O sábio como astrónomo. - Enquanto sentires as estrelas como algo que está «por cima de ti» não possuis ainda o olhar do homem que sabe.
Friedrich Nietzsche,
Corretor ortográfico ewertonalves93
Abraão acordou assustado pela manhã, procurando as feridas em seu corpo, mas não havia nada além de sangue seco. Varyos e Isaías entraram e viram-no de pé, à frente da escrivaninha. Abraão se surpreendeu ao receber um caloroso abraço de seu amigo Isaías.- Que bom que você está vivo! – Isaías o felicitou, batendo em suas costas – Meu pai disse que mesmo ferido você ainda tinha um feitiço que somente os magos podem usar. É por isso que você estava tão confiante.
- Sim... – Abraão estava meio sem entender aquilo, afinal nem ele mesmo sabia como estava bem. Mas percebera o olhar sério do general, pedindo para que ele concordasse, e ele o fez. – Sim, me recuperei bem. Com mais tempo eu te falo mais sobre este feitiço.
Varyos foi até a estante enfeitada com diversos livros e pegou uma garrafa de vinho sustentada por uma placa de vidro transparente.
- Preciso de respostas – disse ele servindo-se do vinho com suas mãos trêmulas de ansiedade – O Rei precisa de respostas. Não me façam passar vergonha ao dizer que vocês fugiram de humanos, ou que os descobriram e fugiram feito crianças! – o general bebeu todo o vinho de sua taça ao olhar para Isaías.
- A missão não foi um fracasso, pai. Estávamos dentro da cidade humana e lhe digo que o reino humano é incrivelmente próspero. Suas defesas são muito poderosas.
- Então não fugiram?
- Não. A missão foi um sucesso até certa parte. – disse Isaías sério, sentando-se em uma das cadeiras à frente da mesa enquanto observava seu pai se acalmando em sua poltrona de couro.
- E você Abraão? Sei que tem muita coisa para me contar, principalmente sobre como um humano foi capaz de causar tamanho estrago em alguém como você. – disse o general.
- Senhor, tudo que Isaías disse é só o início. Eles são muito mais poderosos do que imaginávamos. Os campos em frente às cidades são plantações, o que indica que não desperdiçam nem um pedaço de terra sequer. O exército é muito bem treinado com uma disciplina exemplar.
- Mas não é só isso. – Interveio Isaías.
- Eu sei. Onde está Tberyos? Eu estava certo, ele estava morto...
- Esta é a pior parte, pai. Entramos na cidade em meio a um aglomerado de escravos que voltavam de seu dia exaustivo e criamos uma distração nos campos de plantação, um pequeno incêndio. Só não sabíamos que parte do exército deles estava à espera de um ataque inimigo. Eles acharam que nossa distração foi obra desse exército inimigo e partiram para o exterior da cidade, os procurando. Por isso sabemos da disciplina deles.
- Sim filho, mas onde Tberyos entra nessa história?
- Foi nesse momento que encontrei Tberyos e os outros, em uma sala branca nos fundos de uma masmorra.
- Diga-me logo Isaías, chega de enrolação! Como o encontrou?
- Eles estavam mutilados, pai. Seus órgãos foram retirados e colocados em frascos de conserva. A carne estava sendo retirada de seus ossos. Tberyos fora colocado de cabeça para baixo. Eles o cortaram para que sangrasse até suas veias secarem por completo!
- Isso é humilhação demais! Anguriom o tinha encontrado vivo com um feitiço de localização. Tudo indica que os malditos humanos o torturaram até a morte. Mas por que fizeram isso? Não vejo sentido algum em um ato de tamanha gravidade. – disse Varyos enquanto se levantava da poltrona e pegava a garrafa de vinho.

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CARIEL
FantasíaEm uma terra onde a desconfiança e a paz andam lado a lado, dois povos vivem separados por um único pacto, selando não só a boa nova entre homens e bruxos, mas também a prosperidade e a boa vontade de um Deus. A cada 500 longos anos este pacto tem d...