Capítulo 25- Viva

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Gostaria de agradecer a todos que tiram um pouco de seu tempo para ler este livro ♥ 

  Desconfie do destino e acredite em você. Gaste mais horas realizando que sonhando, fazendo que planejando, vivendo que esperando porque, embora quem quase morre esteja vivo, quem quase vive já morreu. 

Sarah Westphal 

 Corretor ortográfico  ewertonalves93  


                                                                 Tenha uma boa leitura!    

Ao ouvir aquele nome o céu desabou sobre sua cabeça. No fundo ele precisava saber o que estava havendo com o pobre garoto, mas na realidade não queria por medo do grande mal que estava ocorrendo naquele instante. Sua impotência junto à raiva da situação explodiu em uma fala irritada, enquanto mantinha os olhos abertos em seu cavaleiro.

- Cariel – disse o velho Nada mudando da água para ovinho. Seu semblante agora estava preocupado com o tom de seriedade de seu cavaleiro, expressando a tristeza estampada em seu olhar – Que tem o garoto?


- O senhor sabia que havia riscos, e riscos irreversíveis, caso ele lutasse contra o feitiço e os novos ideais implantados nele.

- Se não falar logo eu arranco essa sua língua e a dou para meus lobos – disse Nada furioso, dando dois passos à frente.

- Calma senhor, eu fiz o que pude, mas o jovem infelizmente está morrendo – disse o experiente Cavaleiro das Trevas abaixando a cabeça logo atrás do velho Nada, que se manteve calado por alguns instantes.


- Como? – disse Nada com um sorriso sem graça – Se você mesmo disse que ele estava para acordar e que logo eu iria vê-lo bem?

- Sim, eu disse. Mas ele sofreu uma convulsão repentina, e não sobreviverá até o meio dia de amanhã. Algo no fundo do consciente dele deve ter reagido ao feitiço. Senhor é uma pena. Sinto muito. Ele seria um grande bruxo.

- Eu entendo – disse Nada pegando com as duas mãos o livro sagrado marcado em Josué, desaparecendo em seguida. Reapareceu rente à cama onde estava Cariel, que estava trêmulo e respirando fundo, completamente suado, com os olhos fixos no teto. Olhos que eram como duas pedras negras sem vida.

As velas nos candelabros estavam quase se apagando, trazendo a penumbra junto ao frio que invadia o quarto, lado a lado com um cenário de morte, porém o velho Nada estalou os dedos e fez com que as chamas se revitalizassem, indo de uma estante à outra. A luz mostrou nitidamente o rosto pálido de Cariel, que sequer sabia onde estava. A cada segundo um pouco de sua vida era consumida pelo feitiço, que somente deveria drenar suas memórias e os mais fortes laços com a mulher, o sonho de ser pai, e a fé no deus Únifico. Os lençóis brancos de seda refinada estavam completamente ensopados e malcheirosos, carregados de baba, sangue e urina que pingavam ao chão, até os sapatos do velho Nada, que com um olhar de extrema tristeza despertou uma lágrima tão fria quanto a mais gélida montanha ao redor. Mais uma vez a mesma flecha perfurava seu coração.

- Porque você tinha de ser tão semelhante ao meu filho? E porque diabos eu tinha de me apegar tanto a uma lembrança tola do passado, a ponto de não poder esquecê-la? Agora pouco estava lendo seu livro sagrado, e ele me trouxe lembranças que queria esquecer. Mas vendo sua aparência elas se revigoraram. Você nunca irá saber, mas eu ajudei na elaboração desse livro. Um pedaço da minha história está gravado nessas páginas. – disse o velho Nada batendo a mão sobre as páginas do livro, abrindo em Josué – Este livro, dos vários presentes aqui, foi inspirado na dor de um homem. Ele diz assim, no Capítulo 10, versículo 16; Eu, como primeiro-general dos Mil Homens já em minha velhice, pude ver muita coisa magnífica, entre elas um ser sagrado tão poderoso que só de senti-lo dava para imaginar sua presença, e sua força gloriosa. No entanto sofri ao perder algo amado, ceifado pela lâmina de um machado grande e pesado, manuseado por um monstro sem coração que respirava ódio e golpeava maldade. Mas eu sei quem nos deu a vitória, e a morte dos nossos inimigos. Creio que ele pode trazer de volta a vida dos que pereceram, curar as cicatrizes da alma e revigorar as feridas do coração e da carne. – leu o velho Nada em voz alta, com os olhos em lágrimas. 

CARIELOnde histórias criam vida. Descubra agora