Capítulo 21 - Silêncio

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Gostaria de agradecer a todos que tiram um pouco de seu tempo para ler este livro

"Cada tic tac é um segundo da vida que passa, foge, e não se repete. E há nele tanta intensidade, tanto interesse, que o problema é só sabê-lo viver. Que cada um o resolva como puder. " 
- Frida Kahlo

Corretor ortográfico =  ewertonalves93

                                                   Capítulos novos todo domingo

                                                        Tenha uma boa leitura! 


- Ande logo. Pare de puxar esses seus pés, seu ladrão! – disse um dos paladinos à Verbus, que sentia cada músculo de suas pernas congelando a cada segundo que penetrava mais fundo os corredores.

- Estão bem pesadas essas correntes, será que não percebe?

- Lógico que percebi – disse o paladino logo à frente, sem olhar para trás – Essas eu mesmo fiz questão de escolher. São as mais pesadas. Com elas você nunca poderá tocar essas malditas mãos, seu velho corrupto. E ainda suja o nome dos paladinos. Você é o tipo de ser que merece ir direto ao óleo.

- Duvido que ele tenha algum feitiço que não seja relacionado a roubar do povo – disse o paladino que estava mais atrás, rindo alto, e suas risadas ecoavam pelas vielas estreitas.

- Qual o nome de vocês? – perguntou Verbus segurando a raiva dentro de si.

- Eu Héfilos, os dois ao seu lado são Pétreos e Afélios – disse o bruxo puxando fortemente as correntes, o que faz Verbus cair sobre a lama da poça d'agua.

Tremendo de frio e com os joelhos sangrando, Verbus se levantou, respirando fundo e de forma calma, e como se não tivesse acontecido nada ele continuou a andar e conversar.

- Vocês tem filhos, amigos?

- Ei – gritou Afélios dando um tapa no rosto de Verbus a ponto de marcar seu rosto – Não aceitamos subornos nem ameaças, seu lixo. Na sua situação, não temos que nos preocupar quanto a nossos familiares, afinal você irá para o óleo logo, apenas espere pelo Yvys. Não há como esconder nada dele, nem os pensamentos. Se tiver mais alguém como você, estarão perdidos. Assim que chegar à cela você será enfeitiçado e só terá consciência de onde estará na hora de seu julgamento, seu animal. Agora ande, antes que eu arranque seus dentes no tapa – disse o paladino o empurrando forte, obrigando-o a andar mais rápido.

- Vocês paladinos... Tão confiantes que mal conseguem sentir uma verdadeira presença – disse uma voz sexy atrás de um feixe de luz, e logo em seguida um pequeno riso ecoou brevemente pelos corredores.

Com a situação, os paladinos tocaram as mãos, se preparando para qualquer coisa que pudesse acontecer.

- Quem é você? Apareça imediatamente. – disse Héfilos de prontidão, seriamente.

Então foi se aproximando da luz uma mulher muito, mas muito atraente, caminhando como um gato na escuridão, trajando roupas negras e apertadas que desenhavam todas as partes exuberantes de seu corpo. Em seu rosto havia uma máscara de corvo negra com um longo bico pontiagudo. Vendo uma ameaça iminente, Héfilos retirou sua espada. Era de longe um dos mais fortes paladinos reais, e imediatamente conjurou "immitis igne". O vento que soprava frio em toda a extensão dos estreitos corredores passou a ser quente como um vulcão em seu mais perverso calor. As vestes dos paladinos dançavam e brilhavam com o tamanho de seu poder sobre o vento, mas a mulher parecia não se importar e só o olhava em silêncio, com aquele corpo magnífico e aquela máscara bizarra cobrindo todo seu rosto. O fogo brotou tão intenso que secou as poças d'agua ao seu redor, clareando tudo que havia, mas a mulher não se intimidou com tamanho poder. O paladino foi rapidamente na direção dela, cada passo evaporava as poças que estavam à frente, formadas pelo frio intenso que habitava os corredores, mas ela ficou parada com sua aparência enigmática, ao olhar pelos buracos dos olhos da máscara. Ela então desapareceu do nada no meio do túnel, antes que Héfilos chegasse perto dela. Ele não sabia onde procurar, não a sentia, não sabia quem ou o que poderia ser aquilo. Quando ela surgiu de seu lado, no susto, ele girou seu braço direito, golpeando-a fortemente. A lâmina afiada atravessou quase por completo seu pescoço, deixando o sangue escorrer pelo cabo da espada e pelo corpo da mulher. 


