Capítulo 28

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N/A: Leiam meus recadinhos lá embaixo ;]

A manhã da veterinária começou muito cedo, 4h50 da manhã exatamente. Foi a hora em que ela acordou e pulou da cama, havia sonhado com Maia. No sonho ela voltava a carregar a mais nova nos braços e elas estavam em algum lugar do Rancho aproveitando um dia de sol fraco e agradável. As imagens que sua mente criativa havia criado durante a inconsciência a deixaram instável e agitada. Vestiu um moletom sem zíper e com capuz, calças de corrida e calçou os tênis. Saiu pelo portão da garagem às cinco da manhã e correu, correu até sentir as pernas doerem e, só então, voltou para casa.

Passou pela cozinha sem parar indo para o corredor, apenas disse um bom dia para a mãe e Talitha que havia chegado muito cedo naquela segunda-feira. Foi até seu quarto, tomou banho e lavou os cabelos, secou-os da melhor forma possível com a toalha e refez o curativo no ombro. Penteou os fios escuros e se encarou no espelho. Olheiras e uma expressão de cansaço foi o que enxergou em seu reflexo. Soltou um suspiro e fez algo que odiava fazer, puxou um pequeno estojo com o que tinha de maquiagem. Corretivo e base apenas, escondendo as olheiras de forma discreta, era tudo o que poderia fazer para disfarçar seu estado.

Vestiu-se com um jeans mais fino, o dia não estava tão frio. Colocou uma blusa polo branca deixando os botões abertos e ajeitando a gola enquanto saia do quarto. Chegou a cozinha com um sorriso no rosto, deu um beijo no rosto da mãe e outro nos cabelos de Talitha que estava com a boca cheia de bolo antes de se sentar servindo seu café. As outras duas mulheres notaram os olhos cansados e tristes, mas decidiram não falar nada. Ainda, porque cada uma teria seu momento de interrogar a veterinária. Alicia comeu menos do que o normal, mas tentou não deixar as duas perceberem e, assim que terminou, pegou apenas uma xícara de café e disse que iria organizar seu consultório.

As duas mulheres se olharam quando ela saiu da cozinha e a mais nova suspirou se levantando para ir atrás da amiga. Era a hora dela conversar com a veterinária. Encontrou a amiga com a porta do consultório fechada, um claro sinal de que Alicia não pretendia ter nenhuma conversa, mas ela tinha que forçar o diálogo. Sabia que se não forçasse ela a colocar aqueles sentimentos e pensamentos para fora Alicia acabaria se afogando em si mesma. Guardar sentimentos sempre foi um defeito da veterinária que consumava, sempre, lhe trazer problemas. Abriu a porta lentamente, sem bater antes. Colocou a cabeça para dentro e encontrou a mais velha sentada atrás de sua mesa no fundo da sala, o notebook no canto ligado e a caneca de café ao lado do mouse.

- Sabe que não vai fugir de mim, não sabe? – perguntou a garota entrando sem pedir permissão e vendo os olhos da veterinária rolarem.

- Eu tenho coisas para fazer, Talitha – respondeu ela com voz cansada – Acabei de ver alguns artigos novos que preciso ler.

- Isso pode esperar – respondeu ela se sentando numa das duas cadeiras do outro lado da mesa – O que aconteceu no Rancho? – ela perguntou sem rodeios e viu os ombros da veterinária caírem e ela se encolher em sua cadeira.

- Eu realmente não quero falar sobre isso, Litha – ela respondeu com um suspiro cansado fechando o notebook.

As duas se encararam, os olhos focados uns nos outros. Conversavam naquele olhar, se conheciam bem demais para precisarem de palavras para tudo. A mais nova se levantou e deu a volta na mesa, viu o sofrimento no olhar da amiga e correu para levar seus braços até ela. Parou ao lado da cadeira abraçando os ombros e a cabeça de Alicia que deixou seus braços rodearem a cintura da mais nova que começou um leve carinho em seus cabelos molhados.

- Eu tentei, Talitha, eu juro que tentei – sussurrou a veterinária se agarrando a amiga – Mas foi impossível não me apaixonar por ela. Deus, qualquer um se apaixonaria por aquela mulher – falou com um riso fraco.

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