Parece que, quando mais velhos ficamos, menos expectativas temos da vida. Cada vez que paro para pensar, parece que tem algo faltando, o tempo correndo e eu parecendo ter congelado no tempo.
Mesmo depois de anos, estou aqui, com os meus pensamentos ainda voltados para a única garota que amei e ainda amo. Tudo parece tão entediante, mesmo tendo tudo, mas nada que realmente consiga me prender o suficiente para que eu a esquecesse por apenas alguns segundos.
Daysha Cupper, minha diabinha.
Sorrio ao lembrar dessa tatuagem; quem diria que as coisas iriam acabar assim? A vida é tão imprevisível.
Deus me deu o gostinho do céu, mas no fim me lembrou que o inferno sempre seria o meu lugar. A sensação de ter Dy em meus braços, de sentir o gosto fodidamente doce dos seus lábios, o seu cheiro.
De certa forma, ela me fez conhecer o paraíso e depois o tirou de mim, me fazendo desejar algo que nunca será meu.
Eu gostaria tanto de ter me despedido dela, olhar nos olhos castanhos e dizer que tudo vai ficar bem. Eu me sinto culpado.
Culpado por ter transado com Shana e não ter conseguido manter Cupper segura, por não ter estado naquela noite.
- Doutor...
Suspiro um pouco balançando a cabeça para conseguir voltar a mim.
Olhei ao redor do meu escritório e suspirei mais uma vez. Meu corpo estava aqui, mas minha mente estava longe.
- Desculpa, hoje estou um pouco perdido - murmurei e olhei para o formulário da minha na minha frente.
- Eu percebi - brincou e se inclinou um pouco mais na minha frente. Acho que sua intenção era exibir o grande decote entre os seios - O senhor parece não ter escutado nada do que eu estava dizendo.
Levantei-me e retirei o jaleco, colocando-o pendurado enquanto olho para a moça à minha frente.
Alguns anos atrás, ela com certeza faria meu tipo: morena, olhos escuros e um corpo cheio de curvas; aposto que eu já estaria transando com ela. Mas agora...
Bom, as coisas mudam, não é mesmo? Treves Campbell recusando sexo fácil... isso com certeza é algo de se comemorar.
- Eu vou reencaminhar para outro médico.
- Como assim? - ela também se levantou, com uma expressão de surpresa - Eu fiz algo de errado?
- Não, é que eu tenho uma reunião marcada e já estou atrasado.
Sem esperar por uma resposta ou reação, saio dali apressadamente.
- Tio...
Perdido em pensamentos, olho para baixo e vejo um garotinho de uns seis anos ou mais. Seus olhos sérios encontram os meus, e depois desviam para a bolsa que parece maior do que ele.
Muitos pensamentos passam pela minha mente enquanto observo a pequena figura que parece uma fusão perfeita entre Cupper e eu. Seus olhos escuros, cabelos castanhos e pele clara são um espelho dos nossos traços combinados.
Porra, como é possível que esse garoto seja tão fodidamenre parecido comigo?
Sua boca se abre num pequeno 'o' de surpresa, ainda me encarando. O garotinho parece ainda mais surpreso do que eu, me avaliando como se eu fosse um espelho, e isso me faz querer rir depois de tanto tempo.
Eu daria tudo que tenho só para que esse menino fosse realmente meu filho, mas isso é impossível. E na mesma medida que esse garoto me faz sorrir, também me fez lembra o quão ferrado eu estou.
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Intenções Perversas
RomanceDaysha Cupper, uma jovem evangélica de 17 anos, que enfrenta a mais dolorosa das dores: a perda de seu pai. Envolta em luto e lutando contra a depressão, ela se isola, buscando refúgio em sua própria solidão. Mas o silêncio de sua alma é perturbado...