nós sabemos que é mentira.

Eu a soltei, ainda olhando em seus olhos. Que merda, se a Dy me conhecesse um pouco, saberia que eu nunca faria uma coisa dessas.

- Eu não fiz nada disso do que está dizendo.

- Eu não me importo com o que você faz ou deixa de fazer - disse ela, sem expressão, e cada palavra era como se ela quisesse me atingir. - Fique longe de mim, Treves.

Ela tentou se virar, mas antes que pudesse escapar, eu a agarrei pela cintura, puxando-a de volta com força. A prensei contra a parede, minha respiração pesada se misturando à dela.

- Eu não fiz essa merda, Dy, acredite ou não - murmurei com um desespero que rasgava meu peito, um desespero que eu odiava admitir.

Por que estou tão desesperado para explicar isso para ela? Eu não me importo com o que ela está pensando, mas eu não quero que ela saia pensando que eu fiz isso. Não entendo porque, mas não quero isso.

Ela me empurrou com força, tentando se libertar, mas os seus movimentos eram inúteis e mesmo que ela estivesse usando toda sua força, não era suficiente.

- Por que você acredita em todos menos em mim? - perguntei, segurando seu rosto entre minhas mãos, forçando-a a me encarar. - Por que caralhos você não me perguntou nada?

Ela olhou para mim, lutando para se afastar, mas cada movimento a trazia mais para perto. Era como se estivéssemos presos em uma dança macabra, incapazes de nos separar.

- Me solte - ela disse, mas suas palavras eram contraditas pelo jeito que ela mordia o lábio inferior, olhando para os meus como se estivesse lutando contra a vontade de provar algo proibido.

Ela me deseja tanto quanto eu a desejo.

- Estou cansada e sinceramente, eu não me importo com isso - ela colocou as mãos contra o meu peito, como se quisesse me impedir de avançar, uma nervosidade evidente pela proximidade. - Você não gosta de mim, muito menos eu de você. Estou nos fazendo um favor e me afastando.

Eu ri, um som sarcástico e amargo.

- É engraçado você dizer que quer se afastar, mas está nos meus braços - eu a puxei para mim, sentindo a resistência dela, mas também a maneira como seu corpo involuntariamente se inclinava para o meu. E aposto que se eu quisesse te beijar, você deixaria.

Me aproximei, minha respiração agora tão pesada quanto a dela.

- Me diz, Dy, você quer me beijar? - eu provoquei, minha mão deslizando para a curva da sua saia, sentindo a eletricidade que percorria cada ponto de contato.

- Você me odeia mesmo, Treves? - ela perguntou de repente.

Eu me perguntava isso desde que me lembro. Talvez eu não a odiasse tanto quanto pensava, ou talvez eu só gostasse do jogo doentio que jogávamos.

- Isso não é óbvio? - Eu questionei, mantendo minha voz firme e desdenhosa.

- É meio óbvio, mas quando duas pessoas se odeiam, elas mantêm distância, e você... - ela me avaliou, seu olhar duro como se podesse enxergar através de mim. - Você sempre encontra um caminho de volta para mim, o que me faz questionar suas verdadeiras intenções. Talvez você tenha medo de se apaixonar por mim, tentando me fazer odia-lo para não ter uma chance comigo.

- Essa é a coisa mais absurda que já ouvi - eu me aproximei, meus olhos fixos nos dela, que sempre me confundiam. - Eu não me apaixono, Cupper, e mesmo que eu tivesse que me apaixonar nessa ou em outra vida, essa pessoa nunca seria você.

- Está bem, então prove. Não me faça duvidar das suas palavras e me solte - ela desafiou.

Eu ri, não porque achasse graça, mas porque a ironia da situação era tão amarga quanto o fel. Tirei as mãos de sua saía para o seu rosto, afastando uma mecha de cabelo que caía sobre seus olhos. Inclinando-me para ficar na altura dela.

- Mesmo eu soltando você, é questão de segundo até você voltar para mim, Dy - sussurrei com confiança.

Ela revirou os olhos, empurrando-me com uma força que eu permiti, apenas para ver até onde ela iria pra se afastar de mim.

- Você está me confundindo com uma das suas fãs, Treves - ela cuspiu as palavras com desprezo. - Se você manter distância, nós nunca teremos que trocar uma palavra.

Ela disse e se virou, me dando as costas. Pela primeira vez, Cupper me acusa de algo que eu não fiz. Por que eu iria expô-la dessa maneira? Isso seria como pedir para todos os idiotas darem em cima dela, e isso não é algo que eu consigo suportar. Já estava sendo um inferno lidar com Nicolas e seus sintomas de menino apaixonado.

E não adianta o quanto eu diga isso, ela vai sempre prefere acreditar que sou o "vilão malvado"

...

- Mais uma para sua lista - Jack fala, e eu levanto meu olhar para ele, questionando-o com o olhar.

- O que quer dizer com 'mais uma para minha lista'? - pergunto, acendendo um cigarro e suspirando enquanto exalo a fumaça para o ar.

- Ah, você sabe - responde ele com um sorrisinho, piscando em seguida para Donovan. - Se continuar assim, vai ganhar o prêmio de comedor do ano.

Essa merda já havia se espalhado por toda a escola, então apenas assenti. Todos pensam que comi a pastorinha, o que era completamente mentira, mas ninguém precisava saber.

Eu não seria louco o suficiente para desmentir essa história, não quando todos sabiam que Cupper havia passado a noite na minha casa, na minha cama.

De qualquer forma, Dy já me culpa... mais uma maldade de Treves na lista de Cupper.

E além do mais, todos estavam felizes com isso, menos o Nicolas, que não parecia ter superado a nossa briga e agora está parecendo uma criança emburrada. O LeBlanc é meu irmão, mas as coisas estavam tomando um rumo esquisito com ele.

Eu não posso escolher ele ao invés de mim, e porra, ele insiste em brincar de garoto apaixonado, mesmo sabendo que o que ele quer está fora do seu alcance.

Eu não sou uma pessoa ruim, mas eu preciso mostrar para ele que Cupper não é essa santinha que ele pensa que ela é.

Eu não pretendo abrir mão da pastorinha, não porque tenho sentimentos, mas sim porque esse meu desejo por ela é a única coisa que me mantém são, que me impede de afundar completamente. Eu preciso dela de um jeito que me assustar.

- Puta que pariu - Donovan solta, olhando para a tela do celular. - Connor está organizando uma racha para amanhã.

- Quem aí está pronto pra uma corridinha?

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