O primeiro impulso de Maia foi negar, mas se recordou do pedido de Alicia para confiar nela por um minuto e decidiu confiar mesmo, sem receios, deixou para se preocupar com o resto depois. A veterinária soltou sua mão, vestiu a regata outra vez e disse que fecharia os olhos. Alicia lhe disse que ela poderia trocar a camisa larga de mangas longas de seu pijama pela regata e que depois Maia poderia decidir o que permitiria que ela sentisse ou por quanto tempo. Ela também disse que se a dona do Rancho não ficasse confortável em continuar só com a regata depois ela poderia só vestir novamente a camisa de seu pijama.
Quando Alicia fechou os olhos Maia ainda se sentiu um pouco receosa, mesmo confiando na veterinária e mesmo que a luz no quarto fosse quase inexistente. Mas ela respirou fundo e retirou a camisa do pijama vestindo a regata logo em seguida e o mais rápido que conseguia, mas por conta do clima frio. Depois ela pegou a mão direita de Alicia com ambas suas mãos e a segurou próximo a seu peito. Ela não sabia por onde começar. Seu braço direito tinha apenas uma pequena marca próxima ao ombro, mas era imperceptível ao toque por ser só uma pequena diferença na cor da pele. Já o braço esquerdo tinha cicatrizes mais grossas e saltadas, principalmente próximo ao seu cotovelo e antebraço. Respirando fundo ela guiou a mão de Alicia até seu antebraço e sentiu os dedos quentes um pouco trêmulos ao tocar sua pele que já começava a ficar gelada por causa do frio no quarto.
- Estou começando a me arrepender dessa ideia – sussurrou Alicia num tom preocupado – Você já está começando a ficar gelada por causa do frio.
- Vamos fugir do frio então – Maia propôs num pequeno surto de coragem e começou a se deitar de lado para ficar de frente com Alicia – Deita e vamos nos cobrir – ela disse e sentiu a cama se mover com a movimentação da veterinária se ajeitando.
Depois disso ela voltou a pegar a mão de Alicia e a coloca-la sobre seu antebraço. Sentiu os dedos acariciarem sua pele tateando até reconhecer que já estavam sobre uma cicatriz grande próxima ao cotovelo. Maia não conseguiu dizer nada, mas Alicia poderia imaginar que aquilo havia sido causado por uma fratura exposta. Moveu lentamente os dedos sempre devagar para dar tempo de Maia recuar se não quisesse o toque, e encontrou as marcas que caracterizavam uma imobilização externa confirmando sua suposição de fratura. Ela não se moveria demais, deixaria que Maia decidisse quanto tempo sua mão deveria ficar ali e ou se ela poderia conhecer alguma outra parte de seu corpo.
Quando achou que Maia iria afastar sua mão por a ter retirado de seu antebraço a veterinária se surpreendeu ao sentir que estava sendo guiada mais para cima. Sua palma encontrou o ombro e ela sentiu a linha grossa e irregular sobre a palma aberta de sua mão direita. Ela não saberia dizer o que havia causado aquilo, mas sabia que era algo extenso. Maia moveu sua mão na direção de sua clavícula mostrando que a cicatriz continuava por ali também. Depois disso Maia soltou a mão da mais vela sobre seu braço soltando um suspiro. Aquele toque delicado era bom, causava boas sensações, mas ao mesmo tempo a consciência de que ele reconhecia suas marcas lhe trazia uma ansiedade nervosa que ela quase não conseguia controlar.
- Posso mover minha mão pelo seu braço? – Alicia perguntou não querendo ultrapassar nenhum limite e fazer algo que assustasse a menor.
Maia assentiu com a cabeça, mas só depois da veterinária não reagir que ela recordou que Alicia não a estava vendo.
- Pode – ela disse com sua voz tão baixa que quase não saiu por sua garganta.
Maia sentiu a mão deslizar por sua pele de forma gentil e delicada, os dedos de Alicia subiam e desciam por seu braço e antebraço em uma carícia leve que fez os olhos verdes se fecharem para aproveitarem a sensação. A mão de Alicia era mais quente do que o cobertor que estava sobre elas.
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Argentum [EM REVISÃO]
RomanceAlicia Ferraz é uma simples veterinária, mas talvez não tão simples assim. Mora numa cidade pequena no interior do Rio Grande do Sul, deixou toda a vida que havia construído em Porto Alegre para voltar e cuidar dos pais. Quando o pai, também veterin...