Elas haviam aproveitado o resto da tarde passeando pela cidade e acabaram por ir assistir a um filme qualquer que estava em cartaz no primeiro cinema que acharam. No final do dia elas encontraram um hotel próximo ao consultório do fisioterapeuta e, depois de jantarem num restaurante próximo, foram para o quarto descansar para o dia seguinte. Foi um acordo mudo entre olhares quando Maia pediu por um quarto com cama de casal, elas já começavam até a ter uma rotina ao dormirem juntas e não parecia ser uma ideia agradável a nenhuma das duas dividir um quarto, mas não dormirem na mesma cama.
Um pequeno habito da veterinária, que agora pertencia a Maia também, era sempre ter uma muda de roupas quando saía para viagens mais longas. Por essa razão não haviam se preocupado em comprar qualquer peça de roupa, entretanto, se esqueceram de que não tinham nada que pudessem usar para dormir o que gerou um pequeno desconforto em cada uma ao chegarem ao quarto e repararem nesse fato. Mas já estava tarde demais para irem atrás de um lugar aberto que vendesse pijamas ou qualquer coisa que pudessem usar como tal. Alicia decidiu que dormiria com suas roupas intimas e a regata que tinha usado por baixo da camisa cinza que havia vestido naquela manhã, não seria desconfortável porque ela estava com um top de malha confortável. Já sobre a roupa que Maia usaria, nenhuma das duas tinha pensado ou falado a respeito.
Por conta disso que a mais nova pediu que Alicia fosse ao banheiro primeiro, ela ainda estava pensando se conseguiria dormir com as roupas que havia usado durante o dia. Mas sabia que se sentiria muito desconfortável com o sutiã que possuía uma armação rígida e com a blusa de gola alta e justa que havia usado por baixo do casaco fino de algodão. A veterinária não demorou mais do que 20 minutos e logo estava saindo do banheiro com a toalha branca, com o nome do hotel, enrolada na cintura. Maia se adiantou com suas coisas para o banheiro encontrando lá dentro dois roupões brancos pendurados na porta e uma segunda toalha, igual a de Alicia, cuidadosamente dobrada sobre um suporte ao lado da pia onde estavam também duas toalhas de rosto.
Ela tomou seu banho tranquilamente, demorou bem mais do que a namorada. Enquanto esperava Alicia desligou as luzes do quarto, não sabia o quão confortável Maia se sentiria em um ambiente claro sem estar com um de seus pijamas de mangas compridas e calças. Apesar de tudo ela não pretendia forçar a namorada a enfrentar os receios que tinha com o próprio corpo assim. Por esse motivo ela também ligou a televisão e se deitou do seu lado habitual na cama. Cobriu-se até a metade do tronco já que o clima estava fresco e ficou quase 15 minutos procurando alguma coisa interessante para ver. Enquanto esperava ela viu um final de um jornal e depois achou um filme de animação já na metade em outro canal.
Já passava de meia hora que Maia havia entrado no banheiro quando ela finalmente saiu. Alicia viu a figura da namorada fechando a porta do banheiro e caminhando para dentro do quarto envolta num dos roupões brancos do hotel. Ela caminhou em frente a cama, passou em frente a TV e parou em frente ao pequeno guarda-roupas onde elas haviam deixado suas mochilas. Ela colocou as roupas que tinha nas mãos ali e depois virou seu olhar pelo quarto. Alicia já havia voltado seu olhar para o final do filme que parecia envolver um cachorro. Enquanto isso Maia terminou de olhar pelo quarto. Encostada na parede, logo abaixo da televisão e ao lado do pequeno frigobar, ficava uma pequena mesa com uma cadeira, sobre a mesa haviam dois copos e diversos doces, guloseimas e salgadinhos. Os olhos verdes pararam sobre o encosto da cadeira.
As botas de Alicia estavam embaixo da mesa, a calça jeans dobrada sobre o acento da cadeira e, sobre o encosto, a camisa cinza de mangas compridas que ela havia usado o dia todo estava pendurada. Maia caminhou de volta para perto da cadeira tocando com a ponta dos dedos o tecido da camisa, Alicia tentava prestar mais atenção ao filme fofo de animação do que a sua namorada, mais fofa ainda, se movendo pelo quarto. Mas foi impossível desviar o olhar quando Maia deu um passo atrás até estar próxima da cama levando as mãos para o laço que prendia o roupão fechado. A mão direita puxou uma das pontas desfazendo o nó. Alicia viu o tecido macio escorregar pelos ombros da namorada, mas não o notou cair parcialmente em cima da cama. Seus olhos estavam fixos nas costas nuas de Maia.
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Argentum [EM REVISÃO]
Lãng mạnAlicia Ferraz é uma simples veterinária, mas talvez não tão simples assim. Mora numa cidade pequena no interior do Rio Grande do Sul, deixou toda a vida que havia construído em Porto Alegre para voltar e cuidar dos pais. Quando o pai, também veterin...