Capítulo 44

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NÃO REVISADO.

— Precisso de um favor seu - murmurei, encostando-me na parede.

Tirei meu cigarro na bolsa da Jaqueta e acende, sentindo o cheiro forte me envolver. Estou usando essa merda mais do que eu deveria.

Ele me olhou e sorriu.

Eu deveria estar feliz por saber que tem alguém para atormentá-la em casa. E parte de mim ficou, mas caramba, ela estava triste.

É a primeira vez que a vi tão assustada de alguém. Eu me pergunto até onde aquele babaca foi. Eu deveria me manter longe dessa droga, não é da minha conta.

Estou repetindo as mesmas coisas há horas, mas não saem da minha cabeça.

— Desde quando você precisa da minha ajuda para isso? - questionou, parecendo confuso. Revirei os olhos e dei mais uma tragada no cigarro.

Hoje era sábado e eu tinha um compromisso de estar na casa de Nico, mas aqui estou em um beco conversando com um drogado de merda. Johnny era um conhecido, um amigo que fazia qualquer coisa em troca de droga ou dinheiro.

— É algo que eu prefiro não me envolver. - dei de ombros com indiferença.

Ele deu alguns passos e joguei um cigarro para ele, junto com o isqueiro. Ele acendeu e suspirou.

— Quem? - perguntou, finalmente.

— Henry William. O conhece?

Ele balançou a cabeça, pensativo.

— Mas por que você...

— Ele está me atrapalhando. - interrompi e joguei o cigarro no chão, apagando-o com a bota.

Depois de concluir a conversa com Johnny, segui direto para casa. Precisava urgentemente descansar, pois parecia que ultimamente tudo estava me deixando louco.

Assim que entrei no apartamento eu nem tive tempo de tirar a jaqueta, quando olhei pra a mulher sentada no sofá, como se estivesse estado ali o tempo todo, esperando por mim.

Minha mãe. Seus olhos se iluminaram ao me ver, e ela correu na minha direção, os braços abertos para me abraçar. Eu sorri, mas não havia alegria nesse gesto. Era um sorriso vazio.

Eu deveria sentir um pouco de alegria em vê-la depois de tanto, mas era como se ela fosse apenas uma parente distante.

Tem como esse dia ficar pior?

— O que está fazendo aqui? - perguntei, me desfazendo do abraço. Ela suspirou, olhando para mim com uma expressão séria.

— Precisamos conversar. - disse ela, a voz baixa e hesitante. Engoli em seco, imaginando o que poderia ser tão importante a ponto dela aparecer assim, sem aviso.

— Sobre o quê? - perguntei. Ela hesitou por um momento antes de murmurar.

— Seu pai está de volta.

Ri alto, um riso amargo. Virei-me, dando-lhe as costas.

— É engraçado como você ainda pensa que aquele desgraçado é meu pai. - disse, tentando ser sarcástico, mas minha voz saiu trêmula. - Ele nos abandonou, mãe. Que tipo de pai faz uma merda dessas?

Minha mãe olhou para mim, os olhos cheios de tristeza.

— Ele ainda é seu pai, Treves.

Rosnei de raiva. Aquelas malditas palavras estavam me atingindo mais do que deveriam.

Meu pai? Ele nos abandonou na primeira oportunidade que teve para correr nos braços daquela puta. Eu era uma criança, caramba, e ele não se importou em me deixar. Ele cortou todos os laços comigo como se eu nunca tivesse nascido.

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