Capítulo Bônus Final

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As duas mulheres voltaram para o quarto naquela noite com um sentimento de felicidade quase incontido. Haviam ficado muito perto de soltar a notícia durante as várias horas do dia. Claro que Amanda também e o casal percebeu como a filha estava comprometida em guardar o segredo das três e proteger a irmãzinha de "ser assustada". Elas haviam decidido não contrariar a garotinha explicando como ainda era impossível saberem se o bebê seria uma menina ou um menino, apenas deixaram Mandy acreditar no que ela queria acreditar pensando que, dali algumas semanas, se descobrissem que seria um menino, elas poderiam conversar melhor com a filha.

Apesar de tudo, o dia havia sido cansativo. Com a notícia e elas tendo que controlar suas ansiedades, ainda haviam tido vários compromissos a respeito do Rancho. Alicia havia contratado, a pouco mais de um ano e meio, uma jovem recém-formada em Medicina Veterinária que havia sido uma indicação, por incrível que pareça, de seu ex-namorado da época em que viveu em Porto Alegre. Os dois não mantinham mais um contato regular, mas Maia tinha consciência de que Diego era um bom homem e que a relação dele com a esposa nunca havia passado realmente da amizade por parte de Alicia. A dona do Rancho até havia conhecido o homem alguns anos após o casamento delas. Quase dois anos atrás ele havia entrado em contato com Alicia perguntando se ela teria alguma vaga para uma veterinária recém-formada, aparentemente a jovem Gabriele, estava buscando sair de Porto Alegre e morar no interior, mas queria um emprego para isso.

Fora em boa hora que Alicia contratou a garota como Veterinária para a Clínica. Dona Marta estava morando com a amiga Catarina; a clínica e a casa praticamente ficavam sozinhas nos dias em que ela não estava trabalhando. Com a contratação de Gabriele agora alguém morava no sobrado e poderia cuidar de tudo sem nenhum custo a mais para elas. Gabriele não pagava aluguel, mas era responsável pelas contas do sobrado. Logo depois da jovem se mudar foi que Maia e Alicia decidiram realmente começar a tentar a gravidez novamente, Alicia teria mais tempo para cuidar da esposa se fosse preciso e isso foi um ponto importante para que elas tomassem a decisão naquele momento. Haviam passado por sete tentativas até aquela, que era a oitava, a última também havia dado resultados positivos nos primeiros exames, mas na confirmação do primeiro mês o resultado havia vindo negativo; a esperança delas era que dessa vez fosse diferente, principalmente agora que Amanda havia descoberto tudo.

Eram todas essas coisas que estavam passando pela mente de Alicia enquanto ela estava confortavelmente sentada dentro da enorme banheira da suíte do casal. Não faziam mais de cinco minutos ela havia terminado de preparar o banho delas e entrado na água para esperar a esposa que havia ido ao escritório deixar alguns documentos que havia analisado durante a tarde. A porta do banheiro estava aberta, então Maia não fez nenhum barulho ao entrar e pode perceber a esposa distraída olhando para a parede a frente dela. Repetindo uma ação comum entre as duas, a dona do Rancho começou a se despir, deixando suas roupas no cesto atrás da porta e depois seguiu a passos lentos enquanto enrolava o cabelo castanho longo em um coque alto.

Foi nesse momento que os olhos cor de mel se viraram, Alicia se perdeu em observar os movimentos da esposa, sua mente nostálgica com os últimos acontecimentos lhe trouxe todo o caminho que elas haviam percorrido até o ponto em que Maia se sentisse tão confortável em frente a ela daquela forma. A veterinária se permitiu admirar o corpo da esposa, afinal, era sua mulher, e enquanto isso sorria com a falta de inibição em estarem nuas uma em frente a outra. Haviam músculos muito mais definidos e volumosos, principalmente nas coxas e ombros, as cicatrizes continuavam ali, umas mais aparentes e outras em processo de desaparecimento. Mas Maia não tinha mais vergonha delas e Alicia sentia orgulho de ter ajudado a esposa nesse caminho.

Ela não desprezava mais suas cicatrizes, ao contrário, ela agora tinha orgulho do próprio corpo. Não que as inseguranças não mais existissem ou não pudessem voltar, Alicia tinha plena consciência de que elas poderiam muito bem ressurgir com o tempo. Ela se lembrava muito bem de como fora complicado para ela lidar com as inseguranças com o seu próprio corpo quando estava grávida de Amanda, durante e também depois. Eram coisas complexas, as mudanças no corpo junto da carga hormonal, a veterinária sabia antes de engravidar que seria assim, mas nada a preparou para as crises de choro no meio da madrugada quando começou a ganhar peso e sentiu a insegurança de não ser capaz de voltar a ter o corpo de antes ou não ser mais capaz de atrair a esposa.

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