Capítulo-78 Subjugados

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A realidade é meramente uma ilusão, ainda que bastante persistente.

Albert Einstein


 Corretor ortográfico ewertonalves93                          

- Vamos nessa

Cariel montou em seu corcel negro, esporeando tão forte ao ponto de sangue respingar sobre a relva sedosa, enquanto ele olhava fixamente as frágeis muralhas que faziam frente ao seu poder. Lado a lado eles avançaram contra a cidade, e a cada segundo que passava o medo dos guardas em frente aos muros aumentava, vendo aquela nuvem negra que trazia o caos enquanto ocultava o Sol por completo, como se fosse um eclipse repentino. Os moradores corriam para onde podiam, pois o medo havia se materializado. 

- Não temam! Preparem-se! Vamos queimá-los antes que eles possam ver o branco dos nossos olhos! – gritava Alfredo, velho protetor da muralha. – Vamos!

Em uma só voz, os mais de oitocentos guerreiros conjuraram ignes, como um hino de morte. Numa sincronia surpreendente eles lançaram uma onda de fogo que se erguia acima da muralha de pedras negras atrás deles, as chamas se espalharam pelas planícies, como uma peste flamejante que incinerava o ar. Cariel e os generais foram pegos de surpresa. Seus cavalos relincharam e ergueram suas patas ao céu, sentindo o horror daquela onda de fogo. Mas era tarde demais, o calor infernal das chamas os havia tomado. Cariel ainda tentou revidar, conjurando ventos frios em um esforço inútil, porém o lado esquerdo de sua cabeça fora atravessado por uma flecha que o finalizou instantaneamente, impedindo que gritasse a seus generais. Que sucumbiram em uma dor inigualável, sua carne fora transformada em cinzas.

O céu voltou ao normal, em uma calmaria abençoada pelo esvair daquela nuvem densa e negra. Quando toda aquela onda de destruição passou, apenas os restos mortais dos temíveis Cavaleiros das Trevas estavam à frente daqueles soldados.
Podia-se ouvir os gritos de felicidades dos soldados e dos guardas acima, armados com espadas e arcos.

- O que é isso? Por que eles não se movem? – questionou um dos generais das trevas, aproximando-se de Cariel com seu cavalo enquanto se posicionava perto de um grupo de guerreiros – Que feitiço é esse, Cariel? Estes bruxos iriam dar a vida para defender sua cidade, no entanto a expressão no rosto deles é de alívio, mesmo estando diante de nós!

- Não foi nada de mais, general Tonerrye.

- Nada de mais?! – Indagou o outro, incrédulo – Eles iriam dar a vida pelos seus ideais, o que você fez?

- Para ficar claro a vocês, eu não tomei o lugar de seu antigo mestre atoa. Sou tão poderoso quanto ele fora um dia. Agora tratem de tirar esse semblante de medo de seus rostos, e preparem-se para fazer o que nos fora ordenado. – Disse Cariel desaparecendo, surgindo logo depois sobre a muralha.

Enquanto passava os olhos pelos telhados avermelhados que em grande parte estavam tomados pelo lodo, Cariel distinguia as ruas de Sonora, cheias de varais de roupas e tecidos. Em alguns pontos crianças choravam pedindo socorro. Algumas chaminés emanavam uma leve fumaça branca que era envolvida rapidamente por uma ventania assustadora, que levava papes e batiam as janelas abertas dos moradores desesperados.

- Escutem com atenção! Vamos destruir esta cidade! Homens, mulheres e quem estiver no caminho. Mas não matem mulheres que estejam grávidas! – gritou Cariel a seus generais, dando um passo à frente sobre a muralha.

- Por que não matar também as grávidas? – Questionou Evylio.

- Porque eu estou mandando, seu idiota! Deu para entender? Dentro de oito minutos quero todos de volta a esse local, depois que a cidade estiver destruída. Lembrem-se; os caçadores não demorarão. Eu me encarregarei do padre, depois partirei para outra missão. – Após dar essas instruções aos generais Cariel transformou-se numa fumaça negra, desaparecendo em meio ao vento.

CARIELOnde histórias criam vida. Descubra agora