N/A: Capítulo 7/7 (o último) da Maratona
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Alicia estava arrumando suas coisas, eram 6h10 da manhã. Uma pasta com nove fichas a serem preenchidas e alguns papéis com anotações sobre pontos a serem observados em cavalos para que ela não esquecesse de nada. No dia anterior havia praticamente fugido de Talitha porque sabia que a amiga iria perguntar cada detalhe da conversa com Maia. Ela tinha certeza de que a amiga sabia que ela aceitaria o pedido da Srta. Almeida, e não queria ter de falar sobre Maia com Talitha tão cedo.
Na noite anterior havia feito uma lista sobre tudo o que precisaria e naquela manhã ela se levantou cedo, tomou um banho e se vestiu antes de ir colocar tudo no carro. Tinha escolhido uma calça jeans preta com as costuras douradas, calçou as botas de cor vinho e escolheu uma camisa de mangas compridas que tinha uma gola em 'v' com detalhes de falsos botões dos dois lados. A camisa era azul marinho e, por ser mais grossa, ela acabou não colocando nenhuma jaqueta, mas jogou sua jaqueta marrom dentro do carro.
Ela sabia o que estava acontecendo consigo mesma, mas não queria permitir. Estava decidida a impedir que aquele sentimento que queria surgir pela nova moradora do Rancho se desenvolvesse em seu peito. Não permitiria se apaixonar por alguém, sabia que haviam muitas coisas prontas para destruir qualquer relacionamento que ela pudesse vir a ter com uma mulher. Já havia passado por isso antes e não estava disposta a arriscar toda a sua reputação na pequena cidade por outro coração partido. Às vezes ela gostaria de ter encontrado algum rapaz que lhe fizesse se apaixonar, ou até que tivesse aceitado dar uma chance para algum dos que tentaram algo.
Sua mãe desceu com uma caneca de café, um prato com pãezinhos doces que ela havia feito no dia anterior e dois pedaços de bolo. Ela a olhava de um jeito que parecia vasculhar sua alma ao mesmo tempo em que avaliava cada detalhe de sua mente. Dona Marta parecia saber de algo porque a olhou como se quisesse dizer alguma coisa, mas depois de encara-la por alguns segundos pareceu desistir. A veterinária não sabia, mas Talitha havia contado tudo a ela sobre Maia e o possível interesse que a filha poderia estar desenvolvendo pela moça.
Obviamente Alicia não poderia saber o que se passava na mente da mãe. Não teria como saber que Dona Marta estava se controlando para não perguntar sobre Maia. Nem conseguiria imaginar que sua mãe poderia estar morrendo de vontade de lhe dar um conselho. Marta sentia que a filha estava a beira de um abismo de escolhas e estava com medo de que ela fizesse as escolhas erradas. Conhecia a filha que tinha e sabia que Alicia talvez tentasse se proteger tanto que acabaria se anulando. Mas não podia simplesmente dizer à filha para fazer o que a deixaria feliz sem realmente saber se a escolha de enfrentar esse possível sentimento seria a melhor realmente.
Sem saber se deveria ou não falar, Dona Marta acabou por deixar Alicia comer em paz e terminar de ajeitar suas coisas. A veterinária terminou de separar tudo o que achava ser necessário e, depois de dar um beijo na mãe, saiu antes que a amiga pudesse chegar. Acabou saindo muito cedo por estar ansiosa para chegar, mas durante o caminho foi ficando cada vez mais nervosa com a perspectiva de encontrar os olhos verdes de Maia outra vez. Percorreu aquelas estradas na velocidade mais baixa possível e seguiu ouvindo músicas e tentando não ficar ansiosa ou nervosa demais, o que foi em vão.
Quando avistou a entrada do Rancho um suspiro longo escapou pelos lábios da veterinária e ela respirou fundo se preparando mentalmente para não demonstrar seus sentimentos por Maia, porque sabia que seria impossível não senti-los. Viu a jovem sentada numa cadeira na varanda e estacionou seu carro em frente a casa, saiu do veículo pegando sua mochila onde tinha os arquivos em branco. Respirou fundo outra vez antes de sair detrás do carro e subir a escada que levava à varanda da casa.
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Argentum [EM REVISÃO]
RomanceAlicia Ferraz é uma simples veterinária, mas talvez não tão simples assim. Mora numa cidade pequena no interior do Rio Grande do Sul, deixou toda a vida que havia construído em Porto Alegre para voltar e cuidar dos pais. Quando o pai, também veterin...