✹Capítulo - 62 O sacrifício de Abraão: Uma provável morte dolorosa

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Faça valer a pena, as oportunidades não voltam.

Corretor ortográfico -ewertonalves93

Eles dormiram num pequeno declive às margens do rio, até que o dia se fez lindo e quente. Isaías ainda não acreditava no que vira. Ele estava sério e aparentemente irritado olhando para o alto da montanha, observando os pássaros pairando em círculos perto de seus ninhos nas fendas das pedras.

- Precisamos voltar agora Abraão, o reino precisa saber de tudo isso o mais rápido possível. – Isaías observou que os ferimentos de Abraão ainda o incomodavam – Se apóie em meu ombro, vamos ir até lá em cima com um teletransporte. Assim que eu recuperar minhas energias uso mais uma vez. Não posso nos levar direto para fora deste reino, mas pelo menos posso nos adiantar com alguns saltos, um quilômetro ou dois já nos ajuda infinitamente.

- Por que não pode nos levar? – Indagou Abraão. 

- O teletransporte drena minha energia quase inteiramente, e mesmo assim não viajamos para longe o bastante. Só vou poder usá-lo novamente amanhã, então vamos lá para cima. De lá caminhamos até a noite, depois dormimos e pela manhã uso o teletransporte outra vez. Segure-se em meu ombro e vamos. 

Isaías conjurou lypotylonu e ambos foram envolvidos pela energia azulada, aparecendo logo depois sobre a grande pedreira. De lá partiram em silêncio pela floresta, sem se deleitarem com a beleza ao redor. A névoa e a umidade das folhas logo esfriaram todo o ambiente, e com o aproximar da noite tudo estava mais denso. Isaías mal se mantinha de pé, e Abraão se arrastava com um corte no peito. Ele havia escondido de Isaías uma perfuração no tórax, e não queria contar o que houve por vergonha, mas fingindo uma força que o faltava ele ajudava Isaías, como se estivesse bem. A poucos metros de uma baixada tomada pelo vento que trazia consigo folhas secas e uma névoa sorrateira, eles avistaram uma grande e velha árvore, a maior dentre todas que haviam visto; era oca e parecia uma senhora encurvada usando uma bengala, completamente enrugada. O vento soprava o aroma da chuva que começava a vir em grandes gotas. Por sorte não entrava no grande tronco, mas o frio era desolador. Eles descansaram um pouco, ouvindo em silêncio uma tempestade que se aproximava violentamente, trazendo consigo trovões ensurdecedores junto de raios que cortavam os céus, trazendo luz ao breu da noite. 

O tempo passou, e a tempestade se foi. Abraão não agüentava mais segurar para urinar, então se levantou. A perfuração em sua barriga começava a infeccionar, por isso se pôs em pé com dificuldade. Isaías dormia profundamente, recuperando suas energias para dar um salto maior com seu feitiço no dia seguinte. Abraão seguiu as raízes que emergiam da terra, frente à grande árvore. O frio era tanto que seus lábios começaram a congelar. Ele tirou o cinto de sua calça e urinou calmamente, mas segundos depois ele escutou barulhos ao longe; cavalos vindo rapidamente em sua direção. Abraão sentiu uma presença muito poderosa, a ponto de ofuscá-lo infinitas vezes. Lembrava muito seu antigo professor Magnus. 

- Não pode ser ele – pensava Abraão - Ele não era tão maligno assim

Voltou à árvore rapidamente tentando acordar Isaías, mas ele não abria os olhos por nada, mesmo sendo fortemente sacudido. Foi quando Abraão finalmente sentiu que aquela presença monstruosa era mesmo a de seu antigo professor, e também percebeu que eles já estavam perto; vinte cavaleiros humanos e um bruxo que os guiava perfeitamente. Com muito custo Isaías despertou, já se assombrando com a poderosa presença que se aproximava, trazendo consigo a própria morte. 

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