Quando chegou na clínica era perto das 13h da tarde, ela conseguiu evitar Talitha que havia ido almoçar em casa. Sua mãe pareceu ignorar a expressão satisfeita e, talvez, boba que ocupava seu rosto. Alicia desceu para a consulta marcada para as 13h30 apenas quando ouviu que a senhora e seu velho cachorrinho haviam chegado. Ele estava fazendo acompanhamento de diabetes e a senhora consumava brincar com Alicia que era impressionante que ela não tivesse a doença, mas seu pequeno amiguinho sim. A veterinária foi direto para seu consultório deixando apenas um sorriso e um 'boa tarde' para a amiga que a encarou com um olhar repreendedor, mas se manteve calada.
A consulta durou pouco mais de uma hora e meia. Alicia coletou sangue e fez o teste da glicemia do cachorrinho de 15 anos e ainda marcou outro dia para ele vir fazer um outro exame de sangue. Marcando ainda uma data de um exame completo para algumas semanas. Logo que a senhora e seu cachorrinho sairam Talitha fez uma moça com um gato entrarem. O animal parecia ter ingerido algo que não deveria e Alicia levou gato e a moça para a sala de ultrassom. Descobriram que ele havia ingerido uma pequena pedra, mas era tão pequena que, passado o desconforto gástrico que ela provocou o animalzinho não teria outros problemas.
Alicia receitou alguns protetores gástricos para serem usados no dia e um laxante para acelerar a saída do corpo estranho que deveria ser usado no dia seguinte. Pediu o retorno para a segunda feira para fazerem outros exames porque o animal parecia estar ingerindo um pouco de terra por algum motivo e isso poderia significar alguma deficiência de minerais. Era quase 17h da tarde quando a veterinária começou a higienizar seu consultório e os aparelhos que havia utilizado separando o que Talitha deveria esterilizar. Estava tranquilamente limpando a mesa de atendimento com álcool quando ouviu a porta do consultório ser aberta.
- Você não vai fugir dessa conversa agora, dona Alicia – disse a voz séria e irritada de Talitha fazendo a veterinária suspirar.
- Não temos nada para conversar – respondeu ela continuando o que fazia mostrando que não tinha intenção de prolongar o assunto.
- Você está fugindo de mim, se está fugindo então é óbvio que temos o que conversar – insistiu Talitha se sentando sobre a mesa de Alicia – Vamos, diga o que tem a dizer sobre a Srta. Almeida. Estou aqui esperando para ouvir.
- Não tem nada que você precise ouvir – suspirou a veterinária deixando a mesa de atendimentos de lado e se sentando ao lado de Talitha em sua mesa de madeira clara – Foi divertido até, estou ensinando algumas coisas sobre cavalos a ela. Vamos nos tornar boas amigas e isso é tudo – disse ela dando de ombros.
- Amigas? Sério Ali? – questionou Talitha com um olhar preocupado e triste – Você vai ser só amiga dela? Simples assim?
- Sim Talitha, simples assim – disse a veterinária ficando séria – Já estamos nos tornando boas amigas, sinto isso. Vamos ser grandes amigas ainda e para min isso está ótimo. É tudo o que eu preciso.
- Mentira – acusou Talitha se levantando e ficando em frente à amiga – Está escrito na sua cara que é mentira. Olha só pra você, amiga. Só de falar que é tudo o que precisa você já fica com essa cara triste de quem está conformada com a derrota.
- Mas isso é tudo o que posso ter esperanças de ter, Litha. Eu e ela nunca seremos mais do que simples amigas. Tenho que me contentar com isso porque não vou conseguir simplesmente não ficar perto dela – falou a veterinária cruzando os braços – Não adianta eu alimentar falsas esperanças. Seremos grandes amigas e espero que apenas isso seja o suficiente para mim. Porque se não for farei que ser.
- Podem até ser grandes amigas, mas sua melhor amiga continuarei sendo eu – reclamou a mais nova descruzando os braços da veterinária a fazendo com que ela abraçasse sua cintura, passando seus braços pelos ombros dela e começando um carinho nos cabelos escuros – E como melhor amiga sei que isso de ser amiga da olhos verdes vai te machucar.
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Argentum [EM REVISÃO]
RomanceAlicia Ferraz é uma simples veterinária, mas talvez não tão simples assim. Mora numa cidade pequena no interior do Rio Grande do Sul, deixou toda a vida que havia construído em Porto Alegre para voltar e cuidar dos pais. Quando o pai, também veterin...