Capítulo 117

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Não foi surpresa que a mesa das duas começasse a receber olhares desconfiados, acusadores e nada discretos alguns minutos depois da saída do trio. Nenhuma das duas se incomodou realmente com isso, tanto Alicia quanto Maia ignoravam os olhares de pessoas covardes que não se aproximavam e nem se intimidavam com a intensidade de alguns olhares. Alguns garçons se aproximaram da mesa com aperitivos que as duas aceitaram colocando-os sobre os pratos que estavam dispostos a frente delas. Alguns minutos depois da saída dos homens Carlos se aproximou da mesa e se sentou ao lado direito de Maia, já com uma garrafa de cerveja nas mãos.

Os três conversaram calmamente sobre os animais que ele havia visto mais cedo quando viera ajudar Eduardo. Os responsáveis pelo leilão fizeram um anuncio rápido de que alguns animais seriam apresentados antes do início dos lotes a venda, haviam alguns criadores que trouxeram seus melhores animais, principalmente garanhões, para tentar vender alguma cobertura ou apenas para mostrar o pai ou mãe dos potros e cavalos que seriam leiloados. Maia havia trazido Lua e Argentum para esse pequeno 'desfile', pois queria mostrar que o potro existia e que era lindo. Na noite anterior, conversando por mensagens com Alicia, elas concordaram que não negariam uma vender alguma prenhes de Lua por uma boa oferta, mas não era a intenção de Maia negociar nem mãe nem filho. Para isso ela havia trazido mais dois potros muito bem avaliados.

Carlos questionou os olhares depois de alguns minutos, incomodado com a forma como as pessoas pareciam sussurrar sobre eles, e o casal lhe explicou o que havia ocorrido e o orientou a ignorar os olhares, explicando que eram apenas covardes e que não precisavam se preocupar com esse tipo de gente. Contrariado ele acabou por concordar e prometer não reagir aos olhos julgadores. O desfile se iniciaria dali a 15 minutos quando um senhor de mais ou menos 50 anos chegou acompanhado de uma jovem que não deveria ser muito mais nova do que Maia, provavelmente mal passara dos 20 anos. Eles se aproximaram da mesa deles, o homem as encarou rapidamente antes de se sentarem nos lugares a frente das duas e de Carlos.

- Eu dividindo a mesa com o Rancho Aureus, algo não está certo nesse leilão – falou o homem coçando a barba branca, seus cabelos eram quase tão brancos quanto, mesmo que não fosse tão velho assim – Vocês eu conheço, agora, a jovem ai, não sei quem é – ele completou encarando Maia com curiosidade, mas um tanto de desinteresse, como se quisesse saber, mas não se importasse realmente com quem ela era.

- Maia Augustus – ela se apresentou, mas pela atitude do senhor não fez esforço nenhum em se erguer para lhe estender a mão.

- Boa noite, Aldo – falou Alicia sorrindo divertida com o velho ranzinza – Maia é a nova dona do Rancho – ela completou enquanto Carlos rolava os olhos e dava um boa noite educado aos dois antes de se levantar e sair para não aturar o humor ácido e irritante do velho Aldo Cárceres – Aldo tem uma pequena criação numa cidade próxima a nós, já prestei alguns serviços a ele em algumas ocasiões – a veterinária explicou a namorada.

- Me salvou um garanhão – resmungou Aldo encarando a veterinária e depois voltando a olhar Maia – Acho que eu já teria falido a alguns anos se não fosse por ela ter salvado o animal – comentou dando de ombros olhando em volta em busca de um garçom – Essa é minha filha, Juliana – falou sem olhar a jovem que rolou os olhos e se levantou para estender a mão por sobre a mesa para as duas mulheres que a cumprimentaram de volta.

- Você só não faliu ainda porque tem um bom olho pra cavalos, mas se dependesse só da sua administração, era para estar sem as terras a muito tempo, Aldo. Meus serviços não tem nada haver com isso – Alicia falou dando de ombros e alfinetando o velho que a encarou com uma expressão de tédio – Talvez se parasse de beber e ir apostar nos cassinos ilegais você estivesse numa posição melhor – ela provocou com um meio sorriso.

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