Vendo que poderia tê-la vencido, Héfilos tentou retirar sua espada, mas ela estava agarrada no pescoço da mulher, que continuava em pé. Ele se afastou, andando de costas, olhando para a mulher para em sua frente. Ela retirou a espada enterrada em seu pescoço, soltando-a e desaparecendo, surgindo outra vez e rapidamente, sem dar tempo sequer do paladino piscar. E cortou a garganta dele por completo. O paladino esbugalhou os olhos, procurando a ferida que acabara de fazer em sua inimiga. Acabou caindo de joelhos, desviando seu olhar a seus dois amigos, sentindo a vida o deixar como chamas que desaparecem em um dia chuvoso. Mas Pétreos e Afélios, vendo a mulher balançar a cabeça lentamente e olhando para o corpo de seu amigo perdendo a vida, sequer pensaram. Conjurando immitis igne, lançaram sobre elas chamas que queimavam tudo à frente, tão rápidas a ponto de ricochetearem contra as paredes de pedra, tampando toda a estreita extensão do túnel com fogo. Todo aquele poder foi de encontro à bela e sexy mulher que, apenas com o levantar de um braço, dividiu todas aquelas chamas que passaram dos dois lados de seu corpo, como se fossem apenas vento quente. Os dois paladinos não acreditavam em seus olhos esbugalhados, ao olhar tanto a beleza como o poder de tal pessoa. Sentiram seus corpos serem erguidos e fixados à parede, de forma que eles mal conseguiam piscar. A tocha brilhante que clareava tudo caiu das mãos de Pétreos e se apagou, fazendo predominar a escuridão. Ela se aproximava cada vez mais, e vendo que estava bem escuro se abaixou sensualizando, ficando de quatro por um breve segundo e rebolando lentamente. Pegando a tocha do chão, ela a acendeu lentamente, com apenas um estalar de dedos.

- Achei que ia me deixar morrer aqui.

- Bom, é o que sugeri. Mas infelizmente se você caísse outros pegariam carona em sua coragem de merda, e não é do que precisamos agora. Não é do que ele precisa. - disse a mulher.

- Achei que ele ia mandar outro, e não você – disse Verbus sério, olhando para a mulher.

- Seu velho safado, sabe que eu sou a pessoa mais próxima, e não teríamos tempos de conjurar um feitiço de transporte. Sabe também que sou a única que posso usar um feitiço desses livremente. Fui obrigada a vir, antes que Vossa Incompetência entrasse naquela prisão. E se eu ver você olhando para meus peitos mais uma vez eu corto esse projeto de pau que você diz ter aí.

- Calma – ele disse, tentando não olhar para as curvas magníficas da mulher, que vestia uma roupa de couro preta, com seu decote à mostra, junto a um espartilho vinho todo trançado.

- Se desse tempo, ele mesmo viria. Mas já aviso; ele está aos nervos por você ter falado demais na reunião do Conselho, e despertado a desconfiança do Rei. Por isso, temos de mudar sua missão. Agora você não vai mais arrecadar dinheiro para a organização. Você vai ter de ir ao encontro de Yvys e destruí-lo – disse a mulher, se aproximando de Verbus e retirando as pesadas algemas de suas mãos e pés.


- Bem melhor assim, sabia? – disse ele massageando seus punhos – Quero matar esses dois paladinos. Empreste-me sua adaga.

- Não. Tenho algo para eles... vamos que interessa, pois logo darão falta deles. – disse ela, virando-se para os paladinos – Depois de sua mancada precisamos urgente de outro membro para assumir seu lugar no reino e no Conselho. Tberyos está encrencado, pode morrer nas mãos dos humanos, e ele era a peça chave para tudo.

- Eu avisei, não avisei? Essa maldita demora que ele levou para dar a ordem eu mesmo a teria dado rapidamente, se pudesse.

- Falar é muito fácil, quero ver matá-lo. Aquele velho não é qualquer um – disse a mulher virando as costas para Verbus, enquanto ele observava aquela bunda perfeita se destacando dentro daquela calça de couro bem apertada.

CARIELOnde histórias criam vida. Descubra agora