Ao olharem para a porta viram Jessica parada, a mão esquerda ainda na maçaneta e metade do corpo para dentro do consultório. Ela encarava as duas com os olhos arregalados e surpresos que ficaram confusos e logo depois tristes quando a cena toda foi compreendida. Antes que qualquer palavra fosse dita Enzo e Talitha apareceram por trás dela olhando para as duas que continuavam juntas com Maia ainda encostada contra a lateral da mesa. Talitha colocou as mãos sobre a boca ao notar que a melhor amiga parecia prender a dona do Rancho contra a mesa e que as duas mulheres tinham os lábios avermelhados. Enzo segurou um riso e se encostou na parede do corredor cruzando os braços e sorrindo falsamente.
- Eu te avisei, queridinha, que era melhor ir embora – disse ele fazendo Jessica sair do estado paralisado em que se encontrava.
- Pois eu estou é adorando que ela não foi antes – riu Talitha – Isso está ficando melhor que a novela das 9 que mamãe me obriga a assistir durante o jantar.
- E não é que tenho de concordar contigo? –Enzo também riu, mas continuou em seu lugar.
- Vocês estão mesmo juntas – ela sussurrou dando um passo para dentro da sala.
Maia rolou os olhos irritada, era a segunda vez que ela e Alicia eram interrompidas em um momento mais íntimo de ambas e ela já começava a ficar brava com tudo isso. Os olhos verdes encararam a veterinária que parecia menos irritada, mas tão frustrada quanto ela. Alicia respirou fundo e ignorou Jessica por alguns segundos para conferir se Maia estava bem após o susto. Confirmando que estava tudo bem ela deixou um beijo na testa da menor e se virou para a ex-namorada ainda parada próxima a porta.
- Não sei o que te levou a acreditar que não estávamos após o que Maia disse na recepção – falou ela de forma calma e tranquila – Mas esse não é o ponto, Jessica. Depois de mais de dez anos eu realmente não entendo como pode pensar que eu ainda poderia sentir as mesmas coisas por você. Não quero te machucar ou te magoar, não tenho mais nenhum sentimento ruim contra ti. Mas precisa entender que não te amo a anos.
Por alguns instantes ninguém disse nada. Talitha estava morrendo de vontade de rir e arrastar Jessica para fora, mas queria ver como as coisas iriam seguir depois daquela declaração tão calma de Alicia. Maia havia soltado o jaleco, mas mantinha as mãos sobre a lateral do corpo da mais velha, por baixo do pano branco. As mãos da veterinária também continuaram tocando a dona do Rancho, mas haviam voltado para a cintura.
- Alicia eu... – Jessica começou, mas já não sabia o que dizer ou que argumento usar – Eu só... – ela fez outra pausa, mas novamente não soube o que continuar.
Antes que qualquer um tivesse uma reação à falta de argumentação dela um som de passos foi ouvido pelo corredor. Logo depois Dona Marta estava empurrando Talitha da frente da porta e entrando no consultório com uma expressão confusa no rosto.
- O que está havendo nessa clínica? Porque não está na recepção, Talitha? – falou ela em voz autoritária e tanto Alicia quanto Maia coraram ao ter o olhar da senhora parando sobre elas já que obviamente era nítido que seus lábios ainda estavam avermelhados, mas Marta logo desviou o olhar delas para Jessica que a encarava sem saber quem ela era – Ora, recordo-me de você – disse ela encarando bem Jessica.
Alicia quis rir. Sabia quão boa era a memória de sua mãe, principalmente com nomes e fisionomias. Dona Marta, obviamente, havia acabado de reconhecer Jessica como a ex-namorada da época de faculdade. Não que ela tenha falado muito da garota, mas após se separarem ela havia contado a mãe o ocorrido e mostrado uma única foto da ex.
- Eu não conheço a senhora – murmurou Jessica sem saber o que dizer ao sentir o olhar de Marta ficar sério e ameaçador.
- Claramente não me conhece – respondeu encarando Jessica de cima a baixo antes de olhá-la nos olhos outra vez – Não teve a decência de pedir para ser apresentada a mãe de Alicia na época em que namoraram. Mas eu lhe reconheceria em qualquer lugar. Apenas tinha a clínica de minha filha como o último lugar no mundo onde teria o desprazer de te encontrar.
- Mãe, não há necessidade disso – falou Alicia em um tom controlado e ameno, não queria mais uma cena, dessa vez em seu consultório.
