A viagem de volta foi ainda mais calma do que a de ida. Quase uma hora antes de chegarem a cidade a exaustão venceu Maia e ela adormeceu com a cabeça caindo levemente para o lado esquerdo, apoiada no encosto do banco. Alicia sorriu quando fez uma pergunta aleatória e notou o motivo de não receber sua resposta. Ela conduziu mantendo a velocidade e tentando não acordar a namorada, o que conseguiu já que ela estava completamente exausta. Ao chegarem na cidade a veterinária decidiu ir direto para sua casa, ao chegar e estacionar o carro ela desceu do veículo e ligou para o Rancho.
Avisou Antonieta que Maia estava cansada demais para fazerem a viagem de volta e que na manhã seguinte ela a levaria. Dona Marta chegou quando ela estava abrindo a porta do passageiro, notando a jovem adormecida ela sorriu para a filha e gesticulou para que ela a trouxesse para cima. Aí veio a tarefa difícil para Alicia: levar a namorada sem que ela acordasse. Enquanto Marta segurava a porta do carro ela se inclinou para dentro do veículo. Delicadamente tirou o cinto de segurança e pegou a mão direita de Maia colocando o braço dela em volta de seu pescoço. Puxou o corpo devagar até ela estar apoiada em seu peito e passou o braço esquerdo em volta do tronco da menor. Colocou o braço direito por baixo dos joelhos e puxou o corpo desacordado para o mais próximo da borda do banco que conseguia.
Um impulso um pouco maior e Alicia se colocou ereta trazendo a namorada em seus braços. Marta se aproximou delas depois da filha se afastar do carro e pegou a mão esquerda de maia colocando-a sobre o colo dela e ajeitando a cabeça da mais nova próxima ao pescoço de Alicia. Assim que sua mãe pegou a bengala de Maia e seguiu a frente para abrir as portas a veterinária se moveu levando a namorada. Haviam acabado de entrar no quarto dela quando Maia se moveu tentando abrir os olhos e se dando conta de que estava nos braços de Alicia que se sentou em sua cama com ela ainda nos braços.
- Chegamos? – Maia conseguiu perguntar, com a voz ainda embargada de sono e sem realmente abrir os olhos para se localizar.
- Na minha casa, vamos para o Rancho amanhã – Alicia respondeu baixinho e colocando a namorada sobre a cama – Não se preocupe agora, meu amor. Volte a dormir e descanse mais um pouco.
- Eu dormi muito tempo? – Maia ainda conseguiu perguntar enquanto sentia sua namorada a colocar sobre a cama e começar a tirar seus sapatos.
- Não o suficiente pelo que vejo – a veterinária respondeu com um sorriso divertido e amoroso, ela conseguiu puxar as botas de cano curto dos pés de Maia e ajeitou as pernas dela sobre a cama antes de se inclinar sobre ela e dar um beijo em sua testa – Descanse mais um pouco. Eu te chamo para comermos algo ok? – Maia só consegui piscar lentamente enquanto acenava com a cabeça e fechar os olhos, Alicia deixou tocou o rosto dela fazendo com que abrisse os olhos outra vez e deu um selinho rápido que fez Maia sorrir antes de desistir de acordar.
Alicia ainda a ajeitou sobre a cama, puxando o edredom e a cobrindo e depois indo até a janela do quarto para fechar as cortinas. Ao passar pela cama novamente ela deixou um outro beijo nos cabelos da namorada que havia acabado de abraçar seu travesseiro escondendo seu rosto nele, só então ela saiu e desceu para a clínica. Teria que atender uma consulta em menos de meia hora e já queria que ela não fosse demorada apenas para poder voltar ao seu quarto e ficar com Maia adormecida.
Duas semanas e meia se passaram depois dessa primeira consulta. Dr. Márcio havia garantido a Maia que a manteria informada, mas até aquele momento não houve nenhum avanço na situação do caso de Renato. Ao mesmo tempo em que nada caminhava na justiça a fisioterapia de Maia dava passos largos. Era sábado, Alicia e Maia haviam retornado da quinta consulta com Bernardo na tarde anterior, passaram novamente a noite na casa da veterinária e se dirigiram ao Rancho pela manhã; uma pequena rotina a qual elas já estavam se acostumando.
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Argentum [EM REVISÃO]
RomanceAlicia Ferraz é uma simples veterinária, mas talvez não tão simples assim. Mora numa cidade pequena no interior do Rio Grande do Sul, deixou toda a vida que havia construído em Porto Alegre para voltar e cuidar dos pais. Quando o pai, também veterin...