Eu não tenho ídolos. Tenho admiração por trabalho, dedicação e competência.
Ayrton Senna
Corretor ortográfico ewertonalves93
Ao meio do grande oceano de águas quentes e inquietas uma grande ilha era ocultada por uma assustadora névoa cinzenta, deixando inavegáveis vastas áreas do horizonte próximo. O vento era quase inexistente através do escuro e da umidade oceânica, o que tornava inutilizáveis as grandes velas dos corajosos navios, fazendo desaparecer misteriosamente os corajosos marinheiros que se aventuravam ao mar, em uma silenciosa agonia. Meses depois seus navios eram encontrados à deriva, sem tripulação.
Essa parte do mar era como conhecida como a Porta do Inferno, ou Garganta do Diabo, mas para poucos olhos agraciados esta região escondia uma maravilha que se destacava em meio à imensidão azul; uma ilha ao lado direito da Garganta. Violentas torrentes chocavam-se contra seus paredões rochosos em um barulho assustador, mas pelo lado esquerdo águas cristalinas se mantinham calmas, levemente entrelaçadas pelos corais que submergiam verdes sobre uma longa extensão. Peixes e algas eram facilmente avistados da praia de areia esbranquiçada e fina, cuja qual refletia gloriosamente o brilho do Sol, criando miragens que adentravam a ilha.
As árvores se mantinham imponentes, sendo invadidas pela brisa salobra que impregnava até mesmo os altos pinheiros, dando aos seus caules um tom esbranquiçado. Em quase toda a extensão da ilha grandes montanhas cobertas de pedras negras se elevavam sobre a floresta, e os rios e cachoeiras tornavam a terra fértil. Ao leste das montanhas menores um gigantesco vulcão aparentemente sem vida afugentava os diversos pássaros que pousavam perto, devido ao enxofre que o grande mostro jogava aos céus junto a um pequeno fio de fumaça negra.
O mar estava agitado como sempre ao lado dos grandes paredões, permitindo que o forte vento trouxesse consigo uma leve maresia junto ao soar das gaivotas, que cantarolavam e pairavam sobre os cardumes de peixes. Longe da arrebentação o Sol se mantinha quente e vistoso, como em quase todos os dias do ano.
Assentado sobre a relva o príncipe Tberyos, filho do grande Rei Parks, observava calmamente o horizonte. Ele trajava um sobretudo branco que contrastava com seus longos cabelos negros, esparramados pelos ombros, tentando imaginar como estariam seu pai e seu filho que há anos não via, quando escutou passos lentos vindo em sua direção.- Sozinho outra vez Tberyos? - perguntou-lhe um bruxo que aparentava ter trinta e cinco anos, de forma séria. Ele usava vestes brancas por baixo de seu sobretudo negro.
- Precisava pensar um pouco nessa vida que tenho levado, senhor. Em minha rotina de treinamentos, em minha família que está longe daqui, em meu filho... Quando o vi pela última vez ele era apenas um bebê...
- A calmaria está chegando. - enquanto dizia estas palavras o bruxo mais velho olhava para o mar, frisando as sobrancelhas. Num momento um turbulento oceano imperava, e no outro as agressivas torrentes cessaram, transformando-se num límpido tapete de águas profundas. - Seu treinamento acaba hoje... Partirás amanhã para o reino de seu pai. Tudo tem seu tempo, meu jovem. Tudo tem seu tempo determinado por algo maior. Mantenha-se calmo e não perca a fé, que os piores males se resolvem. Basta confiar em si mesmo, e em Únifico.
- Eu entendo, isso me deixa firme dia após dia. - Tberyos não havia ficado nem um pouco surpreso com a repentina calmaria do oceano, que agora parecia um vistoso lago pelo qual nem os ventos ousariam passar naquele instante.
- Isso te impressionava muito no seu primeiro ano de treinamento. - disse sorrindo o líder dos bruxos únificos, conhecido como Pai - Só por isso já percebo o tamanho de sua evolução. Você é um grande bruxo, garoto.
- Também lembro de que aquele foi o pior ano da minha vida. - respondeu Tberyos levantando-se, ficando lado a lado com seu amigo e mestre - Tudo era novo, e a saudade ficava incontrolável a cada dia que passava... O que nós temos sobre o espião que me salvou dos Generais das Trevas há cinco anos?
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CARIEL
FantasíaEm uma terra onde a desconfiança e a paz andam lado a lado, dois povos vivem separados por um único pacto, selando não só a boa nova entre homens e bruxos, mas também a prosperidade e a boa vontade de um Deus. A cada 500 longos anos este pacto tem d...