- Oh meu amor, eu sei que não há necessidade de nada – respondeu Dona Marta olhando para a filha com um sorriso que se estendeu para Maia quando ela encarou os olhos verdes fazendo a mais nova sorrir sem graça – Só pode haver um motivo para essa moça estar aqui e, claramente também, o assunto que a trouxe a clínica já foi encerrado. Sabe, querida – disse ela voltando a se dirigir a Jessica que continuou calada sem saber o que responder – As coisas que já começam errado nunca vão dar certo no final. Mas o desgosto de vê-la aqui já foi remediado ao encontrar a Senhorita Almeida presente. Agora, espero que aprenda com ela e não se esqueça da família da próxima pessoa estiver disposta se envolver com você. Talitha, minha menina, pode acompanhar essa moça até a saída agora, sim? – disse ela olhando para a mais nova de todos ali que sorriu largamente e logo se adiantou a segurar um dos braços de Jessica e a levar para fora da sala em direção ao corredor.
Maia estava ainda mais corada após o comentário de Dona Marta que deixou bem claro que ela já havia entendido toda a situação. Para piorar sua situação via que seu melhor amigo estava se controlando para não gargalhar enquanto ela pedia com o olhar que ele a ajudasse a sair daquele momento constrangedor. Alicia também não estava muito melhor e tinha o rosto vermelho encarando a mãe com olhos surpresos. Tentando dar uma mão a amiga Enzo se adiantou estendendo a mão para a senhora que ainda tinha sua bolsa pendurada no ombro.
- Bom dia, Senhora Marta. Meu nome é Enzo, sou o melhor amigo de Maia e vim passar alguns dias aqui – disse ele sorridente.
- Seja bem vindo, querido – disse ela segurando a mão dele com suas duas mãos e lhe dando um sorriso gentil – Que bom que os amigos de Maia vão aparecer por aqui.
- Ah, serei só eu mesmo – riu ele dando de ombros, mas sem querer entrar em detalhes sobre Maia não ter outros amigos – E talvez meu namorado, mas ele trabalha demais.
- Que pena, mas as férias existem e o Rancho é um lugar lindo para se descansar – disse ela toda sorridente e, logo depois, se virou para as duas mulheres que não haviam conseguido se mover ainda – Meninas, eu vou subir e preparar um café para nós. Não demorem muito a subir – disse ainda segurando a mão de Enzo e caminhando para fora do consultório e levando-o junto, parou antes de fechar a porta e olhou diretamente para a filha – E convide Maia e Enzo para almoçarem conosco, Alicia. Vou fazer aquela torta que você adora.
Antes de sair deixando a porta encostada Martaainda deu um sorriso para as duas que ficaram lá dentro. As duas encararam aporta fechada, depois encararam-se ainda com as expressões constrangidas esurpresas. Logo depois as duas começaram a rir e Alicia se inclinou até que astestas delas estivessem se tocando enquanto riam de olhos fechados. Apesar detudo ambas tinham uma sensação muito boa sobre os próximos acontecimentosdaquele dia que havia começado um tanto fora de suas zonas de conforto.
N/A:
Olha quem veio alegrar o fim de semana com o final dessa cena MaRaViLhoSa de Maia e Alicia hehe. Quem esperava a chegada da Dona Marta????
Sei que esse cap ficou meio curtinho kkkkk, mas eu quis encerrar ele com essa cena em específico kkkkkk Tenho q dizer que ri demais escrevendo =P
Bom, agora assuntos importantes.
Minhas aulas começam amanhã (segunda) e com trabalho e tudo o que estou fazendo agora não sei quando terei tempo de escrever (mas vou ter sim, e tenho meio cap pronto tbm). Então não vou deixar nenhuma previsão do dia, mas a partir de hoje sai cap novo assim que eu escrever e corrigir ele.
Quem me segue no tt vou tentar avisar quando estiver corrigindo o capítulo, assim vocês podem esperar que logo sai.
Era isso pessoinhas, espero que estejam todos bem.
Bjs e até o próximo
;]
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Argentum [EM REVISÃO]
RomanceAlicia Ferraz é uma simples veterinária, mas talvez não tão simples assim. Mora numa cidade pequena no interior do Rio Grande do Sul, deixou toda a vida que havia construído em Porto Alegre para voltar e cuidar dos pais. Quando o pai, também veterin...