Era terça-feira, após a consulta com Bernardo naquele sábado Maia havia tirado a segunda para procurar uma psicóloga e já estava com uma consulta marcada para a o dia seguinte, motivo pelo qual Alicia estava chegando ao Rancho naquela tarde depois do almoço para acompanha-la até a cidade na manhã seguinte. Por conta disso os olhos verdes estavam concentrados nos documentos que iria adiantar e analisar antes do almoço dentro do escritório para ter a tarde livre. Foi ali que Carlos encontrou a patroa após chegar da cidade quase na hora do almoço. Ele trazia alguns envelopes na mão e entrou no escritório depois de Maia lhe autorizar.
- Bom dia, patroa – disse ele com um semblante calmo com um pequeno sorriso, o rapaz estava cada vez mais confortável com a jovem, se não fosse subordinado ele provavelmente já estaria começando a trata-la como uma boa amiga, mas continuava se a evitar isso.
- Bom dia, Carlos – Maia respondeu erguendo os olhos e baixando as folhas – Trouxe algo pra mim? – perguntou notando que ele se aproximava com um pequeno pacote.
- Passei pelo Senhor Nelson quando saía da farmácia e ele aproveitou pra me entregar algumas correspondências que tinha pro Rancho – contou Carlos sobre o encontro com o carteiro e colocando o envelope sobre a mesa de Maia – Esse é pra senhora, se me der licença, Patroa, tenho que ir terminar de entregar as outras – ele avisou antes de se virar para sair.
Maia concordou e quando o rapaz saiu ela puxou o envelope fino para si. Deixou as folhas de lado na mesa e buscou o abridor de cartas que estava num canto ao lado da tela do computador. Abriu o envelope sem reconhecer o símbolo que estava impresso na parte de trás e puxou de dentro dele um papel dobrado bem firme. Ao abri-lo notou se tratar de um convite. O papel firme tinha tons bege e amarelo, o mesmo símbolo impresso no envelope estava no cabeçalho da folha dobrada e como marca d'agua na parte interna do papel. Era um convite para uma exposição com leilão de alguns animais, o convite incluía a proposta dela incluir alguns de seus animais em dois ou três lotes para o leilão e dois convites em nome do Rancho Aureus para o evento em si que ocorreria dali a duas semanas numa cidade próxima da divisa do Rio Grande do Sul com o Uruguai.
O nome Estância Valverde não lhe era estranho e ela decidiu confirmar suas suspeitas, pegou o convite numa mão, sua bengala na outra e se levantou saindo de trás da mesa e indo em direção a cozinha onde imaginava que encontraria Giulio por já estar quase na hora do almoço. Ele sempre passava por lá nesses horários para fazer sua refeição e logo voltar as suas atividades. Não estava enganada e aproveitou para comer na companhia do mais velho enquanto conversavam. Durante a refeição Giulio contou que os Valverde eram uma família tradicional do Uruguai que havia se estabelecido naquela cidade a muito tempo.
Aparentemente a Estância tinha terras em ambos os países e trabalhavam muito com Puros Sangue Inglês, Quarto de Milha e os Crioulos. O Velho Augustus fazia alguns negócios com o Miguel Valverde, filho do ainda dono da Estância e que tomava conta dos negócios a quase 10 anos desde que o pai havia sofrido um acidente vascular cerebral e perdido parte dos movimentos do lado esquerdo do corpo além de algumas outras sequelas. O jovem como chamava Augustos, que na verdade era um homem de quase 50 anos, era inteligente, formado em economia e administração, mas com muito conhecimento sobre cavalos.
Giulio ainda contou que fazia muito tempo que não haviam negócios entre a Estância e o Rancho, o que seria o último foi uma compra que Augustus teria acertado com Miguel sobre um garanhão que o mais velho queria adquirir. Mas, aparentemente, Miguel havia desistido da venda depois da morte do Velho Augustus, entrara em contato com Giulio poucos dias antes de Maia e o irmão chegarem ao Rancho, para saber como andavam as coisas com os herdeiros do Rancho e se haveria possibilidade de as negociações continuarem, Giulio retornou a ele com as notícias de que Maia havia assumido o Rancho e, logo depois, Rodrigo já encerrava as possibilidades de negociações dizendo que não tinha mais interesse em vender o animal.
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Argentum [EM REVISÃO]
RomanceAlicia Ferraz é uma simples veterinária, mas talvez não tão simples assim. Mora numa cidade pequena no interior do Rio Grande do Sul, deixou toda a vida que havia construído em Porto Alegre para voltar e cuidar dos pais. Quando o pai, também veterin...