CARIEL

Capítulo - 38 O Último Olhar

  Qualquer um que tomasse o seu lugar seria um substituto fraco. Amo você, com um amor tão grande que simplesmente não pode continuar crescendo no coração, precisa saltar para fora e se revelar em toda magnitude  

Anne Frank

Corretor ortográfico  ewertonalves93 

- Cariel, como foi prometido irei levá-lo à sua amada. Mas lembre-se do que lhe falei. Amaloky vai lhe acompanhar, para assegurar que nada dê errado. – disse o velho Nada com o costumeiro sorriso estranho. 

Assim que Cariel apresentou as mãos Amaloky chegou, também tocando no ombro de Nada, que conjurou levivos. No tempo de um piscar de olhos já estavam em um dos becos da linda cidade de Encantos, com suas casas altas e becos estreitos, todos de pedra. O calor era fortíssimo, as ruas mais pareciam formigueiros. Havia cavalos e carruagens para todos os lados, e vendedores a barganhar o melhor produto. Pela cidade litorânea as mulheres vestiam poucas roupas. O mar azul e seus corais esverdeados propiciavam um belo ponto turístico, pois sua maré alta tocava as ruas de pedra da avenida principal, Mas Encantos ficava bem longe da maior cidade da região, Andorias, a cidade real do sul do reino de Argamo. Pelo fato de Encantos ser uma cidade bem movimentada por pessoas de todos os reinos a segurança era constante, com a presença de vários guardas nos determinados cantos da cidade, a fim de evitarem os insistentes furtos e roubos, principalmente no grande jardim. 

- Escute Cariel. Sua esposa tem o costume de andar ao norte da cidade. Há um grande jardim, ela deve estar caminhando lá agora. Vou deixar você ir sozinho, enquanto cuido de um assunto pessoal em um lugar importante. Nos encontraremos neste mesmo beco, daqui a quatro horas. Não se atrase! – disse Nada sério – Amaloky somente o acompanhará de longe, sem que você nem o veja. Entendeu não é Amaloky? Não o perturbe. 

- Entendi senhor. Serei como o vento. Invisível, mas presente. 

Cariel despertou um grande sorriso, ajeitando seu belo e pesado sobretudo negro e foi andando pelas ruas caóticas, se misturando às pessoas como se elas não existissem. Sua mente tinha apenas um foco, apenas um brilho, mais forte que o Sol. Sua pele arrepiava a cada passo, seus lábios tremiam a cada segundo solitário, mas cheio de esperança. Passados alguns minutos, e alguns becos, lá estava a entrada do jardim. E era majestoso, com árvores enormes e uma placa de ferro tomada pelo lodo verde-escuro, que Cariel imaginou estar ali há muito, muito tempo. Ele estava um pouco abatido, seu coração pulsava forte. Entrou calmamente, olhando para os lados. Viu poucos casais em alguns bancos, longe uns dos outros, ao som do canto dos pássaros. Em meio às grandes árvores havia pequenas estradas de pedra branca, que formavam trilhas no interior do jardim. A brisa leve e fresca, trazida pelas árvores altas e esgalhadas, balançava toda a grama sedosa até o pequeno lago, no qual patos silvestres dançavam sobre suas águas calmas. Cariel parou para olhar toda aquela maravilha, e não pôde conter uma lágrima que nem ele saberia explicar. 

- Também está maravilhado não é? – disse aquela voz, mais doce que o mel e mais suave que a brisa aos ouvidos do pobre Cariel. 

Ele respirou fundo, pois sabia que aquela voz era da pessoa que mais lhe importava em todo o mundo. Não virou o rosto para vê-la, pois não tinha poder para conter uma lágrima quente a deslizar pelo seu rosto, num redemoinho de emoções. 

- Sim, senhorita. Estou esperando alguém especial. – disse ele limpando as lágrimas de seus olhos vermelhos enquanto se virava. E ver Ariane, com seus cabelos soltos e trajando um longo vestido verde.