Os medicamentos fizeram algum efeito e Lua voltou a ter forças para ajudar seu potro a nascer. Alicia também ajudava o pequeno filhote a se encaixar no canal do parto enquanto que Eduardo ajudava a veterinária a puxar a corda presa às patas do potro a cada contração. Alicia se preocupava com o fato do líquido amniótico estar secando, por conta do tempo desde o rompimento das bolsas placentárias. O que a tranquilizava era que o potro continuava se movendo e com a pulsação firme.
Ela continuava incentivando a égua enquanto instruía o jovem garoto nas horas de puxar. Carlos estava inquieto e ansioso pela demora, mas Alicia não queria exceder na força para a retirada do potro. Ele era grande demais e ela queria dar tempo à Lua para que ela conseguisse trazê-lo ao mundo de forma mais natural e progressiva para não causar nenhuma lesão desnecessária. A veterinária conseguiu ver o começo da cabeça do potro que já tinha quase um de seus membros dianteiros completamente para fora e finalmente suspirou aliviada.
- Carlos! Traga feno seco – ela instruiu e, logo que o rapaz correu para fora da baia o potro começou a escorregar completamente para fora.
Alicia rapidamente desamarrou as patas do pequeno potro e o ergueu nos braços, levantou-se com ele e o levou para perto da cabeça da égua. Lua começava a se erguer, mesmo ainda fraca, quando Alicia colocou seu filhote a sua frente. Enquanto Lua cheirava, lambia e esfregava as costelas do potro Alicia limpava o nariz e a boca dele retirando os resíduos da placenta que poderiam atrapalhar a respiração do mesmo. O potro começou a emitir os primeiros sons e Carlos chegou com um grande punhado de feno que Alicia começou a esfregar sobre o corpo pequeno para secar o pelo do filhote.
Um pouco antes da saída de Carlos da baia, o pai do rapaz estava parado em frente a porta frontal do pavilhão quando viu a aproximação da Senhorita Almeida. Ele logo se adiantou para ampará-la pois viu a dificuldade da moça em caminhar pelo terreno levemente irregular coberto por cascalho. Ela se apoiou no antebraço do homem agradecendo-o com um sorriso, e foi ajudada por ele a chegar próxima a porta de entrada do pavilhão.
- Obrigada, Senhor Giulio – agradeceu ela quando conseguiu se apoiar na parede junto a porta – Como estão as coisas lá dentro? – ela perguntou preocupada.
- Infelizmente eu não sei senhorita Almeida – ele murmurou olhando para dentro do pavilhão e vendo seu filho sair correndo de dentro da baia – Mas acho que vamos descobrir. A senhorita prefere esperar aqui? Eu vou entrar.
- Vou com você – disse ela se desencostando da parede de pedra e aceitando o braço esticado de Giulio para se apoiar.
Eles se aproximavam e viram Carlos voltar para dentro da baia carregando feno nos braços. Maia sentiu Giulio ficar ansioso e demonstrar esperança por conta do sorriso que quis surgir no rosto do homem. Ela caminhou no seu passo lento e, quando eles estavam em frente a baia vizinha a qual Carlos entrou ambos puderam ouvir uma voz animada.
- Isso garota! – falou a voz feminina dentro da baia e, logo depois o corredor foi preenchido por uma gargalhada que fez um sorriso surgir no rosto de Maia.
A moça não conseguiu impedir um sorriso discreto de surgir em seus lábios ao ouvir aquele som agradável, suave e levemente rouco. Maia achou aquele um dos sons mais gostosos que ela já havia escutado em sua vida. Antes que eles chegassem a porta da baia viram Carlos sair acompanhado de uma mulher. A jovem reparou na mulher que deveria ser a veterinária da qual Giulio tanto falava. Era uma mulher na casa dos 30 anos trajando uma calça jeans azul e uma camisa de botões com as mangas dobradas até muito acima dos cotovelos.
A veterinária tinha todas suas roupas sujas de um líquido que parecia viscoso misturado com um pouco de sangue e que começava a secar. Toda a frente dos jeans e a parte inferior da frente da camisa estavam molhados e sujos de sangue também, as calças também tinham partículas de feno coladas nas coxas e joelhos. A cor de seus olhos era um castanho claro, cor de mel, e sua pele tinha um tom levemente bronzeado. Os cabelos negros e levemente ondulados estavam amarrados num "rabo de cavalo". Havia suor e marcas de sangue e do líquido viscoso no rosto da mulher, indicando que ela tinha passado as mãos ou parte dos braços sobre o rosto. Seus braços também estavam sujos, mas não tanto quanto suas mãos.
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Argentum [EM REVISÃO]
RomanceAlicia Ferraz é uma simples veterinária, mas talvez não tão simples assim. Mora numa cidade pequena no interior do Rio Grande do Sul, deixou toda a vida que havia construído em Porto Alegre para voltar e cuidar dos pais. Quando o pai, também veterin...