Capítulo 122

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Ela definitivamente não esperava voltar àquela casa, não depois da última discussão que teve com o irmão a um ano atrás. E, mesmo assim, lá estava ela passando pelo portão da guarita do condomínio e entrando na rua da casa em que viveu com a mãe por anos. O segurança ainda era o mesmo senhor e sorriu ao reconhece-la dentro do carro que era dirigido pelo seu advogado. Por mais que quisesse a presença da namorada, Alicia não poderia sair da cidade por conta de algumas consultas marcadas e Maia acabou chamando apenas Márcio para acompanhá-la.

Márcio estacionou o carro alugado na rua em frente a casa e Maia saiu sem esperar pelo homem. Avisou a ele para deixar as malas no carro e respirou fundo encarranco a porta, apertou o cabo da bengala que ainda usava por uma questão de conforto e liderou o caminho pela pequena inclinação que levava até a porta da frente. A casa era quase uma mansão, havia três vagas na calçada para carros, mais três vagas dentro da imensa garagem ao lado direito da construção. A porta da frente ficava do lado esquerdo junto de uma imensa janela de vidro na extremidade da casa em frente da qual havia um gramado verde bem cuidado.

Ela lembrava-se da imensidão de quartos na casa de dois andares e do jardim gramado com piscina que havia nos fundos. Não aproveitaria nada das comodidades do lugar, não havia mais nada seu lá dentro e não pretendia ficar muito tempo também. Antes que ela alcançasse a porta para tocar a campainha a madeira se moveu revelando Giovani usando uma camisa polo, uma calça jeans e um tênis azul. Os olhos verdes tinham olheiras grandes e profundas, a barba castanha clara estava grande e opaca, assim como os cabelos que estavam despenteados. Mas os olhos dele se arregalaram ao ver a irmã em sua postura ereta tão próxima da porta.

Maia usava uma calça jeans preta com uma bota da mesma cor com um pequeno salto, uma blusa de mangas compridas branca com gola redonda que deixava seu pescoço a mostra e tinha no braço esquerdo o sobretudo cinza pendurado, a mão direita apoiava a bengala nova de madeira vermelha. Vendo o olhar do irmão ela parou e ergueu a mão esquerda para tirar do rosto os óculos de sol, estilo aviador, de lentes marrom acobreadas. Seus olhos verdes calmos e profundos causaram um tremor no homem que não sustentou o olhar e apenas esperou que ela se aproximasse para convidá-los a entrar.

Como apresentações não eram necessárias os três entraram e Giovani guiou o caminho pelo corredor para a sala. Maia foi reparando em como a decoração mudara pouco, com ausência de vários objetos deixando a casa mais neutra num estilo mais conservador de decoração. Tudo parecia estar em seu lugar e a limpeza estava perfeita como sempre. Giovani lhes disse para se sentarem e ela escolheu uma poltrona que ficava de costas para a imensa janela da frente. Quando o homem perguntou se queriam algo para beber oferecendo água ou algum suco e se mantendo em pé como se estivesse pronto para ir buscar ela se pronunciou para sanar uma dúvida.

- Onde estão os empregados? – Maia se dirigiu ao irmão encarando-o novamente e, outra vez, ele não sustentou o olhar.

- Eu os dispensei por enquanto – ele respondeu – Não tem sentido manter um motorista se não tenho dinheiro para abastecer o carro, nem lógica manter as duas empregadas e cozinheiras se não há o que elas cozinharem. Os salários desse mês já estavam pagos, então ainda estão em dia até daqui duas semanas, mas como não sei o que vai acontecer deixei a critério deles buscarem novos empregos. Não posso garantir os salários a partir do mês que vem com minhas contas congeladas. Mas pedi que Madalena viesse ajeitar os quartos para vocês e desse uma organizada na casa.

Antes que algum deles pudesse dizer algo uma senhora de pele negra e cabelos presos num coque justo, usando um vestido amarelo com um avental cinza, apareceu no corredor e estancou ao notar as outras pessoas sentadas na sala. Os olhos castanhos escuros se arregalaram quando ela encarou os olhos verdes de Maia e pareceram se arregalar ainda mais quando a jovem sorriu largo e se levantou.

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